
Dois auxiliares de Temer disseram que, na semana passada, Cunha j� havia dado sinais de que faria tudo para envolver Moreira Franco em irregularidades na obra do Porto Maravilha - projeto de revitaliza��o da �rea portu�ria do Rio, que enfrenta den�ncias de corrup��o. O secret�rio assegurou ao presidente, no entanto, que estava "tranquilo" por n�o ter "nada a esconder". Procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, ele n�o quis responder �s acusa��es.
No Planalto, a percep��o � a de que Cunha quer se vingar de Moreira Franco por atribuir a ele a articula��o pol�tica para cassar o seu mandato. A opera��o teria come�ado com a elei��o de Rodrigo Maia (DEM-RJ), genro do secret�rio executivo do PPI, para a presid�ncia da C�mara, derrotando o grupo do peemedebista.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada no domingo, 18, o deputado cassado afirmou que o programa de concess�es do governo Temer "nasce sob suspei��o", com risco de esc�ndalo. "Na hora em que as investiga��es avan�arem, vai ficar muito dif�cil a perman�ncia do Moreira no governo", disse Cunha. Ele acusou Moreira Franco de estar por tr�s de irregularidades no Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Servi�o (FI-FGTS), que � administrado pela Caixa e financia obras de infraestrutura. Segundo Cunha, a opera��o de financiamento do Porto Maravilha foi montada por Moreira Franco.
O secret�rio executivo do PPI ocupou a vice-presid�ncia de Fundos e Loterias da Caixa de 2007 a 2010, antes de F�bio Cleto, que denunciou Cunha ao fazer dela��o premiada. O empres�rio Ricardo Pernambuco, da Carioca Engenharia, tamb�m afirmou � Procuradoria-Geral da Rep�blica, no �mbito das investiga��es da Lava Jato, que Cunha cobrou propina de R$ 52 milh�es em troca da libera��o de verba do FI-FGTS para o Porto Maravilha. O deputado cassado classificou como "surreal" a acusa��o.
M�goa
Parlamentares governistas interpretaram as afirma��es de Cunha como fruto da m�goa de quem acaba de ser cassado. "Acho que ele est� um tanto magoado, isso � natural. Eduardo Cunha � um homem ressentido, que est� fora do processo pol�tico", disse o l�der do DEM na C�mara, Pauderney Avelino (AM). Pauderney tamb�m saiu em defesa da elei��o de Maia para a presid�ncia da C�mara. "O Rodrigo se viabilizou por ele."
Maia foi procurado, mas n�o comentou as declara��es do peemedebista. A leitura que aliados do governo fizeram � que, ao eleger Moreira Franco como alvo, Cunha mostra que tem "bala para atirar", s� resta saber se ele tem provas a apresentar. Para um l�der da base aliada, Cunha "mata dois coelhos (Maia e Moreira) com uma paulada s�".
Para o vice-l�der da bancada do PT, Paulo Pimenta (RS), Cunha sinaliza que n�o est� ressentido apenas com "traidores" e desafetos, mas que tem muito a dizer sobre o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o que pode comprometer Temer. "Foi um sinal para o Moreira Franco e ao governo Temer que ele (Cunha) n�o est� morto."