A estrat�gia do governo � fidelizar apoios ou ao menos garantir absten��es na vota��o no plen�rio da C�mara de partidos m�dios e pequenos como PP, PROS, PDT e PTN, ou at� mesmo dentro do pr�prio PMDB - sigla do vice-presidente Michel Temer, cujos aliados trabalham para lev�-lo ao Pal�cio do Planalto tamb�m com a promessa de cargos. Mesmo com o contingenciamento no Or�amento que pro�be temporariamente o uso de parte dos recursos de investimento, os �rg�os de segundo escal�o t�m sido cobi�ados pelas siglas.
At� o momento, as legendas que mais perderam influ�ncia foram o PMDB e o PTB, do relator do impeachment na C�mara, o deputado Jovair Arantes (GO). As mudan�as no segundo escal�o devem ser intensificadas at� o dia 15 de abril, data em que come�ar� a ser votado no plen�rio da C�mara o pedido de abertura do impeachment contra Dilma.
Na minirreforma, o governo tem atuado para limar ou retirar dos cargos aliados de Temer e do ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, �nico dos sete ministros da legenda que respeitou a decis�o da dire��o partid�ria de entregar imediatamente os cargos que ocupavam no governo federal.
O governo retirou, por exemplo, uma diretoria da Conab e postos de escal�es inferiores no Minist�rio da Agricultura, todos eles ligados a Temer, cadeiras que ainda est�o vagas. Tamb�m preferiu privilegiar uma parte do PMDB da C�mara que ainda lhe pode render votos: retirou Vinicius Ren� Lummertz Silva do cargo de presidente do Embratur e colocou Gilson Lira. Com esse movimento o governo tira a influ�ncia dos cinco deputados da bancada peemedebista de Santa Catarina (favor�veis ao impeachment) e fica com um indeciso, um parlamentar da Para�ba: o deputado Veneziano � padrinho do presidente interino da Embratur, enquanto Lummertz � ligado aos catarinenses.
A c�pula do PP, sigla que j� ganhou a diretoria-geral do Dnocs e tenta, futuramente, assumir o Minist�rio da Sa�de, promete dar entre 25 e 30 votos de uma bancada de 51 deputados para manter a presidente no cargo. Contudo, o placar do impeachment publicado diariamente pelo jornal O Estado de S. Paulo aponta que 24 s�o declaradamente favor�veis ao afastamento de Dilma e apenas nove s�o contr�rios. Ainda que os oito indecisos e seis que n�o quiseram responder se pronunciem futuramente a favor da petista, ela n�o ter� o apoio prometido pelo PP.
A oposi��o protesta contra essas nomea��es do segundo escal�o, que considera ser um balc�o de neg�cios. No fim de mar�o, dois senadores pediram que a Procuradoria-Geral da Rep�blica investigue Dilma e o ministro do Gabinete Pessoal da Presid�ncia Jaques Wagner, por oferecerem cargos em troca de votos. Para o l�der do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), os deputados n�o v�o se vender por cargos em um governo que est� para cair por conta da press�o das ruas. "� um suic�dio", sentenciou.
Negocia��o
Para os governistas, a negocia��o tem dado certo. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), disse que ap�s a conven��o do PMDB ocorreu um movimento inverso ao da esperada debandada. "As negocia��es est�o se intensificando com v�rios partidos da base, acho que hoje o impeachment est� mais longe", avaliou. "O governo est� com todas as condi��es de construir uma maioria em torno de 200 votos na C�mara."
Al�m da negocia��o de cargos que controlam somas expressivas de dinheiro, est�o em jogo postos sem atrativos financeiros e que envolvem outros interesses, a exemplo da influ�ncia de diretorias em ag�ncias reguladoras.
A presidente Dilma indicou, por exemplo, o ex-senador Luiz Ot�vio para a dire��o-geral da Ag�ncia Nacional de Transportes Aquavi�rios (Antaq) para agradar o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e pai do ministro dos Portos, H�lder Barbalho. Na bancada peemedebista do Par�, dos tr�s deputados, dois se mostram indecisos e um n�o declarou posi��o, conforme levantamento do Estado.