At� aqui, foram tornadas p�blicas conversas com o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o ex-presidente Jos� Sarney (AP) e o senador Romero Juc� (RR) - exonerado do cargo de ministro do Planejamento, um dia ap�s a divulga��o dos conte�dos. Nos �udios, os peemedebistas mencionam a preocupa��o com a pris�o de Machado, por Moro, e os avan�os da Lava Jato, em Curitiba.
Com um rombo no caixa da Transpetro reconhecido em balan�o de R$ 256,6 milh�es por desvios em contratos de R$ 8 bilh�es, um adiantamento de R$ 511 milh�es para estaleiros de empreiteiras do cartel acusado de corrup��o na Petrobras e a confiss�o de tr�s delatores sobre propinas nos neg�cios da subsidi�ria, Machado segue investigado em um inqu�rito aberto em Curitiba.
� nessa apura��o que o ex-executivo da Transpetro ainda pode virar r�u de Moro pelos crimes praticados por ele de corrup��o passiva e lavagem de dinheiro.
Investigadores e advogados especialistas em dela��o, ouvidos em reservado, avaliaram que ao arrastar pol�ticos da c�pula do PMDB com foro privilegiado para o centro do esc�ndalo, a dela��o premiada de Machado pode ter afastado temporariamente o risco de uma pris�o preventiva decretada em Curitiba - tratada nas conversas como a "Torre de Londres", refer�ncia ao castelo ingl�s que nos s�culos 16 e 17 foi pris�o e local de torturas. Mas n�o afasta a possibilidade de den�ncia criminal contra ele por crimes na Transpetro - a n�o ser que o Supremo expressamente pro�ba esse desmembramento.
Em outros casos da Lava Jato, como o que envolve suposto recebimento de propina pelo presidente afastado da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ministro Teori Zavaski - relator da Lava Jato no STF - mandou seguir com Moro os processos contra sua mulher, Cl�udia Cruz, e contra outros delatores, como o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerver�.
Temor
Machado expressou, nos di�logos, o medo de ser preso por Moro. "Ele (Rodrigo Janot, procurador-geral da Rep�blica) acha que no Moro, o Moro vai me prender, e a� quebra a resist�ncia e a�... Ent�o, a gente precisa ver. Andei conversando com o presidente Sarney, como a gente encontra uma... porque se me jogar l� embaixo (Curitiba) eu t� f...", afirma Machado, em di�logo com Renan - principal investigado no inqu�rito que resultou na dela��o de Machado, em tr�mite no Supremo Tribunal Federal.
Os n�meros de revis�o de pris�es e senten�as do juiz da Lava Jato mostram que o temor de Machado tem fundamento. Dos 372 habeas corpus e recursos em habeas corpus apresentados pelas defesas contra acusa��es, desde 2014, apenas 3,5% prosperaram no Tribunal Regional Federal da 4ª Regi�o, no Superior Tribunal de Justi�a e no Supremo Tribunal Federal, segundo balan�o do in�cio do m�s feito pela Procuradoria da Rep�blica.
Com ind�cios de exist�ncia na Transpetro de um tent�culo do esquema de cartel e corrup��o descoberto na Petrobras, a for�a-tarefa do Minist�rio P�blico Federal e da Pol�cia Federal, em Curitiba, considera ter elementos para imputar a Machado crimes. No esquema "sist�mico" de "propina tabelada", como classificou Moro, pol�ticos do PT, PMDB e PP, em conluio com empres�rios e agentes p�blicos, lotearam postos-chave nas estatais e suas subsidi�rias para arrecadar de 1% a 3% nos contratos p�blicos - um desvio de mais de R$ 20 bilh�es, em 10 anos.
Segundo a investiga��o, Machado seria um bra�o do PMDB na Transpetro, sustentado no cargo por Renan, que arrecadou valores para membros do partido e para benef�cio pr�prio. Ele ocupou a presid�ncia da companhia desde o primeiro ano do governo do PT, com Luiz In�cio Lula da Silva, em 2003, at� ser afastado, no in�cio de 2015, com Dilma Rousseff, por ter o nome citado no esc�ndalo da Petrobras.
A apura��o em Curitiba foi aberta ap�s confiss�o do primeiro delator da Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ele citou ter recebido propina de R$ 500 mil de Machado, referente a contratos de afretamentos de navios. Desde ent�o, outros dois delatores comprometeram o ex-presidente da Transpetro: o dono da UTC, Ricardo Pessoa, que diz ter pago R$ 1 milh�o em um contrato, e o senador cassado Delc�dio Amaral (sem partido-MS), que ligou Machado ao presidente do Senado e ao esquema de propinas.
Defesas
Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, S�rgio Machado n�o foi encontrado para comentar o caso.
A assessoria da Transpetro afirma que a subsidi�ria "n�o fez qualquer desses pagamentos indevidos" apontados na Lava Jato. Em balan�o cont�bil, a companhia admitiu perda de R$ 256 milh�es e informou "que est� acompanhando e colaborando com as investiga��es", al�m de ter aprofundados em 2015 as medidas de compliance para evitar mais preju�zos. "N�o toleramos qualquer pr�tica de corrup��o e consideramos inadmiss�veis pr�ticas de atos ilegais envolvendo os nossos empregados."