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Estado de Minas ADEUS, PRESIDENTA!

Temer se defrontar� com os mesmos problemas que levaram � breca o governo Dilma, diz te�rico

Detalhe: seu sucessor tamb�m � malsucedido e desaponta o povo


postado em 11/08/2016 00:12 / atualizado em 11/08/2016 08:20

O livro Adeus, senhor presidente, de Carlos Matus, um dos te�ricos da administra��o p�blica mais estudados no Brasil, por causa do seu m�todo de “planejamento estrat�gico situacional”, � um ensaio romanceado sobre o exerc�cio do poder na Am�rica Latina. Ex-ministro de Salvador Allende, Matus n�o se limitou a denunciar e repudiar o golpe militar de Pinochet, ocorrido em 1973, que transformou o Chile num mar de sangue, procurou tamb�m entender o que aconteceu e buscar caminhos para que os erros cometidos pela esquerda chilena n�o se repetissem.


N�o passa pela cabe�a de ningu�m comparar o impeachment da presidente Dilma Rousseff ao golpe fascista chileno, mesmo entre aqueles que acusam o presidente interino Michel Temer de golpista, mas o contexto justifica, ao menos para quem foi apeado do poder, conhecer ou revisitar a obra de Matus. Ele constr�i um cen�rio fict�cio, que come�a com a posse de um presidente que criou grandes expectativas e prometeu muitas mudan�as e termina com suas reflex�es, depois de afastado do poder, sobre o desapontamento dos eleitores e as raz�es pelas quais n�o cumpriu o que prometeu. Detalhe: seu sucessor tamb�m � malsucedido e desaponta o povo.


Matus trabalha com o cotidiano do governo, a perda de tempo com coisas banais, os erros estrat�gicos, as intrigas pol�ticas e lutas intestinas, num pal�cio onde pululam sindicalistas, dirigentes partid�rios, empres�rios, tecnocratas, intelectuais, jornalistas, parentes e corruptos de todas as categorias. � muito semelhante � situa��o de Dilma, que pode at� ter lido a obra de Matus, mas parece que n�o adiantou muito. S�o favas contadas a sua cassa��o, depois da vota��o da madrugada de ontem no Senado, quando se decidiu, por 59 votos a favor e 21 contr�rios, dar inicio ao julgamento final do seu impeachment.


O l�der comunista Enrico Berlinguer, falecido em 1984, profundamente marcado pelo fracasso da experi�ncia chilena, nela se inspirou para propor o famoso “compromisso hist�rico” entre os comunistas e democratas-crist�os na It�lia, que se digladiavam desde o fim da Segunda Guerra Mundial. � �poca, o l�der democrata-crist�o Aldo Moro, que viria a ser assassinado 1978, depois de 55 dias de cativeiro, pelas Brigadas Vermelhas, uma organiza��o terrorista de extrema-esquerda, sinalizava a possibilidade de concretiza��o da alian�a, com sua “abertura � esquerda”. Essa estrat�gia produziu bons resultados eleitorais para o PCI nas elei��es de 1976, nas quais obteve 35,9% dos sufr�gios, levando-o a apoiar o governo do democrata-crist�o Giulio Andreotti. Mas a DCI estava em crise por causa do referendo do div�rcio e o assassinato de Aldo Moro destruiu as boas perspectivas ent�o desencadeadas para um governo de coaliz�o dos dois maiores partidos da It�lia.


Foi uma grande oportunidade perdida por todos os partidos italianos, que prosseguiram numa trajet�ria meio suicida ao deixar que a corrup��o contaminasse suas entranhas e levasse a It�lia a uma sucess�o de crises pol�ticas, que acabou com a derrocada de todos, que praticamente desapareceram ap�s a Opera��o M�os Limpas, inclusive o poderoso PCI. Depois de uma sucess�o de fus�es, o PCI se tornou o Partido Democr�tico, hoje no poder. Esses par�nteses fazem sentido porque aqui no Brasil vivemos um fen�meno pol�tico semelhante, que est� sendo desnudado pela Opera��o Lava-Jato, cujo impacto no sistema eleitoral e partid�rio pode ser muito maior do que imaginam os grandes caciques da pol�tica brasileira.


N�o errar


O placar de ontem no Senado mostra que o impeachment � mesmo inexor�vel e que o presidente interino Michel Temer tem capacidade de articula��o e for�a pol�tica para garantir a governabilidade. H� expectativa de que a cassa��o da presidente Dilma se d� em 25 de agosto, ironicamente, o Dia do Soldado. Vale destacar que a presidente afastada, no auge das manifesta��es de protesto contra seu governo, chegou a cogitar da decreta��o de “estado de defesa” (que lhe conferiria poderes especiais para suspender algumas garantias individuais asseguradas pela Constitui��o, a pretexto de restabelecer a ordem em situa��es de crise institucional), mas n�o obteve apoio dos comandantes militares, nem do ent�o ministro da Defesa, Aldo Rebelo (PCdoB), que a demoveu dessa ideia. Esse fato � o melhor exemplo de que o Brasil atravessa uma crise pol�tica, econ�mica e �tica sem precedentes, mas n�o vive uma crise institucional, gra�as ao comportamento profissional das For�as Armadas.


Mas voltemos ao impeachment. Michel Temer, apesar do grande apoio pol�tico e parlamentar, se defrontar� com os mesmos problemas que levaram � breca o governo Dilma: recess�o, desemprego, infla��o, d�ficit fiscal, fisiologismo pol�tico e envolvimento dos partidos de sua base no esc�ndalo da Petrobras. Seu estoque de problemas n�o pode aumentar, pelo contr�rio, precisa ser reduzido. Certamente n�o cometer� os erros de Dilma Rousseff, mas est� sujeito a outros e precisar� evit�-los. Para encerrar, a ministra C�rmen L�cia foi eleita ontem para a presid�ncia do Supremo Tribunal Federal. Data v�nia, quer ser chamada de presidente e n�o de presidenta.


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