Os deputados federais continuam a discuss�o sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A sess�o, que come�ou na tarde dessa sexta-feira, continuou pela madrugada e segue na manh� deste s�bado. A Vota��o para decidir se o processo de afastamento segue em frente ou � arquivado est� prevista para acontecer no domingo.
Deputados do PCdoB aproveitaram o per�odo de uma hora reservado ao partido, na sess�o de debates sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, para atacar o vice-presidente Michel Temer e o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os deputados comunistas come�aram a falar pouco antes das cinco horas, em um plen�rio quase vazio. "A atividade da C�mara na madrugada � simb�lica da a��o do presidente Eduardo Cunha, que na calada da noite tenta dar um golpe para tirar a presidente da Rep�blica do governo", disse o deputado Orlando Silva (SP).
Rubens Pereira Junior (MA) foi interrompido pelo peemedebista Darc�sio Perondi (RS), favor�vel ao impeachment, quando lembrou o movimento das Diretas J�, entre 1983 e 1984. "Era bem diferente", gritou Perondi do fundo do plen�rio. "Naquela �poca havia uma ditadura, agora estamos em plena democracia", disse o deputado ga�cho. Os governistas protestaram e Perondi se calou.
Pereira Junior comparou Temer e Cunha ao casal Frank e Claire Underwood, protagonista da s�rie americana House of Cards. Na fic��o, Frank e Claire s�o pol�ticos inescrupulosos capazes de tudo para chegar e se manter no poder. "Frank Underwood e Claire, n�o sei quem � quem, se Michel Temer ou Eduardo Cunha", provocou o deputado do PCdoB maranhense. A deputada Jandira Feghali (RJ), dirigindo-se deputados da oposi��o, duvidou da contabilidade que aponta aprova��o do impeachment na C�mara, com envio do processo no Senado. "Temos certeza absoluta de que voc�s n�o t�m dois ter�os dos votos (m�nimo necess�rio para aprovar a continuidade do processo)", discursou a comunista. Os oposicionistas n�o responderam e continuaram a conversar.
Pr�-impeachment tenta diminuir tempo
Os deputados Jovair Arantes (PTB-GO) e Carmem Zanotto (PPS-SC) passaram a madrugada deste s�bado tentando abreviar a sess�o de debates que precede a vota��o sobre a admissibilidade do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff na C�mara. A sess�o come�ou �s 8h55 de sexta-feira e segue ininterruptamente. O objetivo dos oposicionistas era garantir que a vota��o tenha in�cio na tarde do domingo. Pelo tr�mite que est� sendo observado, os deputados come�ariam a anunciar seus votos por volta das 2h da segunda-feira.
Arantes elaborou um roteiro em que somava o tempo de uma hora reservado a cada um dos 25 partidos com representa��o da Casa, mais as duas horas em cada uma das 12 sess�es extraordin�rias reservadas � fala dos l�deres e os tr�s minutos para cada um dos 249 inscritos. Somou isso os 25 minutos reservados � fala do relator e os 3 minutos estimados para a orienta��o das bancadas de cada um dos 25 partidos. "Isso daria 41 horas", disse.
Com o roteiro nas m�os, Arantes e Zanotto abordaram lideran�as dos partidos com posicionamento pr�-impeachment para propor que eles abdicassem de parte do tempo a que t�m direito. Ao menos oito legendas (PRB, PTB, SD, PTN, PSC, PPS, PHS e PROS) abriram m�o de 20 minutos da uma hora a que tinham direito para discursos. "S� com isso conseguiremos reduzir 2 horas e 40 minutos", disse Arantes.
Tamb�m foi costurado um acordo para diminuir o n�mero de l�deres que v�o se manifestar a cada sess�o. "Propusemos que aqueles que tinham direito a dez minutos, que reduzissem para seis. Quem tem seis minutos, que falasse por tr�s. Assim, reduzir�amos mais duas horas", afirmou o parlamentar. Relator do parecer pela admissibilidade do processo de impeachment, Arantes disse que ir� abreviar sua fala.
A realiza��o da vota��o no domingo interessa ao deputados pr�-impeachment porque o hor�rio permite uma maior audi�ncia e, consequentemente, significa mais press�o sobre os ombros dos parlamentares. A proposta, no entanto, esbarra na avidez dos parlamentares por discursar na sess�o hist�rica que avalia a abertura do segundo processo de impeachment de um presidente ap�s a redemocratiza��o do Pa�s.
Nem no PSDB os parlamentares quiseram abrir m�o do tempo integral das falas, o que gerou discuss�es acaloradas. Eram tantos deputados querendo falar que os tucanos tiveram de fazer um sorteio. "Vamos tentar convencer os deputados, mas � dif�cil porque todo mundo quer falar", disse o deputado Ant�nio Imbassahy (BA), l�der do PSDB - um dos partidos mais atuantes pela aprova��o do impeachment.
Ao longo a noite, os deputados se revezaram em discursos contundentes, apesar da baixa audi�ncia. �s 4h29, os deputados do PCdoB chegaram juntos ao plen�rio da C�mara e ficaram sabendo da movimenta��o da oposi��o. Os comunistas comentaram que Arantes marcou uma reuni�o para as 10h para fazer um apelo sobre a redu��o do tempo de fala. "Quando os advers�rios fazem qualquer movimento, n�s fazemos o movimento contr�rio", disse o deputado Orlando Silva (PCdoB), um dos vice-l�deres do governo.
Para a base governista, o cen�rio ideal � que os discursos se prolonguem ao m�ximo, pois prejudicaria a transmiss�o ao vivo na TV, esfriaria o �nimo dos manifestantes e ampliaria a possibilidade de aus�ncias, que interessam ao governo.