Na �poca, os militares alegaram que o militante do PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucion�rio) havia sido alvejado durante um tiroteio. Mas a Comiss�o Estadual da Mem�ria e Verdade Dom Helder C�mara descobriu que Rocha foi torturado. Na certid�o, por ordem judicial, constar� como a verdadeira causa da morte "choque decorrente de traumatismo cranoencef�lico e do tronco e ferimento penetrante de abd�men, respectivamente, por instrumento contundente e perfurocortante".
Patr�cia Galv�o acolheu A��o de Retifica��o de Registro P�blico proposta em 13 de fevereiro de 2015 por membros da Comiss�o Dom Helder C�mara, que representam Ednaldo Bezerra da Rocha, irm�o da v�tima.
Ezequias Rocha morreu no dia 12 de mar�o de 1972. O caso dele � um dos 51 que comp�em a lista preliminar de mortos e desaparecidos pol�ticos pernambucanos e que s�o alvo de an�lise da Comiss�o.
"O Estado de Pernambuco, atrav�s de procedimento administrativo, reconheceu a sua responsabilidade civil em raz�o de atos il�citos praticados por seus agentes em face do falecido durante o per�odo de exce��o, bem como concedeu aos familiares daquele indeniza��o (…) assim sendo, considerando arcabou�o probat�rio nestes autos e a favor�vel manifesta��o da Representante do Parquet.(Minist�rio P�blico) acolho o pedido, determinando que seja retificado o assento de �bito", concluiu a ju�za.
Em 3 de dezembro de 2013, depois de 41 anos, os membros da Comiss�o da Verdade apresentaram documento in�dito com resultado do laudo tanatosc�pico realizado no corpo de Rocha, que tinha 28 anos de idade quando foi morto.
O laudo tanatosc�pico e a c�pia do of�cio de remo��o do cad�ver foram encontrados no acervo do Instituto de Medicina Legal (IML-PE). Segundo a Comiss�o, os documentos "desmentem a vers�o oficial de suposto tiroteio entre integrantes do PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucion�rio) e as for�as de repress�o do per�odo".
"O laudo comprova que Ezequias foi submetido a torturas e n�o resistiu. Sab�amos que ele tinha sido sequestrado, preso e torturado, mas o detalhe da aut�psia � que � extremamente traum�tico"”, declarou o irm�o, Ednaldo Bezerra. "Com este laudo desmontou-se completamente a vers�o de que Ezequias teria sido sequestrado pelos companheiros na noite seguinte a de sua pris�o. Ou seja, menos de 24 horas do momento em que foi detido, o estudante morreu em decorr�ncia da viol�ncia que sofreu conforme comprova laudo do IML", analisou Nadja Brayner, relatora do caso na Comiss�o.
No dia 11 de mar�o de 1972, por volta de uma hora da madrugada, Ezequias Rocha voltava para sua casa, no bairro de Casa Amarela, acompanhado da mulher, Guilhermina Bezerra, quando foi abordado por homens armados de metralhadoras.
Ele teria sido levado � pris�o (depend�ncias do antigo IV Ex�rcito) e ficado em uma cela ao lado da companheira (hoje falecida) que contou em depoimento ouvir as torturas. Depois ele sumiu.
Para Guilhermina, os carcereiros contaram que n�o havia "nenhum" Ezequias preso l�. A vers�o oficial narrava que ele teria sido libertado do c�rcere por companheiros de milit�ncia, conforme relato do delegado Redivaldo Oliveira Acioly, da Delegacia de Seguran�a Social.
No dia seguinte, um corpo foi encontrado na barragem de Bambu, em Engenho Massauassu. Tinha identidade desconhecida e muitas marcas de agress�es e tortura. Em documento, assinado pelo delegado Bartolomeu Ferreira de Melo, o cad�ver tinha "m�os e p�s amarrados de corda, envolto em uma rede tamb�m de corda, com uma pedra de 30 quilos atada ao corpo". A fam�lia jamais fez o reconhecimento.
Somente em 1991, ap�s localiza��o do laudo datilosc�pico (contendo as impress�es digitais) foi poss�vel a confronta��o e a confirma��o de que o corpo encontrado em Escada era o de Ezequias Bezerra da Rocha.