
O ministro do Planejamento, Romero Juc�, negou nesta segunda-feira que tenha tentado interferir nas investiga��es da Opera��o Lava-Jato e disse que permanece no cargo enquanto o presidente em exerc�cio Michel Temer assim o desejar. Juc� avaliou ainda que o esc�ndalo envolvendo a grava��o de uma conversa particular n�o deve atrapalhar a vota��o de projetos do governo no Congresso e chegou a dizer que a sua perman�ncia no minist�rio pode inclusive ajudar a Bolsa de Valores a subir.
"Hoje pela manh� estive com o presidente Michel Temer e ele reafirmou o apoio � Lava Jato. Reafirmo o meu apoio �s investiga��es e � puni��o a qualquer pessoa que seja que tenha algum tipo de responsabilidade", afirmou o ministro. "O Brasil avan�a e muda de paradigma com Opera��o Lava-Jato. N�o h� nenhuma m�nima chance de qualquer interfer�ncia do Executivo sobre qualquer investiga��o", completou.
Juc� disse que o pr�prio Temer solicitou que ele convocasse a imprensa para dar esclarecimentos sobre a conversa tida com o ex-senador S�rgio Machado, ocorrida em um caf� da manh� na casa do ministro. "O presidente Temer reafirma a posi��o do governo em colaborar e prestar todas condi��es de suporte para que a opera��o (Lava-Jato) e seu resultado possam ser feitos de maneira c�lere sem proteger quem quer que seja", acrescentou.
Apesar de j� haver press�es no Congresso para que Juc� deixe o minist�rio, ele garantiu que s� ir� entregar o cargo se Temer assim o desejar. "Quero reafirmar meu compromisso com o trabalho no Minist�rio do Planejamento. O cargo de ministro � uma decis�o de Temer, e vou exerc�-lo em sua plenitude enquanto tiver confian�a do presidente", afirmou. "Meu emprego n�o � de ministro, eu estou ministro. Minha fun��o � de senador, eleito pela terceira vez pelo povo de Roraima", completou.
Mesmo com as rea��es negativos no parlamento, Juc� avaliou que a divulga��o da conversa apenas "faz uma onda", sem consequ�ncia pr�tica no vota��o da meta fiscal. O governo Temer pede que o Congresso aprove ainda esta semana um d�ficit prim�rio de R$ 170,5 bilh�es nas contas do governo em 2016.
Queda na Bolsa
Para Juc� a queda na Bolsa de Valores na manh� desta segunda-feira pode ter acontecido por parte do mercado acreditar que uma eventual sa�da dele do Planejamento seja uma baixa na equipe econ�mica. "Se eu ficar e for confirmado, talvez a Bolsa possa subir. Essa � a minha leitura pelo respaldo que eu tenho com o mercado financeiro", argumentou. "Espero que medidas a serem anunciadas fa�am com que a Bolsa possa aumentar. Se parte da imprensa est� tentado derrubar a Bolsa, vamos fazer esfor�o contr�rio", concluiu.
STF
Juc� afirmou que nunca foi a qualquer audi�ncia no Supremo Tribunal Federal (STF) para tratar da Opera��o Lava Jato. "Quando encontro ministros em eventos sociais digo que o Supremo tem que votar sobre os parlamentares", disse durante coletiva de imprensa. O atual ministro do Planejamento avalia que a corte deve votar com celeridade os processos que envolvem pol�ticos. "N�o se pode ficar anos com d�vidas sem serem esclarecidas", frisou.
Boi de piranha
Questionado sobre o termo "boi de piranha" em �udio revelado nesta segunda pelo jornal Folha de S. Paulo, o ministro afirmou que quando disse que "pegar boi de piranha � pegar quem tem culpa no cart�rio e resolver" e que o Supremo tem que julgar os parlamentares que tem culpa. "Boi de piranha � pegar quem tem culpa, quem vai pagar o pre�o", frisou.
O ministro refor�ou, durante coletiva de imprensa para esclarecer as acusa��es, que o Supremo Tribunal federal tem importante papel na constru��o de pacto para construir arcabou�o legal, marcos regulat�rios de concess�es, contratos de leni�ncia. "Executivo, Legislativo e Judici�rio t�m que trabalhar com harmonia", afirmou.
Juc� disse ainda que, quando cita o ministro Teori Zavascki, n�o h� pedido de interfer�ncia. "O ministro Teori � muito fechado e n�o vai dar espa�o para o governo pedir pressa para qualquer vota��o", disse ao justificar a men��o ao magistrado.
O ministro reavaliou que o ex-presidente da C�mara, Eduardo Cunha, est� com os problemas com a corte. "Acho que Cunha est� em situa��o dif�cil e tem que se explicar ao STF", disse.
Contexto
Juc� argumentou que a conversa vazada com o ex-senador S�rgio Machado teve trechos retirados de contexto e tentou convencer os jornalistas de que em nenhum momento tratava de uma eventual interfer�ncia nas investiga��es da Opera��o Lava Jato. "Tudo foi conversado dentro de contexto fora do contexto que est� dando a Folha", disse.
"Quero repelir a leitura ou a interpreta��o dada ao di�logo com Machado", respondeu. "Da minha parte sempre defendi, explicitei e apoiei com atos a Opera��o Lava-Jato. Sempre reafirmei que considero a Lava Jato uma mudan�a positiva na pol�tica, uma mudan�a de paradigma na rela��o entre partidos, candidatos, empresas e o financiamento de campanha", alegou.
Segundo o ministro, Machado o procurou para conversar sobre o PMDB e sobre a situa��o pol�tica e econ�mica do Pa�s. "A an�lise que fiz e os coment�rios que fiz com Machado s�o de dom�nio p�blico. Tenho dito o que disse a ele permanentemente a jornalistas e em debates", acrescentou, mostrando diversas mat�rias jornal�sticas dos �ltimos anos.
Para Juc�, a conversa divulgada n�o cont�m nenhuma a��o criminosa ou algo que possa "o envergonhar". "O que est� no texto n�o me compromete e n�o tem nada il�cito. Mas � desconfort�vel ser acordado por uma manchete de jornal que diz algo que n�o � verdadeiro. "As frases que est�o ali s�o frases sobre pol�tica e economia que eu venho repetindo abertamente", repetiu.
Diferen�as
O ministro do Planejamento tentou fazer um contraponto entre a opera��o Lava-Jato no governo da presidente afastada, Dilma Rousseff, e no governo do presidente em exerc�cio, Michel Temer. Ele avalia que o governo do PT estava paralisado pela opera��o e tinha perdido condi��es de governar.
Por outro lado, o ministro afirma que o governo Temer � de salva��o nacional e que, para retomar o crescimento, � preciso base parlamentar s�lida e medidas. "O governo est� funcionando e estamos tomando provid�ncias. Amanh� existem algumas medidas econ�micas que ser�o anunciadas para melhorar a economia e reduzir o endividamento. Estamos trabalhando nesse governo de salva��o", frisou.
O ministro tentou distanciar a opera��o Lava-Jato do governo Temer e afirmou que permanece no Planejamento enquanto o presidente em exerc�cio assim desejar. "O governo Michel Temer n�o tem nenhum indicador de corrup��o, � o governo de mudan�a que est� sendo e vai ser sentida pela sociedade", destacou.
Por diversas vezes durante a coletiva de hoje, Juc� criticou a gest�o da presidente afastada. Ele avaliou que Dilma cometeu crime fiscal, financeiro e de responsabilidade e que a "sangria" que teria citado durante conversa com o ex-presidente da Transpetro S�rgio Machado � resultado desse governo. "O Senado vai poder comparar os governos Dilma e Temer at� o julgamento. Entendo que, para o Brasil, � melhor a op��o Michel Temer", disse.