Bras�lia - A defesa da presidente cassada Dilma Rousseff mudou de estrat�gia e tenta agora preservar os direitos pol�ticos da petista “arrastando” o presidente Michel Temer para o seu lado como boia de salva��o. Convencidos de que h� no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma tend�ncia para tornar Dilma ineleg�vel e retirar o que ela conquistou quando o impeachment foi aprovado no Senado, seus advogados fazem de tudo para Temer n�o se separar do PT no processo que pede a cassa��o da chapa reeleita em 2014.
Nos bastidores, petistas argumentam que “ou os dois morrem juntos ou os dois se salvam juntos”. Ao sofrer impeachment, em agosto, Dilma manteve os direitos pol�ticos. Pode concorrer a cargos p�blicos e disputar elei��es, mas tudo isso corre risco caso haja impugna��o da chapa.
Indissol�vel
Temer pede a separa��o do julgamento de suas contas sob a alega��o de que, � �poca, era candidato a vice e n�o pode ser responsabilizado por eventuais il�citos cometidos pelo comit� do PT. Para provar que a chapa � indissol�vel, o advogado Fl�vio Caetano, defensor de Dilma, juntou ao processo c�pia de um cheque de R$ 1 milh�o e documentos indicando que a doa��o � campanha, feita pela empreiteira Andrade Gutierrez, entrou pela conta de Temer, ent�o presidente do PMDB.
“N�s fomos surpreendidos por uma mentira quando Ot�vio Azevedo (ex-presidente da Andrade Gutierrez e delator da Lava Jato) disse, em depoimento ao TSE, que havia uma transfer�ncia de R$ 1 milh�o do Diret�rio Nacional do PT para a campanha de Dilma”, afirmou Caetano. “A doa��o ocorreu por meio do Diret�rio do PMDB. E o depoente j� havia assegurado que a contribui��o para esse partido tinha sido absolutamente volunt�ria e regular.”
O advogado negou que tenha mudado de estrat�gia. “Sempre trabalhamos pela improced�ncia da a��o e destacamos que a chapa � �nica. N�o h� possibilidade de separa��o.”
Gustavo Guedes, advogado de Temer, tamb�m observou “contradi��es” no depoimento de Ot�vio Azevedo.
“N�o h� nenhuma prova nos autos sobre a utiliza��o de dinheiro il�cito na campanha de 2014. O �nico depoimento que apontaria alguma poss�vel ilicitude se mostrou, no m�nimo, fr�gil”, argumentou Guedes.
A nova t�tica da defesa de Dilma para “arrastar” Temer ficou ainda mais evidente na quarta-feira. No depoimento de Giles Azevedo, ex-chefe de gabinete da petista, Caetano o questionou sobre a participa��o de Temer em com�cios ao lado da ent�o presidente. O assessor tamb�m foi perguntado sobre reuni�es com o candidato a vice e visitas feitas por ele ao comit�.
As respostas de Giles refor�aram a vincula��o de Temer com a campanha. “Todo mundo quer se salvar. O que eles n�o querem � que n�s nos salvemos e eles, n�o”, resumiu um interlocutor do presidente. Um ex-ministro de Dilma confirmou este diagn�stico: “N�o vamos deixar Temer posar de santo”.
A posi��o do relator do processo, Herman Benjamin, preocupa tanto o Pal�cio do Planalto como o PT. Respeitado na Corte, Benjamin d� sinais de que pode causar problemas para Temer, embora tenha ambi��es de se tornar ministro do Supremo Tribunal Federal, se houver vaga em 2017, com a prov�vel aposentadoria de Celso de Mello. A indica��o ao STF � feita pelo presidente.
“Ningu�m sabe como vai ser meu voto”, disse Benjamin, ao ser questionado pelo Estado. “Ser� um julgamento t�cnico. N�o tem componente pol�tico.