Bras�lia, 23 - A maior crise pol�tica pela qual passou o Congresso desde a Constituinte de 1988 - aliada ao fim do financiamento das campanhas por empresas - ter� efeito direto nas elei��es municipais. O n�mero de parlamentares que se lan�a candidato a prefeito e vice-prefeito este ano dever� cair em, pelo menos, 25% em rela��o a disputas anteriores.
Levantamento preliminar feito pelo Estado com lideran�as e comandos partid�rios indica que 68 deputados federais de 20 partidos dever�o concorrer em outubro. Nessa conta, que representa um universo de 476 dos 513 deputados, est�o inclusas as maiores bancadas da C�mara. PSDB e PMDB, campe�es em candidaturas na elei��o municipal passada, com 13 cada um, devem lan�ar nove cada desta vez. O PT, que indicou 12 candidatos anteriormente, tende a ter sete candidatos. Somente sete partidos, pequenos e nanicos, n�o responderam aos contatos da reportagem.
No Senado, com a desist�ncia de Rom�rio (PSB-RJ) em disputar a prefeitura fluminense, apenas dois parlamentares devem concorrer: a senadora Marta Suplicy (PMDB) tentar� voltar ao comando da capital paulista e o senador Marcelo Crivella (PRB) concorrer� pela terceira vez ao cargo de prefeito do Rio de Janeiro. Em 2012, cinco senadores foram candidatos.
At� o momento, a quantidade de deputados e senadores que devem ser candidatos est� em 70 concorrentes - tradicionalmente esse n�mero cai ainda mais at� o registro das candidaturas pelos partidos e coliga��es partid�rias, prevista para ocorrer na elei��o deste ano em 15 de agosto. A t�tulo de compara��o, nas tr�s �ltimas elei��es municipais, a quantidade de parlamentares postulantes sempre superou a casa dos 90 em um universo de 594: 92 candidatos em 2012, 95 em 2008 e 91 em 2004.
O diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Ant�nio Augusto de Queiroz, afirmou que a redu��o dos parlamentares que v�o concorrer nas elei��es municipais se d� por duas raz�es: o fim do financiamento empresarial das campanhas, determinado pelo Supremo Tribunal Federal, e os custos pol�ticos decorrentes dos esc�ndalos de corrup��o, em especial a Opera��o Lava Jato e as investiga��es que envolvem o ex-presidente da C�mara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“Os candidatos v�o precisar vender o patrim�nio se quiserem disputar e ainda v�o pagar um pre�o enorme pelo custo de imagem em fun��o dos esc�ndalos”, afirmou Queiroz, da entidade que faz um acompanhamento das atividades do Congresso h� mais de 30 anos. Para o dirigente do Diap, sem financiamento das campanhas por empresas, acabar� a l�gica dos parlamentares que concorrem nas elei��es somente para fazer um “recall” com o eleitorado.
“Em lugar de oxigenar seus nomes, os candidatos podem at� queimar ainda mais a imagem. Um desempenho p�fio pode comprometer uma futura reelei��o”, avaliou Queiroz, para quem o n�mero de candidaturas poder� cair ainda at� a metade da �ltima elei��o municipal.
A Lava Jato parece ter afastado tamb�m poss�veis concorrentes nas elei��es deste ano. No levantamento feito pelo Estado, n�o consta nenhum nome envolvido na opera��o.
Para Crivella, a campanha de 2016, sem financiamento empresarial dos candidatos, ser� “franciscana” e “mais igual”. “Acredito que o Minist�rio P�blico Eleitoral, o Tribunal Regional Eleitoral e a pr�pria popula��o v�o ter um olhar muito cr�tico para quem encher a cidade de propaganda, essas coisas consp�cuas, perdul�rias”, afirmou ele, que concorreu a prefeito no Rio em 2004 e 2008 e ao governo estadual em 2006 e 2014, sempre durante mandatos de senador.
O senador licenciado afirmou que pretende contar nesta elei��o com recursos do Fundo Partid�rio para fazer campanha. Disse que sempre fez campanhas eleitorais modestas e pretende gastar em todo o pleito deste ano entre R$ 4 milh�es e R$ 6 milh�es. Pelo teto de gastos divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral esta semana, cada candidato a prefeito do Rio pode gastar no primeiro turno at� R$ 19,8 milh�es e, no segundo, R$ 5,9 milh�es.