S�o Paulo - A campanha eleitoral de 2016 deve ser marcada pela pen�ria de recursos, gra�as � combina��o de fatores como a crise econ�mica, a proibi��o de doa��es de empresas e o impacto da Opera��o Lava Jato. Para pol�tico e marqueteiros, a previs�o de cortes dr�sticos de custos representa o colapso de um modelo de "mercado" que cresceu sem parar nas �ltimas tr�s d�cadas.
O PT, por exemplo, recebeu em 2015 uma �nica contribui��o empresarial, de R$ 1 milh�o - valor irris�rio se comparado aos R$ 65 milh�es registrados quatro anos antes.
Sem o financiamento empresarial, a "t�bua de salva��o" dos candidatos passou a ser o Fundo Partid�rio. O problema � que, mesmo "turbinado" com forte inje��o de recursos p�blicos nos �ltimos dois anos, o fundo ser� insuficiente para bancar o n�vel de gastos observado nas elei��es passadas.
Em 2016, as legendas receber�o, somados, R$ 819 milh�es em recursos p�blicos. Isso equivale a apenas 15% dos quase R$ 5,5 bilh�es - em valores corrigidos pela infla��o - que foram gastos nas campanhas de 2012. Al�m disso, nem todo o Fundo Partid�rio pode ser aplicado nas elei��es, j� que parte do dinheiro banca despesas permanentes e cotidianas das siglas, como alugu�is, funcion�rios, viagens de dirigentes e cursos de forma��o pol�tica, entre outros gastos.
Al�m do fundo, as duas �nicas alternativas legais de recursos s�o o autofinanciamento - que tende a beneficiar os candidatos mais ricos - e as doa��es dos pr�prios eleitores.
H� quatro anos, as pessoas f�sicas bancaram menos de 20% dos custos das campanhas - est�o inclu�dos na conta os recursos dos candidatos que doaram para si pr�prios. Com a Lava Jato e o desgaste da classe pol�tica, ampliar a arrecada��o nesse segmento ser� um desafio para os tesoureiros.
"Todas as portas est�o fechadas, n�o conseguimos nenhum tost�o at� agora", disse o deputado estadual Pedro Tobias, presidente do PSDB em S�o Paulo. "N�o sei como iremos fazer. O problema � grav�ssimo. Ainda bem que nosso candidato � rico", completou, referindo-se ao empres�rio Jo�o Doria Jr., pr�-candidato tucano na capital, cujo patrim�nio supera R$ 170 milh�es.
O Estado apurou que acionistas das empresas que mais alimentaram campanhas em 2012 n�o est�o dispostos a doar como pessoas f�sicas em 2016.
Na elei��o municipal de 2012, seis dos dez maiores doadores privados em todo o Pa�s eram do setor da constru��o. Cinco dessas empresas foram arrastada pela Opera��o Lava Jato: Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galv�o, Carioca Christiani Nielsen e UTC. O presidente de uma grande construtora, que pediu para n�o ser identificado, disse que o dinheiro do setor "acabou".
O empres�rio Walter Torre, controlador do grupo Wtorre, um dos maiores financiadores de campanha na �ltima elei��o municipal, conta que esta sendo bem seletivo. "J� fui procurado por v�rios candidatos, recusei v�rios, estou avaliado outros, mas ainda n�o dei um sim para ningu�m", disse.
Emiss�rios do vereador Andrea Matarazzo, pr�-candidato do PSD em S�o Paulo, estiveram com o presidente de um dos maiores grupos privados do Brasil. Doador em campanhas passadas, ele foi questionado sobre a disposi��o de doar como pessoa f�sica. O empres�rio respondeu que, como seu rendimento como pessoa f�sica � de apenas RS 100 mil por ano, n�o poder� doar mais de R$ 10 mil para o conjunto dos candidatos que o procurarem. A lei limita as doa��es a 10% do rendimento.
Presidente nacional do DEM, o senador Jos� Agripino (RN) disse que o partido vai abdicar da busca por doadores individuais. "N�o vai valer a pena gastar essa energia", afirmou.
M�rcio Macedo, secret�rio nacional de Finan�as e Planejamento do PT, disse que a legenda vai priorizar as contribui��es dos pr�prios simpatizantes e militantes petistas.