O empres�rio Eike Batista entregou documentos ao Minist�rio P�blico Federal para comprovar o que disse em depoimento, em 20 de maio, sobre o pedido de R$ 5 milh�es para o PT que teria sido feito pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e sobre o repasse para o marqueteiro do PT Jo�o Santana em conta secreta na Su��a. O depoimento do empres�rio baseou a 34.ª fase da Opera��o Lava Jato, batizada de Arquivo X, deflagrada anteontem e que prendeu temporariamente o ex-ministro. A pris�o foi revogada na tarde do mesmo dia.
Ex-controlador da empresa de constru��o naval OSX, o empres�rio entregou documentos como a agenda oficial com o ex-ministro, em Bras�lia, o registro de voo, contratos falsos firmados com empresas de Santana e os comprovantes de transfer�ncia de uma conta sua no exterior para a conta do casal Jo�o Santana e M�nica Moura em nome da offshore Shell Bill Finance - de US$ 2,3 milh�es, em 2013.
Al�m da agenda com o registro do encontro oficial com Mantega no dia 1.º de novembro de 2012, o empres�rio entregou o registro do voo usado por ele para se deslocar at� Bras�lia.
Eike procurou o MPF depois de um delator da Lava Jato ter apontado propinas e fraudes na licita��o das plataformas P-67 e P-70, vencidas pelo Cons�rcio Integra Offshore (formado pela Mendes J�nior e OSX Constru��o Naval) - neg�cios de US$ 922 milh�es, assinado em 2012. O delator era Eduardo Musa, ex-gerente da Diretoria de Internacional da Petrobr�s, �rea respons�vel pelo contrato, at� 2009, e diretor da OSX na �poca do fato.
Em maio deste ano, outro ex-executivo da OSX confirmou aos investigadores da for�a-tarefa as fraudes, deu o caminho do dinheiro da propina e citou que Eike Batista sabia e discutiu o assunto.
O empres�rio negou a propina, mas, no entanto, a vers�o n�o convenceu o juiz federal S�rgio Moro. Em seu despacho que autorizou a deflagra��o da 34.ª fase da Lava Jato, Moro ressaltou que “Eike Batista negou que o dep�sito de USD 2.350.000,00 tivesse rela��o com o contrato obtido pelo Cons�rcio Integra, tratando-se de doa��o eleitoral”.
“O problema � que a transfer�ncia de recurso foi feita por meio subrept�cio, atrav�s de contas secretas mantidas no exterior e com simula��o de contratos de presta��o de servi�o, meio bem mais sofisticado do que o usual mesmo para uma doa��o eleitoral n�o contabilizada”, observou Moro. “Al�m disso, seu interlocutor teria sido o ent�o Ministro da Fazenda, a quem n�o cabe solicitar doa��es eleitorais ao partido do governo, ainda mais doa��es subrept�cias.”
O magistrado ressaltou ainda que o repasse foi feito a Santana em 16 de abril de 2013, “ano no qual n�o houve elei��es”. “E mesmo considerando a data da solicita��o, 1.º de dezembro de 2012, igualmente ap�s as elei��es municipais daquele ano.”
A reportagem n�o conseguiu localizar ontem o advogado Jos� Roberto Batochio, que defende Mantega. Anteontem, Batochio afirmou que seu cliente “jamais pediu propinas ou recursos para partido pol�tico”. Ainda segundo o advogado, o ex-ministro disse a ele que “nunca conversou” com o empres�rio Eike Batista.