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Estado de Minas

Jo�o Leite, o goleiro que virou deputado

Jo�o Leite tenta pela terceira vez chegar ao comando de BH carregando no curr�culo seis mandatos de deputado, um de vereador e pol�micas sobre sua defesa dos direitos humanos


postado em 30/10/2016 06:00 / atualizado em 30/10/2016 08:09

João Leite começou cedo no futebol, acompanhando o pai. Aos 21 anos, estreou no gol do Atlético. Em 1994, ele foi eleito deputado estadual, cargo que ocupa em sexto mandato(foto: Arquivo pessoal e Rodrigo Dias/ALMG)
Jo�o Leite come�ou cedo no futebol, acompanhando o pai. Aos 21 anos, estreou no gol do Atl�tico. Em 1994, ele foi eleito deputado estadual, cargo que ocupa em sexto mandato (foto: Arquivo pessoal e Rodrigo Dias/ALMG)

 
Atrasado para um encontro de campanha com professores, o candidato Jo�o Leite (PSDB) desceu do carro e se dirigia para o local da reuni�o quando foi parado na rua por um senhor humilde. Apesar da pressa dos assessores – preocupados com a agenda cheia dos �ltimos dias de campanha –, Jo�o Leite pediu paci�ncia e se voltou para o homem de cabe�a branca que queria sua aten��o. Ouviu reclama��es sobre os postos de sa�de e sobre a demora nas filas para marcar exames m�dicos. Trocou algumas palavras e se despediu, seguindo para o evento da campanha.

“Precisamos sempre do di�logo com a popula��o, saber ouvir suas demandas e pedidos, conhecer suas realidades”, disse Jo�o Leite em um de seus programas eleitorais. A estrat�gia de se apresentar aos eleitores como um homem do di�logo e com experi�ncia pol�tica deu certo no primeiro turno. Na ponta das pesquisas desde o in�cio, o tucano evitou bolas divididas e sofreu poucos ataques dos advers�rios. Venceu com 33% dos votos v�lidos. “Sou um cara mais da defesa”, explicou se referindo � carreira como goleiro e sua dist�ncia, at� ent�o, de temas pol�micos na campanha.

No segundo turno, a estrat�gia mudou. Quando o embate se tornou mais duro com o candidato Alexandre Kalil (PHS) e as pesquisas indicaram uma disputa acirrada, o goleiro teve que aprender a atacar. O estilo pac�fico deu lugar ao enfrentamento e sua campanha se voltou para a desconstru��o do advers�rio. “� normal ter um segundo turno mais intenso, porque temos um contra o outro”, disse Jo�o Leite.

Aos 61 anos, casado e pai de tr�s filhos, o tucano disputa pela terceira vez a Prefeitura de Belo Horizonte. Sua trajet�ria pol�tica come�ou em 1992, no mesmo ano em que se aposentou dos gramados. Eleito vereador pelo PSDB, Jo�o Leite foi nomeado secret�rio de Esporte pelo prefeito Patrus Ananias (PT) – numa �poca que ainda n�o havia a rivalidade intensa entre as duas legendas.

A passagem pela C�mara Municipal e pela Secretaria de Esportes foi r�pida e, em 1994, ele se elegeu deputado estadual. Seria o primeiro de seis mandatos na Assembleia. Como parlamentar, Jo�o Leite se engajou na luta pelos direitos humanos e presidiu a CPI do Sistema carcer�rio.

Apelido que incomoda

Sua atua��o no Legislativo na d�cada de 1990 rendeu cr�ticas de grupos que o chamaram de “deputado defensor de bandido”. O apelido, que o parlamentar admite causar irrita��o, foi muito usado por advers�rios de Jo�o Leite durante a elei��o para a prefeitura. “Fico indignado quando algu�m fala isso. Chegaram a soltar presos para me matar”, rebate.

Em 2000, quando se candidatou pela primeira vez para a prefeitura, Jo�o Leite levou a disputa para o segundo turno contra C�lio de Castro (que tentava a reelei��o), mas foi derrotado por uma diferen�a de 9% dos votos v�lidos. Ele tentou novamente em 2004, dessa vez pelo PSB, mas foi derrotado no primeiro turno por Fernando Pimentel (PT).

Durante o governo A�cio Neves (PSDB), Jo�o Leite assumiu a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e do Esporte entre 2003 e 2004. Como secret�rio, criou o Conselho Estadual do Idoso e estimulou o esporte nas periferias. Em 2006 voltou para a Assembleia, participou das comiss�es de Defesa do Consumidor e do Meio Ambiente, al�m de presidir a Comiss�o de Seguran�a P�blica.

Integrante da bancada evang�lica, Jo�o Leite se envolveu em pol�mica quando criticou o chamado “kit gay”, elaborado para combater a homofobia nas escolas. “Esse � um tema que n�o me agrada discutir. Quero criar meu filho para se casar com uma mulher. Quero criar minhas filhas para se casarem com um homem. � meu direito. � nosso direito ter nossa f�, que tem um livro, a B�blia, que combate o homossexualismo”, afirmou o tucano em 2011.

Neste ano, questionado sobre sua posi��o em rela��o � comunidade LGBT, Jo�o Leite explicou que suas posi��es e cren�as n�o v�o influenciar sua maneira de governar a cidade. “N�o permitirei que ningu�m sofra discrimina��o ou preconceito. Serei um defensor do modo de vida que a pessoa quiser viver”, disse em entrevista ao Estado de Minas.

Nos campos

Filho de policial civil e de funcion�ria p�blica, Jo�o Leite cresceu na Vila Oeste, bairro humilde da regi�o Noroeste da capital mineira, e desde cedo se destacou no futebol. Aos 21 anos, em 1976, estreou pelo Atl�tico – clube que defendeu ininterruptamente nas duas d�cadas seguintes – e se tornou o atleta que mais vestiu a camisa alvinegra na hist�ria – 684 jogos. O sucesso debaixo das traves foi imediato e ele se tornou destaque em uma das melhores equipes do clube mineiro, performance que o levou, em 1980, � Sele��o Brasileira.

Durante o segundo turno da elei��o, no entanto, com embates cada vez mais agressivos entre o Jo�o Leite e Kalil, at� sua trajet�ria no gol do Galo foi questionada: “Se essa agressividade fosse contra Nunes (ex-atacante do Flamengo), n�o tinha tomado aquele gol”, disse Kalil, se referindo ao terceiro gol que levou do time carioca na decis�o do Campeonato Brasileiro de 1980, quando perdeu o t�tulo. O tucano rebateu dizendo que sua carreira no clube merecia respeito. “Voc� quer desmoralizar minha carreira, mas ela foi digna e respeitada por muitos”, respondeu Jo�o Leite.

Em 2016, as negocia��es entre o senador A�cio Neves e o prefeito Marcio Lacerda (PSB) para manter a parceria entre as legendas e lan�ar um candidato �nico fracassaram e Jo�o Leite foi indicado pelos tucanos para disputar a Prefeitura de Belo Horizonte.

Em julho, foi confirmado por unanimidade pelos 208 delegados do PSDB, e afirmou estar pronto para assumir o maior desafio de sua vida. “Quero vestir a camisa de um time formado por milh�es de pessoas de todos os times, de todos os credos, ra�as e ideologias, um time chamado Belo Horizonte”, disse Jo�o Leite.


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