
Aparecida - Um dos mais importantes nomes da Igreja Cat�lica no Brasil, o cardeal d. Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida (SP), criticou nesse domingo, 27, a "crise �tica e moral" que permeia a pol�tica nacional e pregou a retomada do "verdadeiro valor intr�nseco" da palavra. "� a preocupa��o ao servi�o do bem comum de todos, e n�o a pol�tica de interesses pessoais".
O cardeal deu entrevista em uma sala reservada da sacristia, ap�s deixar o altar principal do Santu�rio Nacional de Aparecida, onde celebrou missa solene de P�scoa para aproximadamente 50 mil fi�is, na manh� de ontem.
D. Damasceno acredita que o sistema pol�tico do pa�s precisa de renova��o e que o di�logo seria a melhor sa�da para o governo e o Congresso Nacional enfrentarem a situa��o. "Um pa�s n�o pode viver permanentemente em crise."
Serenidade
Para d. Damasceno, o momento de tens�o exige um caminho de paz, "jamais um caminho de acirramento dos �nimos". Ao citar a "crise �tica e moral" que seria a raiz dos atuais problemas, o cardeal defendeu uma mudan�a de postura por parte da classe pol�tica.
"A pol�tica precisa ser reabilitada em nosso Pa�s, � preciso que ela retome seu verdadeiro valor intr�nseco, o verdadeiro valor da palavra pol�tica. � a preocupa��o a servi�o do bem comum de todos e n�o a pol�tica de interesses pessoais", afirmou.
Quando ocupou a presid�ncia da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de 2011 a 2015, o cardeal reuniu-se diversas vezes com a Presid�ncia da Rep�blica e defendeu a reforma pol�tica. Em seus �ltimos encontros, Dilma chegou a pedir que a igreja n�o apoiasse seu impeachment.
Ao manter o tom cr�tico que j� havia adotado na campanha pela reforma encabe�ada pela CNBB, d. Damasceno disse que a igreja est� � disposi��o da sociedade, mas n�o busca tomar o papel reservado aos representantes dos eleitores. "A igreja n�o quer assumir o protagonismo pol�tico. Isso n�o � papel da igreja, � para os pol�ticos", disse o cardeal.
Ap�s quase um ano de seu encontro com Dilma, em que o cardeal pediu � presidente que "n�o deixasse de ouvir o clamor das ruas", a atual situa��o, segundo o arcebispo, � bem diferente da observada naquele momento. "Estamos vendo que os problemas se acumularam", afirmou.