Bras�lia - A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou nesta ter�a-feira, durante entrevista no Senado, que recebeu com "profunda tristeza" a decis�o da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal de torn�-la r� na Opera��o Lava-Jato, mas que, a partir desta nova fase do processo, ela ter� a oportunidade de provar a sua inoc�ncia.
"Recebi com profunda tristeza a aceita��o da den�ncia contra mim e contra o Paulo (o ex-ministro Paulo Bernardo, seu marido). Mas em seu voto, o ministro relator Teori Zavascki coloca que n�o tem certeza dos fatos ocorridos, portanto me d� o benef�cio da d�vida, coisa que eu n�o tive at� agora durante o processo", disse.
Ela tamb�m negou ter recebido R$ 1 milh�o de propina de contratos firmados entre empreiteiras e a Petrobr�s e afirmou n�o conhecer um dos delatores que citaram o seu nome em depoimentos, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa. "Eu n�o recebi esse dinheiro, eu n�o conhe�o esses personagens e nunca estive com Paulo Roberto Costa", disse.
A decis�o de aceitar a den�ncia contra Gleisi e Paulo Bernardo foi un�nime. Votaram por torn�-la r� os cinco ministros que comp�em a Segunda Turma: Teori, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. Em seu voto, Teori afirmou haver "descri��o clara dos fatos" e que o Minist�rio P�blico apresentou "elementos concretos" ao apresentar a den�ncia.
Com a decis�o, Gleisi se tornou a primeira senadora com mandato atualmente alvo de uma a��o penal na Lava Jato. As investiga��es apontam que o dinheiro desviado da Petrobras foi usado para custear parte da campanha eleitoral da petista em 2010.
A senadora tamb�m divulgou uma nota sobre a decis�o da 2ª Turma do STF:
"Embora nutra respeito pela Justi�a de nosso Pa�s, � com profunda tristeza que recebo a decis�o da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de acatar a den�ncia formulada contra mim e meu marido pela Procuradoria Geral da Rep�blica.
Em seu voto, o ministro relator Teori Zavascki concluiu dizendo que n�o d� para ter certeza de que os fatos ocorreram, mas que nesse momento basta uma d�vida razo�vel para aceitar a den�ncia. Agora, pelo menos terei, no julgamento do STF, o benef�cio da d�vida. Estou ciente de que o Supremo Tribunal Federal, ao analisar com profundidade o que foi apresentado nos autos, saber� julgar com serenidade, imparcialidade e isen��o esse processo. Tais requisitos faltaram em outras inst�ncias. Por isso, vejo a decis�o desta ter�a-feira como uma nova oportunidade de provar, sem sombra de d�vidas, a nossa inoc�ncia.
Desde o in�cio desse lament�vel epis�dio, quando injustamente fomos indiciados pela Pol�cia Federal, insistimos � exaust�o que n�o h� uma �nica prova concreta que aponte o recebimento de recursos il�citos para minha campanha ao Senado, em 2010.
Como o meu advogado Rodrigo Mudrovitsch voltou a enfatizar hoje da tribuna do STF, a den�ncia da PGR se baseia unicamente em question�veis dela��es do doleiro Alberto Youssef, do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do s�cio do doleiro, Antonio Carlos Pieruccini. Em sua dela��o, essa pessoa disse que transportou a suposta propina para minha campanha, em dinheiro, de S�o Paulo para Curitiba, em quatro viagens. Ele afirmou ainda que entregou a quantia para o empres�rio Ernesto Kugler, que sempre negou o fato.
Se Pieruccini esteve realmente quatro vezes com o empres�rio, por que a Pol�cia Federal n�o obteve provas f�sicas desses encontros? A bem da verdade, a den�ncia sequer aponta qualquer ato concreto cometido. Baseia-se apenas em especula��es que n�o s�o compat�veis com o que se espera de uma acusa��o penal.
S�o in�meras as contradi��es nos depoimentos dos delatores que embasam a den�ncia, as quais tiram toda a credibilidade das supostas dela��es. Um deles apresentou, nada mais, nada menos, do que seis vers�es diferentes para esses fatos, o que comprova ainda mais que eles n�o existiram. Tenho certeza que a verdade prevalecer�".
Em nota, a advogada Veronica Sterman, defensora do ex-ministro Paulo Bernardo, afirmou que "o Supremo Tribunal Federal limitou-se a discutir os aspectos formais da den�ncia, sem se aprofundar na an�lise de provas. Ao longo da instru��o restar� demonstrada a n�o participa��o de Paulo Bernardo nesses fatos"