Assim que os federais deixaram a resid�ncia da fam�lia, Machado foi se aconselhar com Expedito Machado, um de seus filhos. Preocupado com o avan�o da Lava Jato e o risco de ser preso a qualquer momento, o ex-presidente da Transpetro conversou com o ca�ula sobre a possibilidade de ele pr�prio gravar conversas com pol�ticos.
Na vis�o de S�rgio Machado, os grampos poderiam servir para ele 'se defender de outras vers�es dos fatos que pudessem surgir'.
Pediu, ent�o, a Expedito que 'providenciasse o dispositivo para isso, o que ele fez em poucos dias'.
Os grampos de Machado derrubaram a toque de caixa dois ministros do presidente em exerc�cio Michel Temer (PMDB). O senador Romero Juc� (PMDB-RR) ficou no Minist�rio do Planejamento por 12 dias. Outro alvo das grava��es, Fabiano Silveira, passou menos de duas semanas na cadeira de titular do Minist�rio da Transpar�ncia, Fiscaliza��o e Controle, pasta criada por Temer.
Did, como � conhecido Expedito, mora em S�o Paulo. Havia se dirigido a Fortaleza por causa da busca e apreens�o promovida pela PF. Em dezembro, S�rgio Machado n�o havia fechado ainda seu acordo de dela��o premiada.
Expedito e S�rgio Machado s�o muito pr�ximos. O ca�ula � o �nico que se interessa por pol�tica. O planejamento de pai e filho era que em algum momento Expedito fosse candidato a deputado federal enquanto S�rgio Machado concorreria a governador.
Machado havia concorrido ao governo do Cear� em 2002. Expedito, ent�o com 18 anos, participou intensamente da campanha. O governo do Cear� era o grande sonho do ex-presidente da Transpetro.
Em um de seus depoimentos � Procuradoria-Geral da Rep�blica, S�rgio Machado contou que tinha 'um trauma muito grande da �ltima elei��o de governador, porque n�o p�de competir por falta de recursos'. Viu, ent�o, em uma licita��o a 'oportunidade de nesta primeira parcela criar uma reserva para garantir que pudesse posteriormente ter recursos pra voltar a disputar em 2010'.
O ex-presidente da Transpetro afirma que nunca teve 'qualquer contato com institui��o financeira no exterior'. Entre 2007 a 2013, Expedito 'recebeu recursos no exterior' relacionados as atividades do pai, contou tamb�m em sua dela��o premiada. Did era o encarregado de atualizar S�rgio Machado sobre os saldos de recebimentos do exterior. Ia com frequ�ncia ao Rio de Janeiro para isso.
Em um de seus depoimentos, o ex-Transpetro relatou que o pagamento de vantagens il�citas n�o se dava em virtude de medi��es, mas era deduzido da margem de lucro das empresas, 'sempre respeitando o or�amento t�cnico da Transpetro'. S�rgio Machado declarou que buscava os valores nas empresas selecionadas � medida que fazia os acertos com pol�ticos em Bras�lia.
"Nem sempre conseguia atender integralmente �s demandas dos pol�ticos; que cr� que alcan�ava cerca de 60% de taxa de sucesso em atender aos pol�ticos nos montantes que eles pediam; que o pagamento de vantagens il�citas pelas empresas permitia ao depoente manter-se no cargo, na medida em que preservava o apoio pol�tico ao repassar essas vantagens para pol�ticos", contou � Procuradoria-Geral da Rep�blica no in�cio de maio deste ano.
Ao fim de um de seus �ltimos depoimentos, na tarde de 6 de maio, S�rgio Machado foi questionado pelos investigadores se desejava acrescentar algo mais. O ex-presidente da Transpetro afirmou que 'o esquema de financiamento de campanha e de enriquecimento il�cito desvendado pela Lava Jato ocorre desde de 1946 e este � um momento de se alterar essa realidade, sendo esta uma das raz�es pela qual decidiu colaborar'.