
Quebras de sigilo banc�rio do ex-governador do Rio de Janeiro S�rgio Cabral (PMDB), da mulher, Adriana Ancelmo, e do ex-assessor considerado seu operador, Carlos Emmanuel Miranda, mostram compra de bens com “vultosos” pagamentos em dinheiro vivo — mesmo expediente usado pela Andrade Gutierrez para repassar propinas ao peemedebista, segundo relataram executivos da empreiteira. A pr�tica foi considerada suspeita pelo juiz S�rgio Moro, que, assim como o colega Marcelo Bretas, determinou a pris�o preventiva do pol�tico. Ontem, Cabral passou o segundo dia na cadeia de Bangu 8, na Zona Oeste do Rio, de cabelos cortados e uniforme de presidi�rio. Ele divide cela com mais cinco presos na Opera��o Calicute, fase da Lava-Jato que atingiu neg�cios do ex-governador considerados il�citos. Um cen�rio bem diferente do que costumava frequentar em Paris, com farras regadas a espumantes caros e muito guardanapo na cabe�a.
Segundo o despacho de pris�o do juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Cabral, Adriana e Miranda tinham, “por padr�o de conduta a aquisi��o de bens mediante pagamentos vultuosos em esp�cie”. Os valores somaram R$ 949 mil entre 2009 e 2015. S�rgio Moro desconfiou. “Pagamentos vultosos em esp�cie, embora n�o sejam il�citos, constituem expediente comumente utilizado para prevenir rastreamento e ocultar transa��es financeiras”, destacou. “Causa certa estranheza, por exemplo, a frequ�ncia de aquisi��es vultosas de bens m�veis em esp�cie, como as feitas por Adriana Anselmo.”
Al�m disso, os pagamentos ainda eram feitos de maneira fracionada, em valores abaixo de R$ 10 mil. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Minist�rio da Fazenda, exige que saques e transfer�ncias acima de R$ 100 mil sejam comunicadas imediatamente pelos bancos; as movimenta��es suspeitas acima de R$ 10 mil, tamb�m. Por isso, S�rgio Moro estranhou o fato de as compras serem feitas em parcelas abaixo desse limite.
A ent�o primeira-dama do Rio comprou R$ 56 mil em m�veis em uma marcenaria no fim de 2010: uma mesa de trabalho, duas estantes para livros e dois escrit�rios volantes. Para pagar, pediu que os boletos fossem cancelados, segundo informou a loja ao Minist�rio P�blico. Preferiu fazer dep�sitos em esp�cie na conta da empresa — alguns no mesmo dia, mas sempre abaixo dos R$ 10 mil. Procedimento semelhante foi feito por Cabral. Durante seis dias em novembro de 2007, recebeu pouco mais de R$ 59 mil em sua conta banc�ria, divididos em seis dep�sitos de exatos R$ 9.900, abaixo do limite do Coaf. O escrit�rio de advocacia de Adriana ainda blindou um ve�culo com sete pagamentos em 15 de agosto de 2014, usando a mesma pr�tica.