
No quarto mandato de deputado federal, Reginaldo Lopes (PT) quer comandar a Prefeitura de Belo Horizonte para apresentar uma nova forma de gest�o. Se chegar l�, vai priorizar um modelo de mobilidade urbana voltado para o trabalhador n�o s� da capital, mas da Regi�o Metropolitana. Na busca dos votos, o petista promete uma campanha barata, sem grandes eventos, cabos eleitorais e material gr�fico. Ser� tamb�m o momento de pedir desculpas ao eleitor pela pr�tica do caixa 2, adotada por v�rios partidos, entre os quais o PT, segundo ele. “Queremos assumir o erro para mostrar que n�s n�o vamos fazer uma campanha com gastan�a”, diz o parlamentar, o quinto entrevistado pelo Estado de Minas na s�rie feita com os candidatos a prefeito de Belo Horizonte.
Por que o eleitor de Belo Horizonte deve votar no senhor?
Porque n�s vamos representar o novo. Eu acho que chegou a hora de o belo-horizontino fazer parte de todo o processo. � uma cidade extremamente plural, uma cidade que acolhe todos, uma capital de todos os mineiros. Para responder � origem da cria��o da nova capital � preciso uma nova gest�o, que coloque em primeiro lugar a radicaliza��o da participa��o popular. Nos �ltimos anos, a participa��o popular � um produto de marketing, falam que est�o fazendo para fazer propaganda, ela n�o ocorre na pr�tica. Um exemplo: � imposs�vel melhorar o transporte p�blico sem ouvir quem usa o transporte. Nosso governo ter� uma marca forte, que � o retorno do debate com a popula��o belo-horizontina.
Qual o principal problema de Belo Horizonte hoje? Como o senhor vai resolv�-lo?
Eu diria que tem v�rios problemas, grandes desafios. Mas eu acredito – como o eixo program�tico do nosso governo � o direito � cidade – que voc� n�o tem direito � cidade se tem um transporte sem qualidade. Portanto, buscar construir um modelo de mobilidade urbana � fundamental, porque voc� garante o direito � cidade. N�s vamos trazer uma pol�tica metropolitana integrada para o transporte p�blico e vamos debater a cria��o do bilhete �nico. � imposs�vel melhorar o transporte se n�o ampliar o modal mais importante, que � o metr�. Portanto, n�s queremos repensar o metr�. O metr� precisa ser para os trabalhadores, precisa ser metropolitano, retomar Betim, Contagem, Ribeir�o das Neves, onde se concentra boa parte dos trabalhadores.
O senhor pertence a um partido que est� no centro da crise pol�tica nacional e de den�ncias de corrup��o. At� que ponto a filia��o ao PT pode repercutir na candidatura do senhor?
Essa ser� uma grande oportunidade, pois n�s queremos fazer um debate sobre a corrup��o. Em primeiro lugar, vamos reafirmar que somos do PT, mas tamb�m, com muita humildade, reconhecer que n�s erramos e pedir desculpas para o povo de Belo Horizonte. Uma das origens dos nossos erros � a fal�ncia do modelo pol�tico e eleitoral brasileiro. N�o vamos aceitar uma acusa��o moralista sobre corrup��o de partidos que est�o envolvidos, porque a ess�ncia � o modelo pol�tico. � l�gico que uns se utilizaram para fazer campanha, outros para se enriquecer pessoalmente. Eu tenho quatro mandatos (de deputado federal) e n�o tenho nenhuma acusa��o ou esc�ndalo. Mas queremos assumir o erro para mostrar que vamos fazer uma campanha sem gastan�a. Vamos fazer uma campanha sem contrata��o de cabos eleitorais, sem palanque, sem polui��o sonora e visual, sem marqueteiro. Queremos convidar nossos concorrentes a fazer a mesma coisa, fazer uma campanha no campo das ideias e das propostas. A partir da�, n�o vamos aceitar que candidatos de partidos envolvidos nesse modelo falido do processo eleitoral nos acusem de corrup��o.
Que erros s�o esses que o senhor diz que o PT cometeu? Caixa 2 nas campanhas?
� o modelo de campanhas muito caras, marqueteiros muito caros, esse modelo pol�tico-eleitoral de que o PT participou, que n�o � ilegal, que � legal, e que n�o foi o PT que criou. Foram as elites que criaram. O PT nasceu para contrapor, mas aderiu a esse modelo que prioriza n�o a pol�tica, mas os burocratas, quem tem o poder econ�mico e que acaba dominando os partidos pol�ticos. O PT tem que largar a burocracia, priorizar a pol�tica.
Em um eventual segundo turno, o senhor vai buscar o apoio do PSB e do prefeito Marcio Lacerda caso o candidato dele n�o esteja na disputa?
N�o estamos preocupados com apoios meramente pragm�ticos. Vamos estabelecer acordos program�ticos. A campanha do Executivo � a �nica possibilidade de o cidad�o dialogar diretamente com o candidato. Na nossa concep��o de cidade, queremos de fato estabelecer um di�logo direto com o belo-horizontino. Evidentemente que com aquele que n�o for para o segundo turno estabeleceremos um di�logo program�tico. Eu n�o serei candidato � reelei��o e comporei o governo com paridade de g�nero. N�o vou usar a estrutura meramente burocr�tica de quem comanda o partido para fazer indica��o nos governos, como aconteceu com Michel Temer (presidente em exerc�cio), que convocou apenas homens brancos e de terno preto. Vamos compor sim, mas desde que os partidos escolham pela meritocracia e indiquem mulheres, negros.
O PSB est� dentro deste leque de linha program�tica?
O governo do Marcio deve � cidade, em especial um pouco pelo desmonte das pol�ticas sociais. E o governo impediu muito a participa��o popular verdadeira, para al�m do marketing. Por isso, sendo essa a compreens�o do PSB, � l�gico que apoio n�s queremos. Mas dentro da carta program�tica. N�o vamos, em hip�tese alguma, alterar nosso programa em busca de aliados.
Qual vai ser a participa��o do governador Fernando Pimentel na campanha do senhor?
Pelas suas obriga��es como governador e tamb�m respeitando a sua base, que tem v�rios candidatos, a melhor contribui��o � a amizade que estabele�o com ele. E tamb�m a oportunidade de trocar ideias sobre Belo Horizonte, tendo a gest�o dele como das melhores da cidade. Com ele, quero pensar novas respostas para os problemas que n�o foram superados at� hoje. � sempre uma alegria ter o Fernando ao lado (em eventos), mas isso cabe a ele decidir. Mas o que espero dele � uma participa��o program�tica, como espero de todos os belo-horizontinos.