Bras�lia, 12 - O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), usou conta banc�ria movimentada por um de seus assessores mais pr�ximos para receber propina de uma montadora de ve�culos. A informa��o consta de den�ncia apresentada pela Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) contra o petista, na qual imputa a ele os crimes de corrup��o passiva e lavagem de dinheiro.
Pimentel � acusado de pedir e receber suborno de R$ 2 milh�es para favorecer a CAOA, fabricante de ve�culos Hyundai, no Minist�rio do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior, pasta que ele comandou de 2011 a 2014. Os valores teriam sido repassados a ele em troca da edi��o de portarias que concederam benef�cios fiscais � ind�stria automotiva. O caso, investigado na Opera��o Acr�nimo, foi divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo em outubro do ano passado.
Conforme a den�ncia, a CAOA fazia pagamentos a duas empresas de Benedito Rodrigues Oliveira, o Ben�, apontado como operador de Pimentel. Os valores foram repassados a t�tulo de custear consultorias que, segundo a investiga��o, nunca foram prestadas. Em seguida, Ben� carreava os recursos para o petista de diversas formas, como o custeio de passagens a�reas e hospedagens para ele e a mulher, Carolina Oliveira.
Na den�ncia, a vice-procuradora geral da Rep�blica, Ela Wiecko, sustenta que Pimentel e Ben� "ocultaram" parte do suborno na conta da OPR Consultoria Imobili�ria. A empresa foi originalmente aberta pelo governador quando deixou a Prefeitura de Belo Horizonte, em 2009, com o nome de P21 Consultoria e Projetos. Mas ele se retirou do quadro societ�rio ap�s assumir o Minist�rio do Desenvolvimento.
A P21 foi piv� de esc�ndalo sobre consultorias e palestras "fantasmas", supostamente prestadas por Pimentel para receber recursos de entidades privadas e empresas.
Com a sa�da de Pimentel, a empresa mudou de nome. Manteve-se como s�cio Ot�lio Prado, assessor de longa data de Pimentel, e um dos filhos dele. Ot�lio tamb�m foi denunciado. "Embora tenha se afastado formalmente, Pimentel continuou utilizando a sede e as contas da empresa para ocultar recursos de origem il�cita e dissimular a origem dessas quantias em proveito pr�prio", escreveu a vice-procuradora na den�ncia.
Em julho de 2014, segundo ela, Ben� fez duas transfer�ncias de R$ 32,8 mil para a conta da OPR. Para justificar a transfer�ncia, o empres�rio e Ot�lio teriam simulado a presta��o de uma consultoria imobili�ria, pela OPR, de R$ 70 mil. O dados do trabalho teriam sido copiados da internet. Os valores foram mantidos em aplica��o financeira. Posteriormente, foram usados para descontar um cheque de R$ 80 mil em favor do governador.
"Os investimentos banc�rios da OPR ainda serviram para sustentar o pagamento de um cheque no valor de R$ 60 mil, no dia 22/12/14, emitido em favor de Thais Velloso Couto Pimentel, ex-esposa de Pimentel", acrescentou a vice-procuradora.
O advogado de Pimentel, Eug�nio Pacelli, n�o atendeu aos telefonemas da reportagem nesta quinta-feira. Em nota divulgada na semana passada, ele informou ter submetido ao Superior Tribunal de Justi�a (STJ) uma quest�o de ordem apontando "in�meras ilegalidades praticadas durante a investiga��o". O defensor afirma que, em �ltima inst�ncia, caber� ao Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecer nulidades no processo, devido aos "v�cios de investiga��o".
A reportagem n�o localizou Ot�lio Prado ou sua defesa.
A CAOA sustenta que n�o sabia da liga��o de Ben� com Pimentel e que n�o fez qualquer repasse para beneficiar o governador mineiro. Segundo a empresa, os pagamentos de R$ 2 milh�es foram feitos de maneira regular. A montadora nega que o programa Inovar Auto, do Desenvolvimento, tenha sido direcionado para benefici�-la. Alega que as empresas de Ben� foram contratadas para prestar consultoria de "prospec��o de mercado de autom�veis dotados de conectividade".
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Pimentel recebeu propina por conta de assessor, diz PGR
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