
Bras�lia – Em seu primeiro 7 de Setembro como presidente efetivo da Rep�blica, Michel Temer quebrou protocolos tradicionais do desfile c�vico-militar, mas n�o conseguiu escapar de cr�ticas de parte dos presentes por ter sido protagonista do impeachment da petista Dilma Rousseff. Ao contr�rio dos antecessores, Temer n�o desfilou no tradicional Rolls Royce, de capota aberta, optando por um Chevrolet Omega oficial, fechado. Tampouco passou em revista as tropas militares. E ainda foi para o palanque reservado �s autoridades sem ostentar a faixa presidencial.
Ao chegar ao palanque, durante a execu��o do Hino Nacional e ao longo do sobrevoo da Esquadrilha da Fuma�a pelos c�us da Esplanada, escrevendo “Orgulho de ser brasileiro”, o peemedebista foi vaiado, ouviu o conhecido bord�o “Fora, Temer”, e gritos de “golpista”. Os ataques vinham da arquibancada, reservada a populares, localizada praticamente em frente ao setor fechado para as autoridades federais.
Mas Temer tamb�m recebeu manifesta��es de apoio vindas da mesma arquibancada, comandadas por um grupo diferente. � semelhan�a do duelo de torcidas em est�dios de futebol, um grupo de pessoas gritou o nome do presidente da Rep�blica e a frase, tamb�m j� conhecida das manifesta��es favor�veis ao impeachment, “A minha bandeira jamais ser� vermelha”, em uma alus�o �s cores do PT, e “Brasil para frente, Temer presidente”.
Todas as quebras de protocolo feitas por Temer foram decididas com anteced�ncia e comunicadas aos assessores e ministros mais pr�ximos. No caso da faixa presidencial, por exemplo – que virou alvo de disputa durante o per�odo de interinidade, quando aliados palacianos chegaram a dizer que ela havia desaparecido –, o presidente repetiu a decis�o de n�o us�-la, a exemplo do que ocorreu durante a cerim�nia de posse, na semana passada.
Na avalia��o coletiva, a faixa representaria um s�mbolo de poder e, como essa imagem de empoderamento j� fora concretizada com a aprova��o do afastamento definitivo de Dilma, um gesto excessivo e desnecess�rio. O que n�o significaria, contudo, que Temer jamais usar� o ornamento. � bom lembrar que, at� o fim do mandato, em 31 de dezembro de 2018, ainda ocorrer�o mais duas cerim�nias de comemora��o da Independ�ncia. Em rela��o � op��o pela n�o revista � tropa e o embarque direto no carro fechado, foi uma tentativa de tornar o desfile mais c�lere.
“Natural”
Ap�s o t�rmino da cerim�nia, os ministros mais pr�ximos a Temer minimizaram as vaias dirigidas ao presidente. “Em eventos abertos ao p�blico, � natural que haja manifesta��es pol�ticas. Embora tendo sido superada a discuss�o sobre a legalidade e legitimidade do governo, alguns segmentos ainda procuram olhar e voltar para tr�s”, criticou o chefe da Casa Civil, ministro Eliseu Padilha. Ele fez at� uma compara��o num�rica entre o n�mero de pessoas que vaiaram o evento e o n�mero de presentes. “Foram 18 em 18 mil, � uma boa propor��o. Respeitamos as manifesta��es da mesma forma que recebemos as palmas e os aplausos dos demais participantes do evento”, concluiu. O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, afirmou que houve mais aplausos do que vaias quando o presidente chegou ao desfile.
Interlocutores do governo afirmaram que os protestos eram um sinal da maturidade democr�tica da atual gest�o. “N�o fizemos como os governos anteriores, que encheram as arquibancadas com ocupantes de cargos de confian�a escolhidos para aplaudir o PT. Quem quis vaiar, vaiou. Quem veio para aplaudir, aplaudiu”, destacou um aliado de Temer. No ano passado, em guerra declarada com o ent�o presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), Dilma Rousseff tamb�m foi alvo de protestos e a �rea do desfile ficou isolada dos manifestantes por tapumes de alum�nio. Fora do local restrito, um boneco infl�vel ironizava a presidente.
O secret�rio do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), Moreira Franco, afirmou que o grupo de intelig�ncia do Pal�cio do Planalto identificou que os protestos vieram de funcion�rios da Empresa Brasil de Comunica��o (EBC), descontentes com as mudan�as na empresa. “Os protestos s�o normais. Continuamos trabalhando para pacificar o pa�s”, disse. Temer estava acompanhado da primeira-dama, Marcela Temer, que vestia uma pe�a comprada especialmente para o evento. Tamb�m estavam presentes, al�m de v�rios ministros, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.