O vazamento da dela��o premiada do ex-diretor de rela��es institucionais da Odebrecht Cl�udio Melo Filho causou preocupa��o ao Pal�cio do Planalto e movimentou a cena pol�tica brasileira. O executivo cita cerca de 50 pol�ticos, desde o presidente Michel Temer e a c�pula do PMDB a nomes de partidos como DEM, PSDB, PT, PSD, PP e PSB. Na lista, h� os presidentes da C�mara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), tr�s ministros, um secret�rio do governo, ao menos sete ex-ministros, al�m de senadores, deputados, ex-parlamentares e assessores. Ao todo, segundo o delator, eles teriam recebido R$ 75 milh�es, entre propina e financiamento legal e ilegal de campanha.
O foco do presidente nessas �ltimas semanas de trabalho no Congresso ser� garantir a aprova��o da PEC do Teto no segundo turno no Senado e o andamento da reforma da Previd�ncia nas comiss�es na C�mara. Cl�udio Melo Filho disse em dela��o que Temer teria pedido R$ 10 milh�es ao empreiteiro Marcelo Odebrecht em 2014. O Planalto negou a informa��o e afirmou, em nota, que as doa��es foram declaradas ao TSE, e que n�o houve caixa 2 nem entrega de dinheiro a Temer. Um interlocutor do presidente diz que � preciso aguardar se h� coer�ncia em todos os depoimentos que ainda est�o por vir, j� que 77 executivos da empreiteira firmaram acordo de dela��o premiada.
Logo ap�s as not�cias de que os executivos da Odebrecht fariam dela��o premiada, o presidente disse estar preocupado com os efeitos da dela��o da Odebrecht. “Se dissesse que n�o h� preocupa��o com a dela��o da Odebrecht, seria ing�nuo. Claro que h� preocupa��o de natureza institucional. H� preocupa��o, claro, n�o h� d�vida de que h�”, disse, ao lado de Rodrigo Maia e Renan Calheiros, no fim de novembro, quando anunciou acordo para impedir anistia ao caixa 2 no projeto de lei em tramita��o na C�mara. De acordo com a legisla��o, Temer n�o pode ser investigado por irregularidades cometidas fora do mandato.
N�CLEO As acusa��es tamb�m recaem sobre homens de confian�a de Temer, como o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que distribuiria a propina, e o secret�rio Moreira Franco. No Congresso, as revela��es atingiram parlamentares que est�o na disputa por cargos estrat�gicos dentro das duas Casas e at� para o ingresso no n�cleo duro do Planalto. Na lista est�o os nomes do presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que trabalha para a reelei��o na Casa, e do senador Eun�cio Oliveira (PMDB-CE), cotado para suceder a Renan Calheiros (PMDB-AL). Tamb�m foi citado o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), indicado para substituir o ex-ministro Geddel Vieira na Secretaria de Governo.
Outro citado � o l�der do PMDB no Senado, Eun�cio Oliveira (CE), que deve disputar a presid�ncia da Casa em 2017. De acordo com o delator, o peemedebista, que consta com o codinome “�ndio”, recebeu cerca de R$ 2,1 milh�es. Em nota, Eun�cio diz que nunca autorizou o uso de seu nome por terceiros e jamais recebeu recursos para a aprova��o de projetos. Procurado, Maia n�o quis se pronunciar ontem. (Com ag�ncias)
O delator
Ex-diretor de rela��es institucionais da Odebrecht, Cl�udio Melo Filho, de 49 anos, passou mais da metade da vida na empresa. Aos 22 anos, come�ou a trabalhar na empreiteira, em 1989, numa obra em Luzi�nia (GO) como estagi�rio. A partir de 2004, o baiano passou a comandar a diretoria de rela��es institucionais, cargo anteriormente ocupado pelo pai dele, Cl�udio Melo. A rela��o entre as fam�lias Odebrecht e Melo era grande. O ex-presidente Marcelo Odebrecht e Cl�udio Melo Filho deram continuidade � amizade e confian�a constru�da pelos pais. Melo Filho era, inclusive, o suplente de Marcelo no conselho administrativo da empreiteira. H� 12 anos, estava � frente da �rea institucional da empresa, uma das mais estrat�gicas. Melo Filho era um dos principais interlocutores da empresa com pol�ticos. Na dela��o premiada ao Minist�rio P�blico Federal (MPF), ele refor�a que seu envolvimento com “quest�es relevantes” foi pequeno em 2005, pois n�o conhecia os pol�ticos mais atuantes. O relacionamento com essas figuras foi constru�do aos poucos e com a ajuda dos conselhos do pai, que indicava os pol�ticos com capacidade de serem l�deres e que mereciam uma tratativa institucional.