

“N�o posso prometer para voc�s as obras que sei muito bem que voc�s precisam. Porque isso � pura demagogia. Mas posso dizer que vou correr atr�s dos recursos e que saneamento b�sico ser� prioridade, porque isso � dar condi��es m�nimas para as pessoas viverem bem. � muito mais importante do que fazer viaduto para cair na cabe�a da popula��o”, disse Kalil, em refer�ncia ao viaduto Batalha dos Guararapes que desabou em 2014 e matou duas pessoas.
Apresentar-se aos eleitores como um candidato diferente do modelo tradicional de pol�tico – que costumam prometer tudo nos palanques e n�o cumprem nada quando est�o no poder – foi a estrat�gia de Kalil desde o in�cio. O slogan da campanha � “Chega de pol�tico, � hora de Kalil”. No entanto, o candidato afirma n�o ser contra a pol�tica, “mas contra a politicagem e a troca de favores entre pol�ticos corruptos”.
A estrat�gia se encaixou bem com o momento de descr�dito de grande parte da popula��o brasileira com a classe pol�tica e, apesar de ter sido alvo de quase todos os outros candidatos no primeiro turno, Kalil foi para o segundo turno com 26% dos votos.
Na campanha ele manteve o estilo “pavio curto” que o fez conhecido pelo Brasil quando foi presidente do Atl�tico. Principalmente ao rebater ataques de seus advers�rios, Kalil subiu o tom e usou ironias para criticar os advers�rios – na maioria das vezes o embate foi com o vice-prefeito D�lio Malheiros (PSD) e com o deputado Luis Tib� (PTdoB). No segundo turno, subiu ainda mais o tom dos ataques tanto nos debates como nas redes sociais.
Fora da pol�tica, a vida de Kalil tem sido marcada por embates. No futebol, colecionou desafetos ao longo dos seis anos que presidiu o Galo – 2008 at� 2014. Bate-bocas no Clube dos 13 com o ex-presidente do Flamengo Kl�ber Leite, com o ex-presidente do Cruzeiro, senador Zez� Perrela, e com o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, fizeram com que a fama de brig�o se espalhasse pelo pa�s. Os embates j� renderam suspens�o pelo Superior Tribunal de Justi�a Desportiva (STJD), mas tamb�m pr�mios de dirigente do ano pela CBF e no Trof�u Guar�.
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Descendente de turcos, aos 57 anos, Alexandre Kalil � pai de tr�s filhos e est� no segundo casamento. O belo-horizontino fez faculdade de engenharia, mas largou no quarto ano para trabalhar na Erkal, empresa especializada em infraestrutura rodovi�ria, urbana e industrial, fundada pelo pai, Elias Kalil, e pelo tio.
A empresa foi o principal motivo de ataques dos advers�rios durante a campanha. Kalil foi acusado de ter falido a construtora e dar calote em funcion�rios. No segundo turno, o candidato Jo�o Leite (PSDB) usou depoimentos de tr�s ex-funcion�rios para atacar Kalil e desconstruir sua imagem de bom gestor. O empres�rio admitiu que tem problemas em an�lise na Justi�a, mas ressaltou que, “dos 150 mil funcion�rios que passaram por sua empresa nos �ltimos 30 anos, apenas pouco mais de 100 alegaram algum tipo de problema”.
Sua trajet�ria no esporte come�ou no Atl�tico, quando o clube montou uma equipe de voleibol. Entre 1980 e 1983, Kalil coordenou a modalidade e conseguiu t�tulos estaduais e metropolitanos. A partir de 1998 ele se tornou um dos homens fortes do futebol no Galo ao presidir o Conselho Deliberativo e, em 2008, assumiu a presid�ncia do clube.
No comando do Galo, Kalil concentrou os investimentos do clube no futebol, praticamente extinguiu outros departamentos e apostou em grandes contrata��es, como os craques Ronaldinho Ga�cho e Diego Tardelli, para que a equipe conquistasse t�tulos importantes. A estrat�gia deu certo e a gl�ria veio em 2013, com a Ta�a Libertadores da Am�rica.
A t�o almejada ta�a, no entanto, tornou-se motivo de pol�mica nesta campanha por causa de um coment�rio feito no dia seguinte da conquista: “Dormir com a ta�a � melhor do que com mulher. Ela acorda calada”, disse Kalil. A frase, que o cartola diz ser uma brincadeira, foi usada pelo PSDB como exemplo de preconceito contra as mulheres.
Como dirigente, Kalil colecionou tamb�m pol�micas e intrigas com torcedores arquirrivais, com v�rios ataques ao Cruzeiro. Algumas de suas falas criticando o clube rival foram usadas por advers�rios durante a campanha deste ano e fizeram com que o atleticano mudasse o tom com a torcida rival. Desde o in�cio, ele tratou de amenizar as cr�ticas do passado e disse que espera contar tamb�m com os votos da torcida celeste. “Quero ser prefeito de cruzeirenses e atleticanos”, disse.
Sua atua��o como dirigente esportivo rendeu convites para que ele se filiasse a partidos pol�ticos desde 2010, quando negou a se candidatar deputado pelo Partido Verde. Quatro anos depois, ele aceitou disputar uma vaga na C�mara dos Deputados pelo PSB, mas sua campanha durou poucas semanas. Logo ap�s a morte do presidente da legenda – o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em acidente a�reo em agosto de 2014 – Kalil desistiu da candidatura.
Ao seu estilo, o mandat�rio saiu do partido reclamando dos acordos fechados internamente ap�s a morte de Campos e detonando a classe pol�tica. “Nada nesse partido me interessa. O que me interessava caiu de avi�o. Nem piso no partido. Agora estou livre desta merda de pol�tica. N�o vou me rebaixar a ser pol�tico”, disparou Kalil.
Em mar�o deste ano, o cartola retomou a rela��o com a pol�tica. Aceitando convite do PHS para disputar a prefeitura. A legenda de pouca express�o apostou na popularidade de Kalil para atrair eleitores e conseguiu eleger quatro vereadores, se tornando uma das mais fortes na C�mara de BH. O ex-mandat�rio do Atl�tico, no entanto, mant�m uma rela��o amb�gua com a pol�tica e diz que n�o faz planos futuros ou se vai tentar a reelei��o: “Vou tentar a reelei��o se for bem, porque se for uma merda de prefeito, quem � que vai querer me reeleger?”.