Bras�lia – Numa manobra articulada pelos aliados do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com aval do Pal�cio do Planalto, o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou ontem que o processo que pede a cassa��o do peemedebista s� ser� votado em 12 de setembro. H� um temor na base aliada de que, cassado e abandonado, o parlamentar poderia cair atirando e, assim, prejudicar o andamento do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, que entra em sua reta final no Senado. Pelo regimento, a vota��o j� poderia ter ocorrido ontem, uma vez que o relat�rio do Conselho de �tica foi lido na segunda-feira.
Pela manh�, antes de anunciar a data, Maia negou qualquer tipo de manobra para favorecer Eduardo Cunha. Ele destacou que a press�o da oposi��o � leg�tima e que � absolutamente natural cada um defender seu ponto de vista. “Tudo � leg�timo. A oposi��o quer votar amanh�, como exemplo. A base do governo quer votar depois do impeachment. Do ponto de vista pol�tico, tudo � leg�timo.”
Ele salientou que a data definida respeita a m�dia hist�rica de tramita��o do processo de cassa��o ap�s leitura do parecer em plen�rio. “O importante � respeitar a m�dia hist�rica dos processos de cassa��o dessa Casa, respeitando a opini�o de todos os l�deres.” Questionado sobre o fato de a oposi��o afirmar que ele faz o “servi�o” de Cunha, Maia ressaltou que as cr�ticas s�o naturais. “� da democracia. Todos t�m direito de colocar o seu ponto de vista e pressionar a Presid�ncia da C�mara.”
O adiamento foi articulado durante caf� da manh�, na ter�a-feira, na resid�ncia oficial da Presid�ncia da C�mara dos Deputados. O �nico l�der presente que se posicionou contra foi Rubens Bueno (PPS-PR). Ontem, ele ratificou seu posicionamento. “Claro que n�o concordo com esse adiamento. Ali�s, tenho um posicionamento muito claro a respeito disso, mesmo respeitando a posi��o dos l�deres. Acho que a C�mara precisa conferir uma resposta � altura ao povo brasileiro. O processo, depois de 10 meses, est� pronto. Passou da hora de n�s dizermos se ele fica na Casa ou se vai ser cassado.”
Bueno ressaltou que, mesmo enfraquecido, Cunha ainda tem uma base forte na Casa. “Tanto � verdade que ele foi eleito no primeiro turno, n�o com nosso voto. Continua com a base, mais fragilizada, evidentemente, depois da decis�o do Conselho de �tica. Passou da hora de votarmos”.
‘Conluio’
O l�der do PSOL na C�mara, Ivan Valente (SP), afirmou que h� um “conluio”. “Foi um conluio entre o presidente Rodrigo Maia e os l�deres da base aliada. Todos os l�deres, menos o do PPS, e ainda com o presidente interino, Michel Temer. Trata-se de um ajuste para que a cassa��o de Eduardo Cunha n�o interfira no processo de impeachment e tamb�m no processo eleitoral porque, at� agora, n�o temos nenhuma garantia de que ser� votado antes das elei��es.”
Ele acusou Maia de ser o grande mentor dessa articula��o. “O principal respons�vel por isso se chama Rodrigo Maia. Ele est� mancomunado com Cunha e com receio de que a dela��o de Eduardo Cunha, que � capaz de cair atirando, cause enormes preju�zos a Temer e � base aliada”, disse.
Maia apontou uma s�rie de justificativas para n�o pautar antes a data do julgamento. Segundo ele, na pr�xima semana, come�a a campanha eleitoral nos munic�pios e n�o haver� qu�rum para votar o caso Cunha. Na semana de 22 agosto � o julgamento Dilma e ele n�o quer colocar no mesmo momento uma vota��o t�o pol�mica quanto essa. Na semana de 29 de agosto, o presidente interino Michel Temer vai para a China e Maia assumir� a Presid�ncia da Rep�blica, deixando a C�mara nas m�os de Waldir Maranh�o. Na semana seguinte, de 5 de setembro, h� o feriado de 7 de setembro e dificilmente haver� qu�rum elevado, ficando ent�o a semana do dia 12 livre para votar a cassa��o de Cunha.