
Durante a viagem, o chefe do Minist�rio P�blico n�o escondeu de pessoas pr�ximas o fato de estar "inconformado" com a atitude de Lula de dizer que colocaria "medo" nos procuradores da Lava-Jato.
As grava��es realizadas pela Pol�cia Federal com a autoriza��o do juiz S�rgio Moro t�m sido alvo de pol�mica. Aos assessores mais pr�ximos, Janot disse que vai tratar do assunto "de forma serena" e sem "cont�gios pol�ticos".
Na Europa, Janot j� foi questionado por colegas do velho continente sobre as intercepta��es feitas pela Lava-Jato e como se justificavam. A explica��o � de que as grava��es se referiam a "suspeitas de crimes".
O procurador-geral tamb�m deixou claro que nenhuma conversa de "cunho pessoal" havia sido incorporada no processo ou tornada p�blica. A pr�pria Dilma, em discurso na solenidade de posse de Lula como ministro da Casa Civil, criticou a atitude de Moro e o que costuma chamar de "vazamentos seletivos".
'Ingratid�o'
Numa das conversas gravadas, Lula se queixa de "ingratid�o" de Janot que, apesar de ter sido nomeado em 2013 e 2015 pelo governo Dilma Rousseff, n�o teria dado a mesma aten��o a suspeitas contra o senador tucano A�cio Neves (MG) como a dada pelo Minist�rio P�blico a integrantes do PT. "Essa � a gratid�o. Essa � a gratid�o dele por ele ser procurador", ironizou Lula ao advogado e ex-deputado pelo PT do Distrito Federal Luiz Carlos Sigmaringa Seixas, no dia 7 de mar�o.
Janot teria confessado a pessoas pr�ximas a ele que se sentiu "tra�do" pela forma como Lula agiu ao ironizar sua "gratid�o" e ao sugerir que os procuradores devem ser "amedrontados".
O procurador-geral tem elogiado o fato de que Dilma tenha respeitado a lista de nomes apresentados para a escolha do chefe da procuradoria-geral da Rep�blica - os governos do PT indicam ao cargo o mais votado pelos procuradores.
A insatisfa��o com as falas de Lula captadas pelos grampos da Lava Jato j� havia motivado uma declara��o p�blica de Janot em resposta � "gratid�o" devida pelo cargo. Na quinta-feira, o procurador-geral disse a jornalistas que "cargo p�blico n�o � presente" e que s� tem gratid�o � sua fam�lia.
'Rep�blica de Curitiba'
Em uma das grava��es captadas pela Lava Jato, em 28 de fevereiro, Lula disse que "se a nossa bancada tiver animada, ela pode fazer a diferen�a nesse processo com o Moro, com Lava Jato, com qualquer coisa", referindo-se a aliados no Congresso.
"Eu acho que eles t�m que ter em conta o seguinte, bicho, eles t�m que ter medo", disse. Lula tamb�m ataca a for�a-tarefa da Lava Jato. "Eu estou, sinceramente, estou assustado � com a rep�blica de Curitiba porque a partir de um juiz de primeira inst�ncia tudo pode acontecer nesse Pa�s", disse.
Janot afirmou a seus aliados que as amea�as e planos de Lula s�o "inaceit�veis". Foi por esse motivo que, para mandar um recado de volta e refor�ar o trabalho dos procuradores, Janot fez quest�o de falar com a imprensa na quinta-feira, 17, em Berna para dizer que "n�o temia ningu�m", que tem "couro grosso" e que "o combate � corrup��o continuar� firme e forte".
O que tamb�m surpreendeu Janot foi a atitude de menosprezo de Lula com a Justi�a. "N�s temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, um Superior Tribunal de Justi�a totalmente acovardado", disse o ex-presidente, num outro trecho de conversa com Dilma.