Curitiba e S�o Paulo, 08 - Com base no mesmo roteiro adotado para investigar a arrecada��o pol�tica e partid�ria do PP e do PT, a for�a-tarefa da Opera��o Lava-Jato trabalha para ampliar as provas de repasses a pol�ticos do PMDB a partir dos dados de contas e offshores de operadores de propinas. A investida sobre os peemedebistas coincide com a prov�vel chegada ao Pal�cio do Planalto de Michel Temer, vice-presidente da Rep�blica e presidente de honra do PMDB.
Em conversas reservadas e apura��es sigilosas, autoridades ligadas � Lava-Jato indicam que a for�a-tarefa est� pr�xima de revelar dados e transa��es capazes de produzir impacto direto no chamado n�cleo pol�tico, sustentado pelos supostos operadores de propina do PMDB no esquema de corrup��o e desvios na Petrobras: Fernando Soares, o Fernando Baiano, e Jo�o Henriques.
Com isso, est�o na mira o presidente do partido, senador Romero Juc� (RR), o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o presidente afastado da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), o ex-ministro e senador Edison Lob�o (MA) e o senador Valdir Raupp (RO).
Para a Lava-Jato, o PMDB, a exemplo de PT e PP, empregou uma sistem�tica para arrecadar propina e lavar dinheiro no exterior com foco em contratos de plataformas, po�os de petr�leo, neg�cios com multinacionais estrangeiras, aquisi��es e vendas de refinarias fora do Pa�s, como Pasadena (EUA).
Por meio da an�lise das mesmas offshores e contas usadas por Jo�o Henriques e Fernando Baiano para transferir propina aos ent�o diretores da Petrobras, procuradores da for�a-tarefa est�o no caminho de novas provas do envolvimento e o recebimento de valores por pol�ticos do PMDB.
Navios-sonda
Fernando Baiano e Jo�o Henriques teriam pagado propinas em um pacote de quatro contratos de navios-sonda, usados para explora��o de petr�leo em alto-mar. Os benefici�rios na estatal foram dois ex-diretores da �rea Internacional, Nestor Cerver� e Jorge Zelada, sustentados politicamente nos cargos, segundo a for�a-tarefa da Lava-Jato, pelo PMDB.
“Jo�o Henriques teria operado a propina do navio-sonda Titanium Explorer por interm�dio de um contrato de agenciamento internacional. Assim, a documenta��o apreendida corrobora a tese no sentido de que o acusado utilizou de empresas offshores para intermedia��o de propina em favor do PMDB mediante desvios da diretoria internacional da Petrobras”, diz a Procuradoria em processo contra Zelada e Henriques.
Jo�o Henriques � uma figura central nessa apura��o. O operador chegou a ser preso no ano passado e denunciado por corrup��o. S� nesta a��o penal, ele � acusado pelo acerto de US$ 31 milh�es em propinas em neg�cio da Diretoria Internacional da Petrobras, em 2009, ent�o sob comando de Zelada. “Parte desse valor, US$ 10,8 milh�es, teria sido repassada para o PMDB”, diz a Procuradoria.
A for�a-tarefa considera ter elementos para apontar que Jo�o Henriques tenha distribu�do propina em projetos de gasodutos na bacia de Santos, na compra de Pasadena, na venda Refinaria San Lorenzo, na Argentina, al�m de outras obras como a reforma do Centro de Pesquisas da Petrobr�s (Cenpes), no Rio. A quebra de sigilo de uma de suas empresas mostrou que Henriques recebeu comiss�es milion�rias na maior parte desses projetos.
Frentes
A Lava-Jato tem outras duas frentes de investiga��o que atingem o PMDB: a corrup��o revelada pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa na Transpetro, subsidi�ria da estatal, e as investiga��es do setor el�trico, como as obras de Belo Monte. No caso da Transpetro, o maior risco � para o presidente do Senado, Renan Calheiros, padrinho do ex-presidente S�rgio Machado, que comandou a subsidi�ria durante os governos Lula e Dilma.
Costa revelou ter entregue R$ 500 mil a Machado, por propina referente ao afretamento de navios. No caso do setor el�trico, o executivo Ot�vio Azevedo, da Andrade Gutierrez, confessou que houve pagamento de propina de cerca de R$ 150 milh�es na obra, divididos pela metade entre PMDB e PT.
