
Silva detalhou a den�ncia apresentada ao Minist�rio P�blico Federal e � Pol�cia Federal. A varredura de grampos realizada no escrit�rio de Sarney, de acordo com ele, foi feita por meio de uma "ordem de miss�o oculta", n�o numerada, em julho de 2015, quando o ex-parlamentar n�o exercia mais cargo p�blico.
"Muitas vezes a emiss�o de ordem de miss�o vinha n�o numerada. Uma ordem de miss�o n�o numerada � aquela que est� inscrita no papel, mas n�o entra no controle. Tem a ordem 1,2,3,4, 5 e, a partir do momento que emito uma sem numera��o, significa que ela n�o est� entrando no controle. Isso aconteceu na do Sarney", afirmou Silva. "Ordem de miss�o n�o numerada n�o � normal porque todo documento oficial tem que ter um controle do �rg�o", completou.
Afastado das atividades por motivos de sa�de, Silva, de 29 anos e h� quatro funcion�rio concursado da Pol�cia Legislativa, diz que fez a den�ncia ap�s suspeitar que as a��es de varreduras tinham como objetivo embara�ar as investiga��es da PF no �mbito da Opera��o Lava-Jato. Ele nega rela��o com o fato de estar respondendo a um procedimento interno sob a acusa��o de dar aulas em um cursinho em hor�rio de expediente. "N�o tem fundamento, porque a den�ncia que fiz foi de maio e a sindic�ncia � de 31 de agosto."
Desdobramentos das investiga��es da PF apontam que um grupo de policiais legislativos, liderado pelo diretor da Pol�cia do Senado, Pedro Ricardo Ara�jo Carvalho, "tinha a finalidade de criar embara�os �s a��es investigativas da PF para favorecer senadores e ex-senadores, utilizando-se de equipamentos de intelig�ncia". Entre os beneficiados tamb�m foram citados os senadores Fernando Collor (PTC-AL) e Gleisi Hofmann (PT-PR), al�m do ex-senador Lob�o Filho (PMDB-MA).
Carvalho e mais tr�s policiais legislativos foram presos pela PF, mas apenas o diretor continua detido. Em nota divulgada na sexta-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu a atua��o dos policiais subordinados a ele e afirmou que as varreduras n�o acarretam em outros tipos de monitoramento.
Lava-Jato
Silva relatou tamb�m uma ordem de "miss�o n�o numerada" nos escrit�rios particulares de Lob�o Filho no Maranh�o. Na ocasi�o, por�m, houve resist�ncia por parte dos agentes do Senado destacados para a opera��o.
"Como era algo que causava estranheza, o pessoal acabou entendendo, por bem, que n�o seria cumprido se n�o tivesse a ordem por escrito. E foi feito, apareceu a ordem por escrito e eles foram cumprir. Mas eu me recusei", afirmou.
Segundo ele, a recusa ocorreu ap�s notar uma associa��o do pedido de varredura com uma a��o da Lava-Jato. "A PF fez uma opera��o que envolveu o Lob�o e pouco tempo depois foi determinado uma varredura nos escrit�rios particulares e na resid�ncia l� no Maranh�o."
A mesma iniciativa teria ocorrido ap�s batida da PF nas resid�ncias do senador Fernando Collor (PTC-AL), realizadas em 15 de julho, em Bras�lia. "Assim que a Pol�cia Federal saiu da Casa da Dinda, o pessoal entrou para fazer a varredura. Assim que sa�ram do apartamento funcional dele, o mesmo procedimento foi feito" disse Igor.
"Isso me causava estranheza. Se a Opera��o Lava-Jato estava com a autoriza��o judicial e a PF cumpriu uma decis�o tamb�m com autoriza��o, como � que eu vou, na sequ�ncia, no mesmo endere�o, fazer uma opera��o de contraintelig�ncia verificando se existe ou n�o o grampo? Voc� pode at� me falar: mas o grampo n�o poderia ser externo, de outro lugar? Poderia, mas tamb�m poderia ser da PF. E obviamente n�o vou saber identificar qual � qual, encontrando um, vou tir�-lo. E evidentemente que isso poderia atrapalhar o andamento das investiga��es."
O policial legislativo afirmou desconhecer de quem partiam as ordens para as miss�es. "� a d�vida que surge, mas eu tamb�m n�o posso tir�-la. Desconhe�o se havia alguma determina��o superior, alguma combina��o. Para cima n�o sei o que acontecia, sei o que acontecia do Pedro (diretor da Pol�cia Legislativa) para baixo."
Ele revelou ainda que, ap�s a opera��o de sexta, foi amea�ado por um agente pr�ximo do diretor da Pol�cia Legislativa. Em um grupo de mensagens utilizado pelos policiais, ele escreveu que "ap�s resolverem tudo isso ( pris�o de Carvalho ), deveriam resolveu o destino dele".
Defesa
Procurado pelo Estado, o advogado Ant�nio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Sarney, afirmou que o ex-senador n�o se lembra da varredura em seu escrit�rio. "Se foi feito depois, ele, como presidente do Senado, pode at� discutir se houve alguma quest�o administrativa, alguma falha. Mas jamais se cometeu um crime", disse Kakay.
O advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, foi procurado ontem, mas n�o respondeu aos telefonemas at� o fechamento desta edi��o.