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Estado de Minas

Quantidade de 'n�o votos' nas elei��es municipais mostra cen�rio de insatisfa��o

Votos nulos, em branco e absten��es superaram os dos prefeitos eleitos em cinco capitais, inclusive BH. No pa�s, quase se igualaram � popula��o de S�o Paulo, maior cidade brasileira


postado em 06/11/2016 06:00 / atualizado em 06/11/2016 07:41

Nem candidato populista nem candidato empres�rio, muito menos pol�tico tradicional. A soma de votos nulos, em branco e absten��es “venceu” as elei��es em cinco das 26 capitais. O “n�o-voto” superou a vota��o dos prefeitos eleitos em Belo Horizonte, Rio, S�o Paulo, Porto Alegre e Aracaju, que, juntas, concentram mais de 10% do eleitorado brasileiro. No pa�s, foram 10,8 milh�es de pessoas, quase igual � popula��o de S�o Paulo, maior cidade do pa�s, com 12 milh�es de habitantes. As cinco capitais s�o retrato de um fen�meno presente em todo o Brasil, em que cada vez mais gente opta por n�o escolher candidato ou nem comparecer �s urnas. Em algumas dessas cidades, houve at� movimentos que lan�aram campanhas de incentivo ao voto nulo,


Com base nos n�meros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Estado de Minas fez levantamento do chamado alheamento eleitoral, que inclui votos em branco, nulos e absten��es. Essa realidade abrange quase um ter�o do eleitorado brasileiro e tem crescido. Nas elei��es de 2012, 25,4% dos eleitores preferiram n�o votar ou se abster no primeiro turno; j� no segundo turno, 26,5% adotaram essa postura. Quatro anos depois, essa foi a op��o de 28,4% do eleitorado no primeiro turno e de 32,7% no segundo. O cen�rio preocupante pode ser sintetizado na avalia��o de um eleitor:  “Nenhum candidato me representa”, afirma a estudante Marina Soltz, de 18 anos, que fez quest�o de comparecer �s urnas para registrar seu voto nulo.


Embora o voto seja obrigat�rio, as absten��es tiveram o maior peso nessa estat�stica. No segundo turno, chegaram a 21,55%, mais de um quinto do eleitorado. Considerando as cidades que elegeram  prefeitos no primeiro e no segundo turno, o maior alheamento ocorreu no Rio de Janeiro, seguido de Porto Alegre e BH.


Um total de 41,5% do eleitorado da capital fluminense votou nulo, em branco ou n�o compareceu na disputa entre o prefeito eleito Marcelo Crivella (PRB) e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Em n�meros, o “n�o-voto” teve 2 milh�es de adeptos, contra 1,7 milh�o de eleitores de Crivella. Em Porto Alegre, o percentual foi de 39,4% e chegou a 433.751 eleitores.
Em BH, que teve o ex-presidente do Atl�tico Mineiro Alexandre Kalil (PHS) e o ex-goleiro e deputado estadual Jo�o Leite (PSDB) duelando no segundo turno, esse �ndice chegou a 38,4%. Eleito com 628 mil votos, Kalil, vitorioso com o discurso apoiado no slogan “Chega de pol�tica”, levou a melhor em rela��o ao tucano, mas teve menos votos do que a soma dos nulos, em branco e absten��es, que chegou a 742 mil.


Em S�o Paulo, o empres�rio Jo�o Doria (PSDB) venceu no primeiro turno, com o aval de 3.085.187 eleitores, quase 11 mil a menos do que os que n�o foram �s urnas ou votaram em branco ou nulo.
Professor do Departamento de Ci�ncia Pol�tica da Universidade de S�o Paulo (USP), Wagner Pralon Mancuso lembra esse �ndice inclui diversas situa��es, como a de pessoas com menos de 18 anos e mais de 70 anos que n�o s�o obrigadas a votar. “Sem d�vida, boa parte � a falta de identifica��o com os candidatos. N�o est�o se interessando pelo card�pio oferecido pelos partidos. Pode ser interpretado como insatisfa��o, indiferen�a, desalento”, analisa.

Recado das urnas


Em BH, a derrota para o alto �ndice de alheamento deu o tom do pronunciamento de Jo�o Leite assim que o resultado foi divulgado. “Isso mostra grande distanciamento da popula��o com a pol�tica. A nega��o da pol�tica proporciona um ambiente para o autoritarismo e para algo mais grave ainda: o preconceito”, disse. Para o deputado estadual Paulo Lamac (Rede), vice na chapa eleita de Kalil, o resultado reflete a descren�a da popula��o com os pol�ticos. “As pessoas n�o percebem a pol�tica como elemento para modifica��o da realidade”, avalia.


Kalil est� fora do ar at� o fim da semana e, mesmo sem falar em nome do prefeito, o vice � enf�tico: “N�o envergonhar a popula��o e dar respostas com atos de governo � a �nica medida, mas n�o � suficiente”, diz Lamac, que defende maior discuss�o sobre a pol�tica na educa��o.


O pesquisador do Centro de Estudos Legislativos da UFMG Lucas Cunha destaca que esse fen�meno do “n�o-voto” n�o est� restrito ao Brasil. “No Chile, 71% dos jovens n�o se cadastraram para votar. No Brasil, apesar do voto obrigat�rio, o custo de n�o votar � muito baixo”, refor�a o pesquisador, que n�o atribui isso ao afastamento da popula��o da pol�tica.
“Desde 2013, as pessoas est�o vivendo uma politiza��o, inclusive por causa da crise econ�mica. Passaram a discutir mais pol�tica. Esse percentual de ‘n�o-votos’ n�o quer dizer apenas apatia ou desencanto, mas que h� insatisfa��o com o sistema eleitoral”, afirma. Cunha aponta que o perfil de Doria, Crivella e Kalil refor�a o esgotamento do sistema pol�tico: “O que est� em jogo � a reputa��o pessoal dos candidatos e muito menos a ideologia dos partidos e suas posi��es sobre a cidade”.


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