
Bras�lia – Legenda que ser� a maior beneficiada caso a presidente Dilma Rousseff sobreviva ao processo de impeachment, o PP resolveu, contrariando parte da bancada de deputados e senadores – que dever� votar a favor do impedimento da petista –, permanecer na base de apoio do governo, mas sem negociar cargos neste momento. As sinaliza��es, contudo, s�o tentadoras: Minist�rio da Sa�de; a manuten��o da Integra��o Nacional, acrescidos do Departamento Nacional de Obras contra a Seca; Companhia de Desenvolvimento do Vale do S�o Francisco (Codevasf) e diretorias do Banco do Nordeste.
O grande ganho atual ser� a presid�ncia da Caixa Econ�mica Federal. O banco administra o pagamento do Bolsa-Fam�lia, os subs�dios do Minha Casa, Minha Vida, os financiamentos imobili�rios e os recursos do FGTS. Tantos atrativos justificam a cautela do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), ap�s cancelar uma reuni�o de deputados e senadores para discutir os rumos da legenda. A Executiva do PP deve se encontrar no dia 12.
“N�s n�o vamos mais discutir rompimento com o governo at� a vota��o na C�mara”, disse Nogueira. O presidente reconheceu que, hoje, o partido est� dividido quanto ao apoio ao Planalto. Mas, de acordo com Nogueira, um levantamento interno mostrou que, de 57 votantes da Executiva do partido, mais de 40 queriam ficar.
Nogueira nega que a decis�o tenha a ver com a “repactua��o” do governo para acomodar aliados no minist�rio. “N�o vamos negociar nem assumir nenhum cargo at� a vota��o do impeachment”, desconversou. “N�o deixamos a menor margem para esse tipo de discuss�o”, afirmou.
Dos 49 deputados do PP, estima-se que Ciro Nogueira consiga manter fi�is ao Planalto, com certeza, entre 12 a 13. Outros 14 s�o renitentemente contr�rios ao governo, incluindo as alas ga�cha, catarinense, parte do diret�rio do Rio de Janeiro e alguns parlamentares da Regi�o Norte. No Rio, apesar da resist�ncia empedernida do deputado J�lio Lopes, existe uma preocupa��o de como o governador interino, Francisco Dornelles, conseguir� conduzir o estado diante das dificuldades financeiras. Ele assumiu ap�s a licen�a do governador Luiz Fernando Pez�o. “N�o vou negar que o partido tem uma grande parcela que vota pelo impeachment e tem que respeitar essas pessoas. Mas a orienta��o do seu presidente, do seu l�der, � estar ao lado da presidente nesse momento”, concluiu.
No Nordeste, �rea mais beneficiada pelos cargos em oferta, um cacique partid�rio admite ser dif�cil o apoio ao impeachment. “A gente anda pelo interior e o que mais ouve s�o os pedidos: ‘n�o abandone o Lula’”, disse um deputado, brincando que ningu�m pensa na presidente.
Comemora��o O ministro do gabinete pessoal de Dilma, Jaques Wagner, comemorou a decis�o do PP de continuar na base de apoio ao governo. Para Jaques, a perman�ncia do partido mostra que o desembarque do PMDB foi "frustrado", por n�o “puxar” a sa�da de outras legendas. O ministro disse que o PP deve ampliar seu espa�o no governo, assumindo novos minist�rios, mas n�o quis informar quais. Ele tamb�m afirmou que � normal, num governo de coaliz�o, que quando um partido sai da base, outros ocupem os espa�os deixados.
O ministro tamb�m falou sobre a proposta do senador Valdir Raupp (PMDB) de realiza��o de elei��es gerais em outubro. Para ele, a proposta � “menos agressiva” que o impeachment e mostra que o processo “caiu por terra”. “Olho para a proposta muito mais como uma tentativa daqueles que querem uma repactua��o nacional entenderem que definitivamente esse processo (de impeachment) j� caiu por terra, ele n�o representa a legalidade, legitimidade, nem nada”, disse.
Enquanto isso...
...Postos para atrair apoio
A presidente Dilma Rousseff est� utilizando os cargos de segundo e terceiro escal�es para atrair os partidos da base, como PTB, PP e Pros, e assim tentar apoio na vota��o do processo de impeachment. Desde a semana passada, o Di�rio Oficial da Uni�o publica uma dan�a de cadeira nesses escal�es, com a exonera��o de nomes ligados ao PMDB de Michel Temer e de Henrique Eduardo Alves – o �nico ministro do PMDB que pediu demiss�o e deixou o Turismo. Ontem, Dilma nomeou o ex-ministro do Turismo Gast�o Vieira para ser presidente do cobi�ado Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa��o (FNDE) no lugar de Ant�nio Idilvan de Lima Alencar. Gast�o estava no PMDB desde sua forma��o e era ministro de confian�a de Dilma, mas deixou o PMDB e assumiu o comando do Pros no Maranh�o.