
Governador Valadares – Investigadores da Opera��o Mar de Lama, maior for�a-tarefa (Minist�rio P�blico Federal, Minist�rio P�blico Estadual, Pol�cia Federal e Minist�rio da Transpar�ncia) da atualidade em Minas Gerais, querem identificar o patrim�nio adquirido pelos “tr�s mosqueteiros”, como moradores de Governador Valadares ironizam os ex-diretores do Servi�o Aut�nomo de �gua e Esgoto (Saae) que usaram a autarquia para desviar dinheiro p�blico em contratos com a iniciativa privada. Os investigadores acreditam que parte dos bens comprados com a propina, como im�veis, esteja em nome de laranjas e parentes.
Omir Quintino Soares, ex-diretor-geral do Saae, e dois subordinados – Vilmar Rios Dias j�nior e Jefferson Santos Lima – s�o acusados de orquestrarem uma grande rede de corrup��o na cidade, envolvendo vereadores e secret�rios municipais. Ainda n�o se sabe a quantidade exata do dinheiro desviado do cofre p�blico, mas h� contratos de empresas que participaram do esquema que superam R$ 1 bilh�o a longo prazo.
O Estado de Minas mostrou na edi��o de ontem que o MP mineiro descobriu que a Valadarense, empresa de �nibus que det�m o monop�lio na cidade, pagou um mensalinho a parlamentares, batizado de “passaginha” e que oscilava de R$ 2,6 mil a R$ 20 mil, dependendo da import�ncia dos vereadores para o esquema da organiza��o criminosa.
Os tr�s mosqueteiros, j� exonerados pela prefeitura, est�o presos. Outras 12 pessoas, entre elas cinco vereadores, tamb�m est�o atr�s das grades. Ao todo, o promotor Evandro Ventura denunciou 35 pessoas por corrup��o, peculato e outros crimes. O promotor se espantou com a quantidade de atos praticados pelo trio e comparsas.
“Omir, na condi��o de diretor-geral do Saae, era, na verdade, o verdadeiro chefe do esquema criminoso descortinado. (...) J� Vilmar atuava, na verdade, como tesoureiro dos crimes perpetrados, ao passo que Jefferson era o respons�vel por angariar as empresas que participariam do esquema e receber os valores da propina, juntamente com Vilmar, repassando ao grupo criminoso”, disse o promotor.
Ventura explicou que um dos modus operandi dos tr�s mosqueteiros era maquiar a quantidade de produtos ou servi�os de firmas contratadas pelo Saae. Uma empresa que fornecia m�o de obra para limpeza, por exemplo, foi contratada para disponibilizar 17 funcion�rios, mas s� cedeu 10, em acordo com o trio. O Saae, contudo, pagava pelos 17. A diferen�a do dinheiro era rateada entre os servidores e empres�rios. At� marmitex e lanche foram fornecidos a menos e pagos a mais. No contrato com um restaurante, a propina dividida foi em torno de R$ 125 mil.
Origem
A Mar de Lama teve in�cio com o desvio de dinheiro enviado pela Uni�o a Valadares para reparar estragos da chuva que causou enchente na cidade em 2013. Em 2014, o gasto desse recurso foi rastreado pela ex-Controladoria Geral da Uni�o (CGU), atual Minist�rio da Transpar�ncia e Fiscaliza��o, que descobriu a fraude. A Pol�cia Federal entrou no caso.
As investiga��es revelaram que o desvio foi al�m do recurso enviado pela Uni�o. “Houve empresa contratada que sequer tem sede. � de fachada. O desvio de dinheiro foi grande. Servi�os pagos n�o foram realizados”, disse o delegado Cristiano Campidelli. Os investigadores apreenderam bens e dinheiro com os envolvidos, mas eles acreditam que h� mais a ser localizado.