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Estado de Minas

Darcy Ribeiro estava certo: educa��o � o caminho para reduzir a criminalidade

Educadores e juristas ouvidos pelo Estado de Minas s�o un�nimes: incha�o do sistema carcer�rio brasileiro seria evitado com melhorias no ensino. No Brasil, presos custam 13 vezes mais que estudante


postado em 15/01/2017 08:00 / atualizado em 15/01/2018 12:45


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Desde o agravamento da crise do sistema prisional brasileiro – que teve seu estopim com o derramamento de sangue nos pres�dios de Manaus e Boa Vista, no in�cio do m�s –, uma frase do antrop�logo Darcy Ribeiro (1922-1997) tem sido constantemente repetida em discursos e nas redes sociais na internet. “Se os governantes n�o constru�rem escolas, em 20 anos faltar� dinheiro para construir pres�dios”, disse o mineiro, em uma confer�ncia, em 1982. O Estado de Minas conversou com soci�logos, psic�logos e criminalistas para saber at� que ponto o incentivo em educa��o – sobretudo no ensino b�sico – � um fator preponderante para diminuir a inser��o no mundo do crime. A resposta: sim, a profecia feita em 1982 se concretizou e Darcy Ribeiro n�o s� tinha raz�o, como o pa�s atravessa uma crise no sistema prisional sem precedentes, com 622 mil presos, – sendo quase a metade de tempor�rios, aguardando julgamento – e um d�ficit de 250 mil vagas no sistema prisional.

Os dados s�o do �ltimo Levantamento Nacional de Informa��es Penitenci�rias (Infopen), do Minist�rio da Justi�a. A previs�o, se o crescimento da popula��o carcer�ria mantiver o ritmo, � de que o Brasil supere a marca de 1 milh�o de detentos em 2022. Segundo a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra C�rmen L�cia, tamb�m presidente do Conselho Nacional de Justi�a, um preso custa ao estado 13 vezes mais que um estudante: em m�dia, R$ 2,4 mil por m�s (R$ 28,8 mil por ano), enquanto um estudante de ensino m�dio custa atualmente R$ 2,2 mil por ano.

“Investimento em educa��o, de fato, reduz a vulnerabilidade das pessoas, que ficam menos expostas ao crime. � pacificado na literatura, um fato cient�fico”, afirma o pesquisador Rafael Alcadipani, professor da Funda��o Getulio Vargas e membro do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica. “Mas precisamos ir al�m desse mantra: temos que exigir qualidade no ensino e menos desigualdade. Pa�ses com menos desigualdade geram um povo educado e, consequentemente, menos violento.”

ESCOLA DE QUALIDADE
Em 2013, um estudo do departamento de Economia, Administra��o e Sociologia da Universidade de S�o Paulo (USP) mostrou que para cada investimento de 1% em educa��o, 0,1% do �ndice de criminalidade era reduzido. Para obter esse n�mero, a pesquisa analisou o gasto p�blico em educa��o entre 2000 e 2009, e como o investimento impactou na redu��o da taxa de homic�dios. Depois, observou como uma escola voltada para o desenvolvimento de conhecimento tem menos chance de desenvolver alunos violentos do que escolas com tra�os como depreda��o do patrim�nio, atua��o de gangues e tr�ficos de drogas.

“A escola, como sempre, � um meio de transforma��o. Mas estamos falando de uma boa escola: com professores valorizados, bem formados, para que crian�as possam sonhar com um futuro que n�o seja miser�vel”, afirma Vanessa Barros, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais e integrante do Observat�rio Nacional do Sistema Prisional. “Estamos falando de adolescentes e jovens que moram nas periferias, lugares mais vulner�veis. Os dados mostram que a escolaridade na popula��o carcer�ria � baixa e a realidade nos mostra que se houvesse escolas de qualidade, de fato, eles poderiam ter um futuro diferente”, garante a psic�loga.

"Fracassei em tudo o que tentei na vida.Tentei alfabetizar as crian�as brasileiras, n�o consegui.Tentei salvar os �ndios, n�o consegui. Tentei fazer uma universidade s�ria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos s�o minhas vit�rias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu." Darcy Ribeiro (1922-1997) (foto: Arquivo/EM)

DEDICA��O AO CONHECIMENTO
Um dos principais pensadores da hist�ria do Brasil, Darcy Ribeiro deixou uma obra que extrapola os limites de sua principal devo��o: a educa��o. Em mais de meio s�culo de produ��o intelectual, o mineiro nascido em Montes Claros, em 26 de outubro de 1922, e formado em antropologia pela Escola de Sociologia e Pol�tica de S�o Paulo, em 1946, deixou como legado um extenso trabalho etnogr�fico e de defesa da causa ind�gena, foi ministro de Estado, escreveu obras pol�ticas e se debru�ou sobre o Brasil para descobrir as ra�zes de seus diversos problemas.

As primeiras incurs�es na vida p�blica foram ainda na d�cada de 1950, na pasta da Educa��o, logo depois de criar a Universidade de Bras�lia (UnB). Nos anos 1960, foi ministro-chefe do governo Jo�o Goulart, antes de partir para o ex�lio, que durou at� 1976. Ainda na pol�tica, foi vice-governador de Leonel Brizola no Rio Janeiro (1982) e eleito senador pelo mesmo estado em 1991, cargo que ocupou at� a morte, em 17 de fevereiro de 1997, aos 74 anos. Entre suas obras mais aclamadas est�o o romance Ma�ra (1976) e O povo brasileiro – a forma��o e o sentido do Brasil (1995).


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