O empres�rio Ricardo Magro, ex-advogado do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e principal investidor da Refinaria de Manguinhos, no Rio, passar� a noite no pres�dio de Bangu, na zona norte do Rio. Investigado por fraude em investimentos dos fundos de pens�o Petros e Postalis, o empres�rio se entregou na manh� desta segunda-feira, 27, � Pol�cia Federal do Rio, ap�s retornar dos Estados Unidos. Ele era considerado foragido e procurado pela Interpol desde sexta-feira, 24, quando teve a pris�o decretada em opera��o do Minist�rio P�blico Federal.
Os procuradores investigam uma opera��o de emiss�o de t�tulos da d�vida do grupo Galileo em 2010. De acordo com as investiga��es, a opera��o levantou cerca de R$ 100 milh�es em recursos destinados � recupera��o financeira de duas universidades particulares administradas pelo grupo. Os recursos, entretanto, teriam sido desviados para empresas e pessoas ligadas a Ricardo Magro e outras seis pessoas investigadas na opera��o Recome�o, deflagrada na �ltima sexta-feira. As universidades pediram fal�ncia no in�cio do ano.
"Estamos seguindo o dinheiro. H� ind�cios de que n�o foram para as universidades, mas para pessoas e empresas ligadas aos investigados", afirmou o procurador federal Paulo Gomes Filho, um dos respons�veis pelo caso. O MPF n�o descarta pedir a quebra de sigilo banc�rio das empresas e suspeitos investigados para determinar quem se beneficiou do desvios de recursos dos fundos de pens�o de empresas estatais.
Segundo ele, apenas um suspeito segue foragido. M�rcio Andr� Mendes Costa, um dos s�cios de Ricardo Magro no Grupo Galileo, estaria em Portugal. Ao todo, 46 envolvidos no esquema tiveram os bens bloqueados no valor total de R$ 1,35 bilh�o. O MPF investiga os crimes de gest�o fraudulenta, desvio de recursos de institui��o financeira, associa��o criminosa e negocia��o de t�tulos sem garantia.
O empres�rio tamb�m � dono da Refinaria de Manguinhos, no Rio, investigada por sonega��o fiscal, e � ligado a uma rede de empresas offshores em para�sos fiscais, revelado pelo Panama Papers. Magro tem rela��es pol�ticas que ser�o investigadas pelo MPF. Al�m da proximidade com o deputado afastado Eduardo Cunha e com pol�ticos do PMDB do Rio, Magro mantinha rela��es com Marcelo Sereno, que foi chefe de gabinete de Jos� Dirceu quando era ministro da Casa Civil no governo do ex-presidente Lula.
"Imagina o que � acordar no Lago Sul, em Bras�lia, e dormir em Bangu?", ironiza o procurador Paulo Gomes. Ele integra um grupo designado pela Procuradoria Geral da Rep�blica (PGR) para investigar 28 outros investimentos de fundos de pens�o de empresas estatais com ind�cios de irregularidades. "Est� muito claro que � o mesmo modo de atua��o e at� as mesmas pessoas envolvidas. S�o v�rios investimentos furados com os mesmos diretores e no mesmo per�odo que levam os valores desviados para a casa de bilh�o", completou.
O grupo de trabalho foi designado pelo procurador geral da rep�blica, Rodrigo Janot, na �ltima semana. Al�m da opera��o sobre o Grupo Galileo no Rio, h� outras sete investiga��es sobre o Fundo Postalis em curso no MPF do Distrito Federal. Os demais 28 investimentos foram realizados pela Petros, Previ e da Funcef, ligados �s empresas Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econ�mica Federal. Parte dos investimentos j� foi alvo de investiga��o na CPI dos Fundos de Pens�o, encerrada em abril com o indiciamento penal de mais de 100 pessoas.