Bras�lia – A Pol�cia Federal deflagou ontem a 33ª fase da Opera��o Lava-Jato, batizada de “Resta Um”. As equipes cumpriram 32 ordens judiciais em S�o Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goi�s, Pernambuco e Minas Gerais, sendo 23 mandados de busca e apreens�o, dois de pris�o preventiva, um de pris�o tempor�ria e seis de condu��o coercitiva. O alvo � a Construtora Queiroz Galv�o, identificada, durante a Lava-Jato, como a terceira com maior volume de contratos celebrados com a Petrobras, alcan�ando total superior a R$ 20 bilh�es. S�o investigados contratos do Complexo Petroqu�mico do Rio (Comperj), da Refinaria Abreu Lima, da Refinaria Vale do Para�ba, da Refinaria Landulpho Alves e da Refinaria Duque de Caxias.
Os dois presos preventivamente s�o o ex-presidente da Queiroz Ildefonso Colares Filho e o ex-diretor da construtora Othon Zanoide de Moraes Filho. O mandado de pris�o tempor�ria � contra Marcos Pereira Reis. Ele est� no exterior, segundo a PF.
Em despacho que autorizou a deflagra��o da 33ª fase da Lava-Jato, o juiz S�rgio Moro afirmou que o pa�s est� pagando um custo “grande” para enfrentar a corrup��o. Ele destaca que o custo seria maior se o problema n�o fosse enfrentado agora. Para Moro, os repetidos esc�ndalos est�o “minando a confian�a nas leis e na democracia”. Moro voltou a destacar a necessidade das pris�es preventivas como instrumento para frear a corrup��o. “Se a corrup��o � sist�mica e profunda, imp�e-se a pris�o preventiva para debel�-la, sob pena de agravamento progressivo do quadro criminoso”, explica o juiz.
O hist�rico de envolvimento do grupo Queiroz Galv�o com grandes esquemas de corrup��o n�o � in�dito, j� tendo figurado nas opera��es Monte Carlo, Castelo de Areia e Navalha, e tendo sido as duas �ltimas anuladas nos tribunais superiores. Segundo o procurador Diogo Castor, a banaliza��o das anula��es de provas representa um alento para os criminosos que j� tiveram participa��o em esquemas criminosos provados. “Infelizmente, se essas opera��es tivessem um m�nimo de efetividade, talvez a Lava-Jato nem precisasse existir” assinalou a procuradora da Rep�blica Jerusa Viecili. S�o apuradas pr�ticas de crimes de corrup��o, forma��o de cartel, associa��o criminosa, lavagem de dinheiro, entre outros.
PREJU�ZOS BILION�RIOS
De acordo com o Minist�rio P�blico Federal (MPF), a Queiroz Galv�o formou, com outras empresas, um cartel de empreiteiras que participou ativamente de ajustes para fraudar licita��es da Petrobras. Esse cartel maximizou os lucros das empresas privadas e gerou preju�zos bilion�rios para a estatal. “Al�m dos ajustes e fraudes a licita��es, as evid�ncias colhidas nas investiga��es revelam que houve corrup��o, com o pagamento de propina a funcion�rios da Petrobras. Executivos da Queiroz Galv�o pagaram valores indevidos em favor de altos funcion�rios das diretorias de Servi�os e de Abastecimento. Parte das propinas j� rastreadas e comprovadas se aproxima da cifra de R$ 10 milh�es. Esses crimes est�o comprovados por farta prova documental que corroborou o depoimento de, pelo menos, cinco colaboradores, sendo tr�s deles dirigentes de empreiteiras”, disse o MPF.
PARTIDOS E CPI
A investiga��o ainda aponta fortes ind�cios do pagamento de propina por executivos da Queiroz Galv�o para dificultar os trabalhos da Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) no Senado que investigava irregularidades na Petrobras, em 2009. A construtora � suspeita de ter pago R$ 10 milh�es ao ex-presidente do PSDB S�rgio Guerra, que morreu em 2014, para abafar a CPI. Segundo o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, primeiro a citar a Queiroz Galv�o em dela��o, o tucano teria dito que o dinheiro seria usado para a campanha de 2010. Em entrevista ontem, o procurador regional da Rep�blica Carlos Fernando dos Santos Lima disse, no entanto, que h� nessas investiga��es fatos envolvendo tamb�m o PT e o PP. “O problema da corrup��o n�o � partid�rio, � estrutural da pol�tica brasileira”, disse.
Delatores tamb�m j� relataram � Lava-Jato as rela��es da empreiteira com o PMDB, como o ex-presidente da Transpetro S�rgio Machado, que envolveu o presidente em exerc�cio Michel Temer (PMDB) em propina para campanha eleitoral em S�o Paulo. A Opera��o Resta Um apura tamb�m como o dinheiro desviado da Petrobras abasteceu a campanha de reelei��o do ex-presidente Lula em 2006. O cons�rcio Quip, liderado pela Queiroz Galv�o, teria repassado R$ 2,4 milh�es ao caixa 2 da campanha de acordo com os delatores.
Em uma nota breve divulgada ontem, a Queiroz Galv�o afirma que est� colaborando com as investiga��es. “Na manh� de hoje (ontem), a Pol�cia Federal realizou uma opera��o de busca e apreens�o em algumas de suas unidades (da construtora). Alguns ex-executivos e colaboradores foram alvos de medidas cautelares”, informou a empresa, sem citar os nomes dee Ildefonso e Othon Zanoide, executivos presos. “A empresa est� cooperando com as autoridades e franqueando acesso �s informa��es solicitadas”, complementou a Queiroz Galv�o na nota.