
O principal objetivo dos aliados de Cunha � evitar a cassa��o do mandato dele. Para isso, contam com a ajuda do vice. Exigem que Temer n�o fa�a qualquer tipo de interfer�ncia no processo que tramita no Conselho de �tica. Esperam, sobretudo, que ele n�o d� nenhuma declara��o desfavor�vel ao presidente da C�mara.
Segundo aliados de Cunha, sempre que Temer for questionado sobre o assunto, dever� dar uma resposta padr�o: "Trata-se de um assunto interno da C�mara". Por ora, n�o h� atritos entre Cunha e Temer. Muito pelo contr�rio. Os dois se falam por telefone diariamente e, pelo menos uma vez por semana, almo�am ou jantam juntos.
O presidente da C�mara ainda n�o tem nenhuma queixa contra o correligion�rio. E confia no vice. No entanto, conforme O Estado de S. Paulo apurou, aliados de Cunha recomendaram que ele tivesse "uma carta na manga" para pressionar Temer caso seja necess�rio. Um dos defensores da ideia � o deputado Paulinho da For�a (SD-SP).
A ideia surgiu h� duas semanas, mais especificamente quando Cunha discutiu com seus aliados a necessidade de pressionar do plen�rio do Supremo Tribunal Federal (STF) a reverter a obrigatoriedade de instala��o de uma comiss�o especial para o impeachment de Temer.
A decis�o liminar (provis�ria) foi concedida pelo ministro do STF Marco Aur�lio Mello. No dia 5 de abril, ele aceitou um mandado de seguran�a apresentado pelo advogado Mariel Marley Marra, de Minas Gerais, que questionara o arquivamento do pedido de impeachment contra Michel Temer.
Em dezembro passado, Cunha havia arquivado o pedido de afastamento contra o vice. Temer � acusado de ter assinado, como presidente em exerc�cio, decretos suplementares ao Or�amento - um dos motivos que justificaram a acusa��o de crime de responsabilidade contra Dilma Rousseff.
Ao analisar o caso, o presidente da C�mara concluiu que os decretos de Temer foram assinados antes da revis�o da meta de julho de 2015 e os de Dilma, depois. Por esse motivo, ele concluiu que a presidente teria cometido crime de responsabilidade e o vice, n�o.
Para Marco Aur�lio, o presidente da C�mara n�o deveria ter se manifestado sobre o m�rito do caso, apenas sobre seus aspectos formais, por isso determinou que Cunha instalasse a comiss�o para analisar o impeachment. A decis�o do ministro do STF deixou Cunha enfurecido. Imediatamente, ele resolveu recorrer � Suprema Corte. Contudo, nas �ltimas semanas, n�o insistiu no caso, depois que foi alertado por aliados que um pedido de impeachment contra Temer poderia ser usado para pressionar o vice.
Cunha e Temer atuaram juntos nas estrat�gias de aprovar o impeachment de Dilma. O presidente da C�mara cuidou da forma��o da c�pula da comiss�o especial at� a conquista dos apoios dos partidos na reta final da vota��o em plen�rio. Ao lado de Cunha, teve atua��o expressiva o deputado Andr� Moura (PSC-SE).
J� pelo lado de Temer, a miss�o ficou com o ex-ministro Eliseu Padilha, um de seus aliados mais pr�ximos. No dia da vota��o do impeachment, os dois visitaram as lideran�as dos partidos juntos numa demonstra��o clara de parceria.