Na condi��o de vice-presidente da Comiss�o Parlamentar Mista de Inqu�rito (CPMI) da Petrobras no Congresso, o pol�tico exigiu propinas para livrar duas grandes empreiteiras, a OAS e a UTC Engenharia, das investiga��es da Comiss�o Mista. As duas empresas integraram o cartel instalado na Petrobras entre 2004 e 2014 para fraudar licita��es bilion�rias.
"Estamos diante de um caso de corrup��o ao quadrado, corrup��o qualificada. O caso revela grave atentado � Rep�blica. O ex-senador obstru�a as investiga��es das CPIs", disse o procurador.
A investiga��o, segundo Ribeiro Costa, mostrou que o ent�o senador cobrou propinas em forma de doa��es para os partidos da Coliga��o Uni�o e For�a nas elei��es de 2014. A UTC repassou R$ 5 milh�es. A OAS repassou outros R$ 350 mil - valor destinado � Par�quia S�o Pedro, de Taguatinga, frequentada pelo pol�tico.
Em troca das "doa��es", Gim Argello poupou as empreiteiras, livrando-as da convoca��o perante a CPMI da Petrobras. As negocia��es e os pagamentos se deram ap�s a deflagra��o da fase ostensiva da Opera��o Lava Jato, em mar�o de 2014.
"Nesse momento n�o h� indica��o de que Gim Argello tenha agido em conluio ou sob ordens de quem quer que seja, especialmente dentro dos partidos pol�ticos", afirmou o procurador regional da Rep�blica Carlos Fernando dos Santos Lima.
O procurador � taxativo. "A corrup��o n�o � partid�ria, ela � decorrente do nosso sistema pol�tico. H� partidos da oposi��o nessa coliga��o. Estamos diante de corrup��o para financiamento de campanhas pol�ticas. � isso que a Lava Jato pretende revelar mesmo diante das suas limita��es naturais."
Para ilustrar a afirma��o de que a corrup��o n�o tem partido, o procurador citou o caso do ex-senador S�rgio Guerra (PSDB/PE), morto em 2014, que teria exigido R$ 10 milh�es para esvaziar uma das CPIS da Petrobras.
A Coliga��o Uni�o e For�a, destinat�ria dos R$ 5 milh�es que Gim Argello tomou das empreiteiras, era formada por DEM, PR, PMN e PRTB. "N�o h� ind�cios de que os partidos tinham conhecimento da origem il�cita desse valor", ressalvou o procurador da Rep�blica Athayde Ribeiro da Costa.
Ribeiro da Costa defendeu a preserva��o de mecanismos legais para combater crimes do colarinho branco e corrup��o como as t�cnicas especiais de investiga��es - colabora��o premiada e intercepta��o telem�tica.
Esses expedientes s�o alvo de projetos no Congresso. "� importante que n�o haja retrocesso, que n�o avancem projetos que buscam inibir a colabora��o de pessoas. Restringir o uso de colabora��o � lutar por impunidade, tornando-a uma regra. Temos que avan�ar no combate a esse tipo de projeto de lei que n�o tem interesses republicanos", disse.