
Depois de quase sete horas de depoimento, foi encerrada a oitiva do presidente afastado da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de �tica. Questionado pelo relator, deputado Marcos Rog�rio (DEM-RO), sobre qual seria a vantagem de ser benefici�rio de um truste na Su��a, Cunha foi enf�tico: nenhuma. Segundo Cunha, n�o cabe a ele justificar o motivo de ter enviado o dinheiro, e sim deixar claro que n�o possui conta banc�ria no exterior, como alegam PSOL e Rede na representa��o.
Perto do t�rmino da sess�o, outros questionamentos de Rog�rio ficaram sem resposta. Cunha, que disse ser "benefici�rio de um truste" diversas vezes, n�o quis explicar o conceito da palavra em portugu�s. Sobre o cart�o de cr�dito utilizado pela sua esposa, Cl�udia Cruz, Cunha disse que n�o era titular da conta e que n�o iria de manifestar. Por pelo menos quatro vezes, o relator perguntou se a conta de Cl�udia era da Su��a, no que Cunha respondeu que "era de sua esposa" e que ela n�o � deputada para ser investigada no Conselho.
O an�ncio do relator de que faria aditamentos no seu parecer final incluindo o recebimento de vantagens indevidas gerou revolta entre os aliados de Cunha. Rog�rio comunicou que a defesa tem cinco dias para se manifestar sobre os aditamentos do deputado. O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) avisou que recorrer� contra relat�rio, seja na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) ou no Supremo Tribunal Federal (STF). O advogado de Cunha, Marcelo Nobre, afirmou que a inclus�o � "ilegal" e que tem certeza que a CCJ vai anular o que chamou de "manobra".
Gabinete
Cunha disse tamb�m que pretende voltar a frequentar a C�mara e despachar, a partir da pr�xima segunda-feira, 23, de seu gabinete. "Eu estou suspenso do exerc�cio do mandato e n�o de frequentar a C�mara. Vou frequentar meu gabinete pessoal n�o mais hoje, mas a partir de segunda-feira voc�s me encontram no gabinete 510", disse. Questionado se poderia frequentar seu gabinete, o peemedebista afirmou que est� suspenso do exerc�cio do mandato e n�o do mandato.
Indagado sobre a possibilidade de Cunha voltar a frequentar a C�mara, o presidente do Conselho de �tica, deputado Jos� Carlos Ara�jo (PR-BA), se surpreendeu com a informa��o. "Quem afastou Eduardo Cunha foi o Supremo Tribunal Federal e n�o o Conselho de �tica. Cabe aos ministros analisar se isso � uma afronta � decis�o ou n�o".
Cunha retornou � C�mara nesta quinta-feira, 19, quinze dias depois do afastamento para prestar depoimento no processo de cassa��o do qual � alvo no Conselho de �tica. Ele � acusado de mentir durante a CPI da Petrobras, quando foi questionado se tinha contas no exterior.
Em quase sete horas de depoimento, respondeu a questionamentos feitos por parlamentares aliados e que pedem sua cassa��o. "Mantenho na �ntegra o depoimento que fiz no Conselho de �tica", respondeu diversas vezes.
Ao deixar o plen�rio acompanhado de seguran�as, Cunha foi hostilizado por um homem, que gritou "Fora Cunha". Em resposta, ele sorriu, fez sinal de positivo e disse "T� bom, petista", disse.