S�o Paulo, 07 - A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou nesta ter�a-feira, 7, que o processo de impeachment, que classifica de 'golpe', � uma tentativa de "oligarquias descontentes" de assumir o poder no Brasil. A petista faz a declara��o, em encontro com intelectuais no Alvorada, no dia que foi divulgado o pedido de pris�o de caciques peemedebistas feito pela Procuradoria-Geral da Rep�blica.
"As oligarquias regionais no Brasil sempre foram escravistas, extremamente conservadoras e antipopulares", afirmou Dilma. Sem citar nomes, ela ponderou, contudo, que v� como positivas as mudan�as de comando em Estados do Nordeste. Entre os pedidos de pris�o da PGR, est� um contra o ex-presidente Jos� Sarney. A oligarquia Sarney foi pela primeira vez derrotada nas urnas no Maranh�o, em 2014, quando foi eleito governador Fl�vio Dino (PCdoB).
Dilma tamb�m fez cr�ticas � condu��o da pol�tica econ�mica pelo governo Michel Temer. Ela acusou o governo interino de "fazer um d�ficit gigantesco" - em refer�ncia � revis�o da meta fiscal para um rombo de R$ 170,5 bilh�es - e de a C�mara ter autorizado, com aval do governo, a cria��o de 14 mil cargos p�blicos. "� um dos maiores choques de gastos dos �ltimos tempos, gastos que n�o beneficiam o conjunto da popula��o e eu pergunto: com que legitimidade?"
A presidente afastada afirmou que o descontentamento de "oligarquias" fica tamb�m evidente nessa condu��o da economia, pois, segundo ela, as crises acirram o conflito distributivo no Pa�s. "Os ricos n�o v�o querer pagar uma parte da conta, da� esse horror, inicialmente, � CPMF", disse a petista em rela��o � tentativa de voltar com o imposto do cheque, ainda em seu governo.
Dilma afirmou que o ajuste proposto pelo governo interino vai gerar um "n�vel de retrocesso inimagin�vel. "(Na crise) tem que se fazer necessariamente o aumento no n�vel da receita. Se n�o aumentar a receita, a conta � paga pelos mais pobres", argumentou.
A presidente afastada voltou a dizer que impeachment � golpe e que o governo Temer n�o tem legitimidade, pois a seu ver o processo de impeachment � inconstitucional por ela n�o ter cometido crime de responsabilidade. Dilma chamou a lei de impeachment brasileira de "arcaica" e considerou "estarrecedor" que o governo "provis�rio" desfa�a pol�ticas de sua gest�o e "desmantele" minist�rios que cuidavam de quest�es "important�ssimas", como o minist�rio do Desenvolvimento Agr�rio.
Pol�ticas
Dilma defendeu pol�ticas de seu governo, como o regime de partilha para explora��o do pr�-sal que � alvo de proposta de mudan�a de autoria do senador licenciado Jos� Serra (PSDB-SP) - hoje ministro de Rela��es Exteriores. "� uma esquizofrenia pol�tica essa de abre tudo e entrega tudo, como se o petr�leo n�o fosse uma quest�o estrat�gica para o Pa�s."
Ela tamb�m saiu em defesa do programa Mais M�dicos, ao dizer que a vinda de m�dicos cubanos ajuda a suprir uma demanda de profissionais, e criticou a mudan�a de direcionamento no Itamaraty. Segundo Dilma, � uma vis�o "paleol�tica" se recusar a ter rela��es comerciais com pa�ses considerados "comunistas" ou de governos de esquerda.
Por fim, Dilma se disse otimista por ver uma mudan�a de postura da popula��o brasileira em rela��o ao processo de impeachment. "Numa situa��o muito adversa que � essa do impeachment, uma coisa enche os cora��es de todos n�s de alegria, que � essa imensa solidariedade e lucidez do povo brasileiro, que, por sua conta e risco, est� invertendo o jogo."
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Dilma: impeachment � tentativa de oligarquias descontentes de assumir o poder
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