
Bras�lia - A ren�ncia do presidente afastado da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvejado pela Opera��o Lava-Jato, foi vista pela presidente afastada Dilma Rousseff e por ex-ministros como uma "jogada" para tentar salvar o mandato dele. Em conversas reservadas, Dilma, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e dirigentes do PT avaliaram que Cunha fez acordo com o presidente em exerc�cio Michel Temer e tamb�m com o PSDB, para costurar o arquivamento do pedido de cassa��o.
O ex-ministro da Justi�a Jos� Eduardo Cardozo, advogado de Dilma, disse que vai anexar o pronunciamento de Cunha no processo de defesa da presidente afastada. Ao renunciar, Cunha afirmou pagar "um alto pre�o por ter dado in�cio ao impeachment" da petista.
"O discurso dele cai como uma luva para demonstrar que esse processo foi, o tempo todo, movido por desvio de poder e vingan�a", afirmou Cardozo, que foi advogado-geral da Uni�o. "Est� evidente a m�-f� nos atos de Cunha", disse.
O ent�o presidente da C�mara dos Deputados s� aceitou a den�ncia contra Dilma, em dezembro do ano passado, depois que o PT anunciou que n�o o apoiaria no Conselho de �tica.
A bancada do PT na C�mara vai agora trabalhar para dividir a base aliada de Temer no Congresso. A estrat�gia avaliada nos bastidores pelos petistas consiste em dar apoio a um candidato competitivo, que possa derrotar o nome de prefer�ncia do Pal�cio do Planalto.
O problema � que o PT tamb�m est� rachado. Uma ala defende at� mesmo o aval � candidatura do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para se contrapor ao avan�o de Rog�rio Rosso (PSD-DF), nome ligado a Cunha. No diagn�stico dos petistas, a ren�ncia de Cunha foi uma manobra que passou pelo Pal�cio do Planalto.
"Trata-se de uma jogada para salvar o mandato de um dos chefes do golpe e rearticular a base do governo ileg�timo de Temer", afirmou o ex-ministro das Rela��es Institucionais Ricardo Berzoini. "H� v�rias fissuras nessa base e, evidentemente, a ren�ncia tem o objetivo de amenizar a campanha pela cassa��o do mandato de Cunha", disse Berzoini.