Na mira da Procuradoria-Geral da Rep�blica, ap�s a dela��o de seu ex-diretor de Rela��es Institucionais, Nelson Mello, o grupo Hypermarcas j� teve seu principal acionista, Jo�o Alves de Queiroz Filho, citado em uma quebra de sigilo na Opera��o Lava Jato. Embora a dela��o de Mello n�o seja no �mbito da opera��o que apura o cartel de empreiteiras na Petrobras, os investigadores querem descobrir o motivo dos pagamentos efetuadas pela Monte Cristalina, holding de Queiroz Filho, � JD Consultoria, do ex-ministro da Casa Civil no governo Lula Jos� Dirceu.
Em um de seus depoimentos, Mello disse ter conhecido os lobistas L�cio Bolonha Funaro, apontado como suposto operador do presidente afastado da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e Milton Lyra, suposto lobista do presidente do Senado, Renan Calheiros, em Bras�lia para "se aproximar" do poder. Seu objetivo, declarou, era "proteger" o mercado que representava que, em sua avalia��o, precisava "ter uma prote��o legal".
Embora os depoimentos n�o guardem rela��o com a Lava Jato, as revela��es de Mello fortaleceram uma nova frente de investiga��o na Procuradoria que pretende apurar a rela��o de pol�ticos e lobistas de Bras�lia. Nesse cen�rio, o repasse da Monte Cristalina � JD Consultoria � um dos casos que est�o na mira dos investigadores. Al�m disso, a procuradoria pretende esmiu�ar os projetos de lei, medidas provis�rias e d�vidas fiscais relacionadas a empresas do setor farmac�utico, em especial, o laborat�rio Hypermarcas.
Prote��o
Em sua dela��o, Mello tamb�m disse que "ressarciu" o grupo do montante que teria repassado aos lobistas. Segundo ele, a Hypermarcas "n�o auferiu nenhuma vantagem e nem sofreu preju�zos porque foi reembolsada". Em nota divulgada ontem, ap�s a revela��o do Estado, a empresa diz que Mello teria autorizado "por iniciativa pr�pria as despesas sem as devidas comprova��es de presta��o do servi�o".
Para pessoas com acesso �s investiga��es, o relato de Mello teria como objetivo proteger Queiroz Filho e a Hypermarcas de modo a sugerir que os pagamentos seriam de responsabilidade exclusiva do ex-funcion�rio. A vers�o � refor�ada pelos recados enviados nos bastidores por um dos supostos lobistas utilizados pelo ex-executivo da Hypermarcas.
Oficialmente, L�cio Funaro, por meio de seu advogado, Ant�nio Cl�udio Mariz de Oliveira, informou que nunca fez lobby, nunca distribuiu propina e que os contratos assinados com a Hypermarcas tiveram como objeto a "assessoria com finalidade de economia de energia" em duas empresas do grupo.
Entretanto, nos bastidores, o suposto lobista tem enviado recados a Queiroz Filho. Em e-mail encaminhado � alguns amigos, Funaro disse desconhecer o conte�do da dela��o de Mello e ressaltou que, ao contr�rio do que diz o agora delator, seu contato no Hypermarcas era o pr�prio Queiroz Filho. Como prova, em anexo do e-mail, o suposto lobista encaminhou tamb�m uma foto na qual aparece ao lado do maior acionista do grupo.
Em nota � imprensa, o Grupo Hypermarcas informou que, ap�s a sa�da de Nelson Mello, em mar�o de 2016, a companhia "contratou assessores externos renomados para conduzir uma auditoria, j� finalizada, que concluiu que o Sr. Mello autorizou, por iniciativa pr�pria, despesas sem as devidas comprova��es das presta��es de servi�os".
Sobre os pagamentos � JD Consultoria, a Monte Cristalina disse que a contrata��o teve como objeto "an�lises mensais sobre o cen�rio pol�tico e econ�mico brasileiro" e que os valores cobrados "estavam em linha" com pre�os do mercado."