S�o Paulo, 15 - Ap�s dizer em entrevista ao vivo � TV Estad�o que "golpe" � uma palavra "um pouco dura" para qualificar o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e dia depois ser contrariado publicamente pelo ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), o prefeito de S�o Paulo e candidato � reelei��o, Fernando Haddad (PT), mudou seu discurso e passou a usar express�es que adjetivam o termo golpe, como "golpe velado", "golpe brando" e "golpe encoberto". As tr�s express�es foram usadas pelo prefeito nesta segunda-feira, 15, durante agenda p�blica no Tatuap�, na zona leste da capital.
Haddad, que � professor doutor em Ci�ncia Pol�tica da Universidade de S�o Paulo (USP), lamentou a falta de espa�o para discutir aspectos filos�ficos do processo de impeachment e citou na coletiva um dos especialistas de "literatura internacional". "O Noam Chosmky (fil�sofo, linguista e ativista pol�tico americano), por exemplo, que � um autor que eu admiro, usa a express�o 'soft coup' (em portugu�s, golpe brando) para falar desse tipo de a��o. � muito comum hoje na literatura. � que, infelizmente, estamos tendo pouco espa�o para discutir a literatura de ci�ncia pol�tica e filosofia pol�tica", disse.
O prefeito disse que a express�o "soft coup" n�o � nova, est� "quase consolidada" na literatura internacional e tamb�m circula em textos de l�ngua portuguesa. "Embora a maioria dos textos seja em l�ngua estrangeira, j� existem v�rios textos circulando em portugu�s qualificando e distinguindo os golpes contempor�neos dos golpes dos anos 60 e 70, que eram golpes com outras caracter�sticas. Por isso que se agrega um adjetivo � palavra para dar a dimens�o do tipo de fen�meno que est� sendo mais frequente hoje."
Questionado se a situa��o pol�tica do Brasil pode ser comparada � de outros pa�ses, Haddad n�o respondeu e sugeriu que a reportagem fizesse uma pesquisa na literatura internacional. Em maio, em entrevista ao programa de not�cias norte-americano 'Democracy Now', Chomsky usou o termo "golpe brando". No debate, Chomsky citou os processos pol�ticos de tentativas de destitui��o presidencial dos �ltimos 15 anos em pa�ses da Am�rica Latina, como Venezuela (2002), Haiti (2004), Honduras (2009) e Paraguai.
Desconforto
Na semana passada, dois dias depois de dizer em entrevista ao Estado que a palavra "golpe" � "um pouco dura", Haddad participou de uma plen�ria em Guaianases com Lula, que marcou o in�cio da campanha petista na capital. "Acabamos de ver 342 deputados em Bras�lia darem um golpe no voto de voc�s. Tem que levar em conta que o golpe na Dilma foi um golpe na mulher brasileira", disse Lula ao lado de Haddad, que, momentos antes, havia remodelado seu discurso ao fazer refer�ncia ao "golpe contra a democracia".
No dia seguinte � plen�ria com Lula, o prefeito participou de um evento pol�tico no Sindicato dos Arquitetos de S�o Paulo (SASP) onde voltou a falar em "golpe". O debate ocorreu no s�bado, 13. Diferentemente do que respondeu ao Estado, Haddad afirmou que "� golpe porque est�o descumprindo a Constitui��o em um quesito b�sico". Um v�deo de 40 segundos com a declara��o do prefeito durante o evento foi postado no in�cio da tarde desta segunda, 15, na p�gina de uma rede social do candidato a vereador e ex-secret�rio de Haddad, Nabil Bonduki (PT).