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Estado de Minas

Possibilidade de Marcela Temer assumir como primeira-dama paralisa a cidade de Paul�nia

Terra natal da esposa do vice-presidente se divide entre a excita��o de ter uma 'famosa' local e o t�dio do discurso de mulher irretoc�vel e perfeita, provocado por um perfil de Marcela publicado na revista Veja


postado em 24/04/2016 09:49 / atualizado em 24/04/2016 10:14

(foto: REUTERS/Ricardo Moraes)
(foto: REUTERS/Ricardo Moraes)
Paul�nia (SP), 24 - Um Camaro amarelo circula pelo centro de Paul�nia, no interior de S�o Paulo, anunciando a chegada do circo. Entre outras maravilhas, o locutor promete o incr�vel e inigual�vel n�mero do globo da morte e um duelo espacial entre o Batman e o Homem-Aranha. Apesar do esfor�o de marketing, a popula��o local parece pouco interessada.

A cidade anda mesmo concentrada em outro espet�culo: a possibilidade de uma leg�tima paulinense se tornar a primeira-dama do pa�s.

Se o burburinho em torno de Marcela Temer j� era uma constante desde 2011, quando ela apareceu ao lado de Michel Temer na posse da presidente Dilma Rousseff, a possibilidade de o c�njuge assumir o cargo m�ximo da Rep�blica e um perfil publicado na revista Veja, em que ela foi definida como “bela, recatada e do lar”, fizeram a fervura transbordar e impactar toda a regi�o.

Mas, alto l�. Antes de qualquer intromiss�o na vida alheia � preciso olhar para Paul�nia. Embora quase que um ap�ndice de Campinas (at� 1964 era parte dela), a cidade n�o se deixou obscurecer.

Tem o maior polo petroqu�mico da Am�rica Latina, o s�timo maior PIB per capita do pa�s e j� foi chamada de Hollywood brasileira (t�tulo amea�ado com a suspens�o, no ano passado, de um importante Festival de Cinema). Agora, apesar da import�ncia econ�mica da cidade, a alma caipira ainda resiste no modus operandi da pol�tica local e nas rela��es interpessoais.

Recatos � parte, a possibilidade de Marcela Temer tornar-se uma figura de relev�ncia nacional j� agu�a a sensibilidade de quem vive do com�rcio. Um dos grandes empres�rios locais, Francisco Ant�nio Vieira, 62 anos, conhecido na cidade como Chiquinho dos Pisos, conta que precisa ligar para o tio de Marcela para saber se o casal pretende construir alguma “mans�o” na cidade. Em caso positivo, Chiquinho gostaria de ser o respons�vel, claro, pela coloca��o dos pisos e azulejos.

Miss

Amigo da fam�lia, Chiquinho reconhece que o seu relacionamento com os parentes de Marcela teria sofrido um pequeno abalo em 2011 - quando deu entrevistas em que fazia coment�rios jocosos sobre a diferen�a de idade entre Temer, 75, e Marcela, 32. “Eu n�o falei na maldade, foi com humor. O problema � que saiu no jornal e causou a maior confus�o.”

Sobre a personalidade de Marcela, Chiquinho d� uma pista. “Minha filha concorreu com ela no t�o falado concurso de miss aqui de Paul�nia, em 2002. Marcela ficou em segundo e, pelo que sei, n�o gostou do resultado. Nem queria receber o pr�mio de vice”, diz Chiquinho. Para ele, Marcela tem (ou tinha) como caracter�stica a competitividade.

Foi Chiquinho quem ligou para a Associa��o Comercial de Paul�nia atr�s do contato de Geraldo Ara�jo, tio de Marcela. “Eu achei que ele ainda era o presidente da Associa��o”, fala. N�o � mais.

Ainda assim, ele consegue o telefone com a secret�ria e repassa � reportagem. Ara�jo n�o faz nenhuma obje��o � entrevista e ainda sugere uma padaria do centro como ponto de encontro.

Para tristeza de Chiquinho, Ara�jo, que atualmente trabalha como assessor parlamentar de um vereador do PRTB, nega que o casal pretenda construir qualquer im�vel na cidade. Com autoridade e desenvoltura, ele tamb�m pronuncia-se em rela��o ao futuro pol�tico da sobrinha e da fam�lia. “N�s estamos aguardando o desenrolar dos acontecimentos, mas de uma forma calma e respeitosa. Temos muito respeito pela presidente que ainda est� no cargo, que foi eleita. Ainda temos que aguardar o resultado no Senado”, diz.

O discurso conciliador trouxe � tona uma lenda que corre em Paul�nia, de que o pai de Marcela, o economista Carlos Ant�nio Ara�jo, teria sido filiado ao PT. “Sim, de fato, h� muito tempo, l� atr�s mesmo, meu irm�o foi do PT.”

Apesar da precau��o com as palavras, Ara�jo consegue imaginar a sobrinha como uma primeira-dama voltada para o social. “Ela n�o vai esquecer suas ra�zes, � de uma fam�lia de classe m�dia, que trabalhou muito. Sei que ela tem sensibilidade social”, revela o tio.

Origem


Marcela e Temer, ent�o candidato a deputado federal, se conheceram em Paul�nia, durante o churrasco de lan�amento da candidatura de um correligion�rio do peemedebista. O evento foi organizado por um empres�rio, Paulo Berenguel, que tamb�m era o dono de um jornal local, O Momento. Foi ele quem deu o primeiro emprego a Marcela. “Depois do concurso de miss, ela trabalhou como recepcionista para o jornal. Ganhava um sal�rio m�nimo e trabalhava meio per�odo. Era s�ria e respons�vel.”

O perfil publicado pela revista Veja explodiu nas redes sociais e fez com que muitas mulheres postassem fotos ironizando o t�tulo “bela, recatada e do lar”. Mais do que isso, despertou um debate sobre o conte�do e machismo que a figura de uma primeira-dama pode despertar.

Abria Meira, estudante da Unicamp e membro do coletivo feminista Juntas, que tamb�m atua na regi�o de Campinas e Paul�nia, afirmou que a pol�mica em torno da figura de Marcela “s� refor�a o papel que a sociedade machista e a m�dia reservam para a mulher”. Para ela, a ideia de uma primeira-dama seria a de “uma mulher acess�rio, uma mulher que est� sempre perto para servir e ser uma coadjuvante na vida do marido e na pol�tica”.

Em Paul�nia, os jovens se dividem entre a excita��o de ter uma “famosa” local e o t�dio do discurso de mulher irretoc�vel e perfeita. “Acho que isso tudo pode trazer coisas boas para a cidade. Acho tamb�m que uma primeira-dama pode puxar o governo para quest�es voltadas ao social”, fala a estudante Jennifer Miranda, 25 anos. “Pode ser bonita, pode ser do lar, mas a coisa do recato pegou mal. Quem � recatada ou recatado? Isso n�o existe”, disse Elisana Vieira Rios, 16 anos.

Ao ouvir o discurso da amiga, Alef Bonatti, 17 anos, pergunta com candura: “O que � recato”? Na mesa, todos riem. Mas ningu�m sabe a resposta.

Educa��o

O curr�culo escolar pode ser uma pista do que pensa a personagem da semana. Na escola estadual Porphyrio da Paz, a reportagem � recebida por uma funcion�ria que diz n�o concordar “com essa palha�ada que est� acontecendo no Pa�s”. Segundo ela, Marcela teria sido “uma aluna igual �s outras”. O hist�rico escolar ficou nas m�os de outra funcion�ria do col�gio que, sem nos dar acesso ao documento, afirmou que as notas da menina “at� que eram boas”.

Uma ex-colega de escola poderia trazer novos elementos que contasse mais sobre Marcela. Daniela Motta Vieira, 30 anos, revelou que Marcela, de fato, sempre foi muito reservada e que tinha poucas amigas. “Nunca foi de se enturmar com ningu�m, n�o sa�a, n�o ia para as festas.”

Em S�o Paulo, a Faculdade Aut�noma de Direito (Fadisp) segue a mesma linha da escola secund�ria de Marcela. N�o d� muitos detalhes sobre sua carreira acad�mica. Apenas afirma que ela era uma aluna frequente e com boas avalia��es. Segundo a institui��o, o Trabalho de Conclus�o de Curso de Marcela foi sobre “A Fertiliza��o In Vitro no Direito Brasileiro”.

Se a escola n�o ajuda, quem sabe o tatuador de Marcela revelaria algo a mais, algo que ela tenha confessado durante a sess�o em que marcou o nome do marido na pr�pria nuca - sess�o acompanhada pelo pr�prio Michel Temer, no est�dio em S�o Paulo.

“Olha, n�o tenho nada para revelar, acho que talvez s� o fato de ela demonstrar a vontade de fazer uma segunda tatuagem. Ali�s, pode vir fazer comigo”, comenta Paulo Tattoo, mostrando que n�o � s� em Paul�nia que est�o de olho no business que uma primeira-dama pode gerar.


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