(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Dilma ataca Temer e afirma que derrota na C�mara foi "in�cio da luta"

Presidente se diz injusti�ada e acusa companheiro de governo de conspirar abertamente contra ela. Nos bastidores, vice articula apoios para a forma��o de um eventual governo


postado em 19/04/2016 06:00 / atualizado em 19/04/2016 08:38

No dia seguinte � aceita��o do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) pelos deputados federais, a petista saiu da defensiva e levou aos holofotes a guerra de bastidores que vem travando com o seu vice Michel Temer (PMDB-SP) e com o presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Dilma chamou o companheiro de governo de “conspirador” e afirmou que o processo contra ela foi conduzido por algu�m que j� deveria ter sido afastado do cargo por suas ilegalidades. Do outro lado, Temer foi a S�o Paulo onde se reuniu com ex-ministros para tratar dos pr�ximos passos da articula��o para o afastamento da petista

Ao falar pela primeira vez depois da derrota na C�mara, que aprovou a admissibilidade do impeachment com 367 votos, 25 a mais que o necess�rio, Dilma afirmou que est� apenas “no in�cio da luta”, e n�o no fim de seu mandato, e que est�o “torturando” seus sonhos e direitos, momento no qual embargou a voz. “N�o � o come�o do fim, estamos no in�cio da luta e ela ser� longa e demorada.” Disse se sentir injusti�ada. “� estarrecedor que um vice-presidente no exerc�cio do mandato conspire contra a presidente abertamente. Em nenhuma democracia do mundo uma pessoa que fizesse isso seria respeitada, porque a sociedade humana n�o gosta de traidores”, afirmou. A petista tamb�m se referiu ao fato de Eduardo Cunha ser r�u na Lava-Jato e possuir contas n�o declaradas no exterior. “Me sinto injusti�ada porque aqueles que praticaram il�citos, que t�m conta no exterior, presidem uma sess�o que trata de uma quest�o t�o grave, que � o impedimento de uma presidente”, disse.

Dilma disse ter assistido todas as interven��es dos deputados que votaram contra ela e ressaltou que nenhum deles usou como argumento o crime de responsabilidade, que seria raz�o para o seu impedimento. A presidente insistiu que n�o cometeu il�cito nem se beneficiou de recursos p�blicos e alegou que seus atos administrativos foram baseados em pareceres t�cnicos e avalia��es jur�dicas. “Saio com a consci�ncia tranquila de que esses atos que pratiquei, n�o os fiz ilegalmente, n�o s�o baseados em nenhuma ilegalidade. E tenho certeza que todos sabem que � assim”, afirmou.

Em uma esp�cie de desabafo, Dilma disse ter sido injusti�ada ainda porque em 15 meses n�o lhe permitiram governar com um clima de estabilidade pol�tica. Segundo a presidente, somente cinco das chamadas pautas-bomba deram um preju�zo de R$ 140 bilh�es para o governo. Dilma diz que h� ainda projetos, como o em curso de decreto legislativo que passa a corre��o da d�vida dos estados para juros simples, provocando “um rombo no pa�s de R$ 300 bilh�es”.

A presidente disse se sentir torturada em seus direitos, mas que ainda � melhor do que o que passou na ditadura, e voltou a defender a democracia. “H� uma viol�ncia no Brasil contra a verdade, a democracia e o estado democr�tico de direito”. Para ela, � ruim que o mundo veja um processo ocorrendo em uma jovem democracia com essa “baixa qualidade” e h� muito o que temer pelo cidad�o. “Se � poss�vel condenar uma presidente sem que ela tenha qualquer culpabilidade, o que � poss�vel fazer com o cidad�o que todos n�s somos quando n�o somos presidentes?”, questionou.

Dilma se reuniu com o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) assim que ele recebeu o pedido de impeachment que tramita contra ela das m�os de Eduardo Cunha. Segundo ela, a conversa foi apenas para esclarecer como ser� a tramita��o. Pela manh�, deputados governistas se reuniram com a presidente no Pal�cio do Planalto e, ao deixar o encontro, disseram que ela est� otimista e confiante na vota��o no Senado. “Ela est� animada e, solid�ria, agradeceu muito a nossa honradez e os votos que demos. E dissemos a ela: ‘Estamos com a senhora, como se diz no Nordeste, at� debaixo d’�gua’”, afirmou o l�der do governo na C�mara, Jos� Guimar�es (PT). Dilma confirmou que ministros que votaram contra ela no impeachment, como o mineiro Mauro Lopes (PMDB), n�o voltar�o a ocupar cargos em seu governo.

CARTA DE INTEN��ES Temer, que nos bastidores j� trabalha para formar seu pr�prio minist�rio, recebeu em seu escrit�rio pol�tico em S�o Paulo o ex-ministro da Avia��o Civil e companheiro de PMDB Moreira Franco e o jornalista Thomas Traumann, que foi porta-voz e chefe da Secretaria de Comunica��o Social no governo Dilma. Moreira Franco disse que era apenas uma conversa e que Temer tem no��o do tamanho do desafio de poder assumir a Presid�ncia da Rep�blica.

Questionado se o vice-presidente j� estaria pensando em uma equipe econ�mica para o seu futuro governo, respondeu: “� claro”. “N�o s� ele, mas o Brasil inteiro, todo mundo desesperado em busca de uma alternativa”, disse. “Na realidade, como tenho dito, o problema maior da sociedade brasileira hoje � a economia, o segundo problema � a economia, o terceiro problema � a economia. � absolutamente intoler�vel que tenhamos 284 brasileiros perdendo o emprego por hora”, afirmou.

Um interlocutor do vice informou que, se for vencida a etapa do impeachment, uma das primeiras medidas ser� a divulga��o de um documento na sequ�ncia das propostas do PMDB que constam do texto “Uma ponte para o futuro”, elaborado pelo partido. A ideia � reafirmar a preserva��o dos programas sociais. Ainda na entrevista de ontem, Dilma voltou a falar no risco de extin��o dos benef�cios aos brasileiros e afirmou que um governo que n�o � eleito pelo voto popular n�o tem legitimidade.

A divulga��o por Temer de uma esp�cie de carta de inten��es seria um gesto de aproxima��o com os apoiadores da presidente Dilma. O documento elaborado por uma equipe de 18 pessoas � parte de um plano de constru��o de uma ampla alian�a pol�tica que lhe garanta a governabilidade. Articuladores pr�ximos ao vice-presidente informam que a ideia � dosar medidas impopulares com sinaliza��es para a popula��o. N�o deve ser colocada em vota��o logo de in�cio uma reforma da Previd�ncia, embora ela fa�a parte das propostas de Michel Temer. A avalia��o � de que isso n�o contribuiria para pacificar as ruas.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)