
N�o que, desde a primeira vota��o no Senado desde 12 de maio, ela tivesse tido alguma esperan�a. “A decis�o de tornar Lula r�u n�o impacta em nada na vota��o do impeachment. As pessoas j� est�o com suas convic��es formadas”, declarou ao Correio o l�der do governo na Casa, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). O pr�prio Lula j� havia abandonado a tarefa de buscar votos favor�veis a Dilma, ap�s a exposi��o fracassada durante a vota��o na C�mara. Depois que os senadores aprovaram a abertura do processo, ele chegou a marcar um jantar na resid�ncia do senador Roberto Requi�o (PMDB-PR). Tratou exclusivamente do plebiscito para novas elei��es. Mas s� reuniu seis parlamentares.
Defensor de Dilma, ex-advogado-geral da Uni�o e ex-ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo negou, em entrevista � TV Estad�o, que Dilma Rousseff tenha “jogado a toalha” no processo de impeachment. Cardozo disse que Dilma n�o est� lutando porque gosta do poder, e sim por seu “amor pela democracia”. Segundo ele, a presidente � inocente e precisa lutar por justi�a. O ex-ministro tamb�m voltou a defender a tese de que n�o h� pressuposto jur�dico para a acusa��o contra a petista.
A press�o da Justi�a sobre Lula tamb�m abala a imagem do ex-presidente como cabo eleitoral. No �ltimo domingo, ele compareceu � conven��o que homologou a candidatura � reelei��o do prefeito de S�o Paulo, Fernando Haddad. Semana que vem ele estar� em Fortaleza para apoiar Luizianne Lins — curiosamente, h� 12 anos, quando Lula era presidente da Rep�blica, o PT nacional abandonou Luizianne (que acabou sendo eleita) para ficar ao lado de In�cio Arruda (PCdoB) — e pretende percorrer o Nordeste para apoiar os candidatos do partido e das legendas aliadas.
Para alguns petistas, as �ltimas den�ncias envolvendo Lula s�o requentadas. “Isso aconteceu porque ele resolveu lutar pelos pr�prios direitos na ONU (Organiza��o das Na��es Unidas). O Lula tem a casca grossa, a tend�ncia � que surjam novas hist�rias, � medida que a vota��o final do impeachment e as elei��es municipais se aproximem”, reclamou o l�der do PT no Senado, Paulo Rocha (PA). “O que est�o fazendo com a democracia � algo muito s�rio”, completou o senador paraense.
Lula, no entanto, ter� muita dificuldade para alavancar a cambaleante candidatura de Fernando Haddad � reelei��o em S�o Paulo. Ele tamb�m ter� dificuldades em conseguir vit�rias pol�ticas nos demais estados do Sul e Sudeste, regi�es que aprovam maci�amente o impeachment de Dilma e que concentra as principais lideran�as pol�ticas e sociais contra o PT.
Por isso, a op��o por fazer um amplo giro pelo Nordeste. Na entrevista � TV Estad�o, Jos� Eduardo Cardozo disse que o impeachment coloca a democracia do Brasil em xeque. “Independentemente de quem tem prefer�ncia pela presid�ncia do governo Dilma ou do (presidente em exerc�cio) Temer, nenhum pa�s cresce onde as institui��es permitem que um governo seja colocado para fora sem nenhuma raz�o para isso”, avaliou.
Esse discurso do golpe, aliado � acusa��o de destrui��o dos programas sociais, permeou os discursos de Lula na ampla viagem que fez pelo sert�o, agreste, zona da mata e litoral pernambucano. � uma tentativa de manter viva as chances nas elei��es de 2018. “Est�o querendo arrumar uma condena��o em segundo grau para que Lula perca os direitos pol�ticos. Com todos os ataques, ele ainda aparece na frente das pesquisas”, lembrou Paulo Teixeira.
Mas a decis�o de ontem abala uma parte do discurso lulista. Ele sempre disse que teve a vida revirada, mas que jamais tinha virado r�u. Essa argumenta��o cai por terra. “Claro que dificulta as negocia��es pol�ticas e as articula��es a partir de agora”, lamentou um cacique petista.