A Pol�cia Federal deflagrou nesta segunda-feira a 29ª fase da Opera��o Lava-Jato. Batizada de Repescagem, ela investiga crimes de forma��o de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrup��o passiva e ativa envolvendo verbas desviadas do esquema criminoso descoberto na Petrobras e tem como um dos principais alvos o ex-assessor parlamentar Jos� Claudio Genu, que trabalhou com o ex-deputado Jos� Janene (PP-PR), morto em 2010, e considerado um dos mentores do esc�ndalo do mensal�o.
Em entrevista coletiva concedida nesta manh�, a for�a-tarefa da Lava-Jato disse que o esquema de lavagem de dinheiro funcionava desde o mensal�o e, a despeito dos casos serem distintos, os personagens dos dois esquemas criminosos se repetem. Na opera��o deflagrada, foram emitidos seis mandados de busca, duas pris�es preventivas e um pedido de pris�o tempor�ria petrol�fera.
Na semana passada o juiz S�rgio Moro condenou o ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu a 23 anos de pris�o e apontou que era "perturbador" o fato de Dirceu ter continuado a receber valores il�citos do esquema da estatal petrol�fera, inclusive durante o julgamento do mensal�o - que em 2012 condenou o petista a 7 anos e onze meses de pris�o por corrup��o passiva.
Agora, as investiga��es da Pol�cia Federal apontam que Genu tamb�m teria recebido dinheiro il�cito do esquema da petrol�fera estatal enquanto estava sob julgamento do STF. Na coletiva, a for�a-tarefa informou que foram identificados R$ 7 milh�es nas contas de parentes de Genu e que ele recebia valores em esp�cie por interm�dio do doleiro Alberto Youssef. Genu foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensal�o, em 2012, mas ap�s recurso, em mar�o de 2014, foi absolvido do crime de lavagem de dinheiro. Ele tamb�m tinha sido denunciado por corrup��o passiva, mas a pena para o crime prescreveu.
A for�a-tarefa da Lava Jato disse na coletiva que as investiga��es apontam que o ex-assessor parlamentar de Janene teria recebido R$ 2 milh�es em propina. Apesar de Genu nunca ter exercido mandato parlamentar, ele sempre esteve pr�ximo de Janene, considerado um dos mentores do esquema do mensal�o. "Sua pris�o tem peso estrat�gico para a Lava Jato porque ele era um dos principais cabe�as envolvendo o recebimento de vantagens indevidas do PP", disse o procurador Diogo Castor Mattos, na entrevista coletiva ocorrida h� pouco em Curitiba.
Outro envolvido no esquema, o empres�rio Humberto do Amaral Carrilho tem mandado de pris�o tempor�ria em aberto, mas est� fora do Pa�s. A Pol�cia Federal diz que j� sabe onde ele est�, mas n�o revelou o local.
Na coletiva, a for�a-tarefa da Lava Jato disse tamb�m que Genu seria respons�vel por intermediar o pagamento de propinas dentro da estatal petrol�fera e que ele era benefici�rio de at� 5% do que era pago a partir de contratos firmados no setor de Abastecimento da estatal.
Deboche
O delegado da Pol�cia Federal Luciano Flores de Lima, da equipe da Opera��o Lava Jato, afirmou que os recebimentos de propina do ex-assessor da presid�ncia do PP Jo�o Cl�udio Genu durante julgamento do processo no mensal�o no Supremo Tribunal Federal (STF), em 2012, foi "verdadeiro deboche" � Justi�a e � pol�cia.
"Mesmo durante essas fase, em que estava sendo processado e condenado pela maior corte do Pa�s, como verdadeiro deboche � Justi�a e � pol�cia, ele continuava praticando crimes e recebendo propina", afirmou Lima.
"Podemos fazer um paralelo entre mensal�o e Lava-Jato de maneira mais aprofundada neste momento", disse o delegado. Genu foi condenado em 2012 por lavagem e corrup��o no mensal�o. Sua pena foi extinta por prescri��o e por recursos, posteriormente.
Segundo o delegado, a opera��o desta segunda "demonstra que apesar de existir um esquema gigantesco de corrup��o instaurada h� muito tempo no Brasil, destinado a sangrar os cofres p�blicos, em especial a Petrobras, e mesmo essas pessoas j� tendo sido processadas e at� mesmo condenadas elas ainda continuam sendo investigadas e, se for o caso, presas, como na data de hoje".
Pris�o
O ex-assessor do PP Jo�o Cl�udio Genu teve decretada a pris�o preventiva, sem prazo de dura��o. Segundo a decis�o do juiz federal Sergio Moro, "Jo�o Cl�udio de Carvalho Genu teria recebido propinas e participado de forma relevante no esquema criminoso da Petrobras ao mesmo tempo em que estava sendo processado criminalmente perante o Egr�gio Supremo Tribunal Federal por crimes de corrup��o passiva e de lavagem de dinheiro no �mbito da A��o Penal 470".
Na Opera��o Lava Jato, Genu j� havia sido alvo de busca e apreens�o na Opera��o Politeia, determinada pelo Supremo Tribunal Federal a pedido da Procuradoria-Geral da Rep�blica em julho de 2015.