"O PT vai fazer o qu�? Vai se engalfinhar na luta interna sem vis�o estrat�gica de futuro? � um p�ssimo caminho", argumentou o deputado, que � um dos vice-presidentes do partido. "Esse modelo de polariza��o entre dois campos engessa e mata o debate."
A cr�tica de Guimar�es tem endere�o certo: o grupo "Muda PT", que abriga cinco correntes de esquerda no espectro ideol�gico do petismo, entre as quais a Mensagem ao Partido, do ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro. Nas fileiras dos insatisfeitos, h� quem j� fale, reservadamente, em nova debandada no PT, desta vez de deputados, que temem n�o se reeleger em 2018, caso a CNB continue dando as cartas e impe�a o movimento pela "refunda��o" da sigla.
Em plen�ria realizada na noite desta segunda-feira, 17, em Bras�lia, o "Muda PT" aprovou um manifesto conclamando os militantes a ocupar "as ruas e os espa�os" do partido, em defesa de um congresso imediato para apresentar nova estrat�gia, atualizar o programa e eleger outra dire��o. Um encontro pr�vio foi convocado pelo grupo para os dias 3 e 4 de dezembro.
O congresso � a inst�ncia m�xima de delibera��o do PT. A diverg�ncia ocorre porque o campo majorit�rio, liderado pela CNB - a corrente do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e de Guimar�es - quer que a nova dire��o seja escolhida em abril ou maio de 2017 por meio do Processo de Elei��o Direta (PED), com voto dos filiados. O outro campo, capitaneado pelo grupo "Muda PT", exige que o 6º Congresso seja feito ainda este ano e tenha o poder de eleger os novos dirigentes.
A esquerda petista alega que o PED virou um processo contaminado por pr�ticas eleitorais do sistema pol�tico, sendo dominado por abuso do poder econ�mico e filia��o em massa para dirigir o resultado das urnas. "Nossos sonhos e lutas n�o cabem nesses artif�cios burocr�ticos", diz o manifesto do grupo. "Queremos mudar o PT para reconquistar o apoio da classe trabalhadora, da juventude e das novas lutadoras e lutadores sociais mobilizados em todo o Brasil".
Contrariado com o rumo das discuss�es, na esteira do impeachment de Dilma Rousseff e depois de o PT perder 60% de suas prefeituras, tendo a maior derrota eleitoral em S�o Paulo, Guimar�es disse que h� descontentes fazendo amea�as sem sequer discutir um projeto para o partido. "Ningu�m mais do que eu prega mudan�as substantivas no PT, com atualiza��o do programa e reformula��o da pol�tica de alian�as, privilegiando as for�as de esquerda", afirmou o deputado, que foi l�der do governo na C�mara na gest�o de Dilma.
Guimar�es concorda com a troca do comando petista em todos os n�veis, do diret�rio nacional �s se��es estaduais e municipais. "Mas n�o d� para fazer o debate atropelando as regras, a pol�tica, e amea�ando 'se fizer isso, eu fico; se n�o fizer, eu saio'. Voc� n�o muda nada com ultimatos nem ca�a �s bruxas. Os que sa�ram no passado do PT perderam vergonhosamente e o nosso partido continua com uma base grande", argumentou.
Em sintonia com Lula, o deputado defendeu uma oposi��o "propositiva" ao governo do presidente Michel Temer. "Devemos discutir um novo programa econ�mico para o Pa�s. Se o de Temer � de restri��o de direitos, precisamos propor algo para p�r no lugar", insistiu ele.
A Opera��o Lava Jato, que tornou Lula r�u e prendeu v�rios nomes de peso do PT, tamb�m serve de combust�vel para o racha no partido. Em p�blico, todas as correntes pregam uma autocr�tica dos erros cometidos, embora questionem a "seletividade das investiga��es", que estariam protegendo pol�ticos do PSDB e do PMDB. Mesmo assim, a defesa da puni��o para quem cometeu irregularidades no PT, como prev� o C�digo de �tica da legenda, ainda divide o partido.
"A ideia de que tudo � ataque da direita impede o debate cr�tico", disse o secret�rio de Forma��o Pol�tica do PT, Carlos Henrique �rabe, da corrente Mensagem ao Partido. "Precisamos superar essa vis�o acomodada. N�o tem aqui ultimato, mas devemos nos debru�ar sobre um processo de apura��o, porque essa crise atinge todo o PT." E concluiu: "O que se sucedeu em rela��o � quest�o financeira no partido? Por que n�o fizemos reformas mais profundas? Queremos olhar para o futuro, mas tamb�m examinar o que nos levou a tantas derrotas."