Para Lula, Dilma deve denunciar o "golpe" em todos os seus discursos. A ordem � para que o PT e os movimentos sociais n�o deem tr�gua ao vice-presidente Michel Temer (PMDB). O ex-presidente vai conversar nesta ter�a-feira, 26, com senadores do PT, a fim de tra�ar o roteiro da ofensiva. Ele tamb�m ter� um encontro, nos pr�ximos dias, com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Apesar de manterem o discurso oficial de que � poss�vel virar o jogo do impeachment, parlamentares do PT e de partidos da base aliada do governo d�o como certa a aprova��o do afastamento de Dilma na primeira vota��o, no plen�rio do Senado, prevista para o dia 15 de maio. Se este cen�rio for confirmado, a presidente ser� obrigada a se afastar por at� 180 dias.
Dilma j� admite, nos bastidores, a possibilidade de defender a proposta que prev� a convoca��o de elei��es presidenciais para encurtar em dois anos o seu mandato, mas ainda avalia o melhor momento de assumir a estrat�gia. Ministros pr�ximos a Dilma, no entanto, afirmam que isso j� � "fato consumado" porque ela n�o ter� governabilidade com o Pa�s dividido, mesmo se n�o sofrer impeachment no julgamento final do Senado.
Pelo cronograma tra�ado em gabinetes do Planalto, o envio da proposta de emenda constitucional (PEC) ao Congresso, sugerindo elei��es presidenciais em outubro - m�s das disputas pelas Prefeituras -, ocorreria justamente no per�odo do prov�vel afastamento de Dilma.
A PEC precisa ser votada em dois turnos em cada Casa do Congresso e s� � aprovada se obtiver tr�s quintos dos votos dos deputados (308) e dos senadores (49).
Na avalia��o de Lula, se a presidente for mesmo afastada, a chance de ela retornar ao Planalto � remota. Mesmo assim, a estrat�gia consiste em infernizar a vida de Temer durante o prov�vel "ex�lio" de Dilma, para expor as "fragilidades" do peemedebista e montar uma esp�cie de "governo paralelo", em oposi��o ao novo ocupante do Planalto.
"Se Temer assumir, ele n�o dura tr�s meses no cargo porque n�o aceitaremos isso. Haver� protestos em todo o Pa�s", insistiu o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). "N�s n�o imaginamos que o PT queira exercitar a sua capacidade de fazer oposi��o fora da luta pol�tica convencional", provocou o ex-ministro Eliseu Padilha (PMDB), aliado de Temer.