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Estado de Minas

Esquema de Cunha e Geddel previa at� calote na Caixa, diz empres�rio

Segundo empres�rio Evaldo Ulinski, operadores do esquema ofereceram empr�stimo de R$ 100 milh�es com condi��es especiais


postado em 16/01/2017 07:19 / atualizado em 16/01/2017 07:39

O empres�rio Evaldo Ulinski, ex-dono do Big Frango, uma das empresas investigadas na Opera��o Cui Bono?, disse que L�cio Bolonha Funaro e operadores dele lhe ofereceram um empr�stimo de R$ 100 milh�es na Caixa Econ�mica Federal, com condi��es especiais. Cobrariam 10% sobre do valor do financiamento, a t�tulo de comiss�o, para facilitar a libera��o dos recursos. Mas havia outra op��o. Se o empres�rio aceitasse dar uma comiss�o maior, de 30%, n�o pagaria o empr�stimo. "Era 10% para voc� pagar e 30% para nunca mais precisar pagar. As palavras deles", disse Ulinski ao jornal.

A hist�ria contada por Ulinski traz detalhes de como seriam os bastidores de um esquema que previa a libera��o de financiamentos irregulares na Caixa em troca de propinas, o alvo central da Opera��o Cui Bono?, deflagrada na sexta-feira, 13.

Segundo o Minist�rio P�blico e a Pol�cia Federal, o ex-presidente da C�mara dos Deputados Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima - ex-ministro do atual governo de Michel Temer -, al�m de Funaro, operaram um esquema de fraudes na libera��o de cr�ditos da Caixa, que teria ocorrido pelo menos entre os anos de 2011 e 2013. Neste per�odo Geddel era vice-presidente de Pessoa Jur�dica do banco estatal, �rea que libera financiamentos para empresas.

Ulinski afirmou que recebeu uma proposta para ter cr�dito na Caixa e foi ao escrit�rio de Funaro. Disse que chegou a assinar um documento manifestando interesse em contratar Funaro para intermediar o cr�dito e teria feito cadastro na Caixa. As condi��es apresentadas, disse, eram tentadoras: "Pre�o bom, prazo bom, dez anos, 12 anos", lembrou. "Conseguiria o empr�stimo com custos baix�ssimos. Eu n�o me recordo a que juros."

As tratativas, por�m, n�o teriam avan�ado. "Naquele momento, eu at� aceitaria, por�m, tendo mais informa��es, desisti. Com mais conversa, eu vi que eu ia ter problemas no futuro."

O risco, na vers�o de Ulinski, estava em dois detalhes: "A Caixa queria garantia. Eu tinha garantia para dar. Agora, desculpe, mas 10% de comiss�o � extors�o. N�o � verdade? E pior que isso. A proposta do L�cio Funaro era o seguinte: te arrumo R$ 100 milh�es com 10% para pagar e 30% para nunca mais precisar pagar. Como pode? Dar uma garantia e n�o pagar? Ca� fora".

Ulinski afirmou n�o saber como se davam as tratativas internamente na Caixa: "Eu n�o estou acusando a Caixa Econ�mica. Eu nunca falei com ningu�m da Caixa."

De acordo com o relat�rio do Minist�rio P�blico Federal que embasou a opera��o Cui Bono?, � preciso ainda apurar melhor os fatos em rela��o � libera��o de cr�ditos � empresa Big Frango. O documento afirma que "Geddel teria se referido � localidade da ag�ncia banc�ria da Big Frango sem fornecer muitos detalhes na mensagem".

Nas entrevistas, Ulinski disse que conheceu Funaro por interm�dio de terceiros. Alexandre Genta, na �poca seu genro e tamb�m advogado da Big Frango, havia feito faculdade em Londrina com Alexandre Margotto, que trabalhava com Funaro. Para Ulinski, Margotto afirmava que o chefe tinha acesso � Caixa. "O funcion�rio dele disse que ele (Funaro) consegue muita coisa na Caixa, � muito bem relacionado l�, ele manda l� dentro. Se � mesmo, n�o sei."

Segundo Ulinski, os operadores de Funaro falavam que ele fazia esse tipo de empr�stimo para outras empresas. "Dizem que ele tinha muito acesso (na Caixa) e conseguia muita coisa politicamente."

Mensagens entre Geddel Cunha e Funaro sustentam essa vers�o de que havia um esquema de fraudes nos empr�stimos da Caixa para empresas. Boa parte das citadas na Opera��o Cui Bono? tinham neg�cios direto com Funaro.

� caso da pr�pria Big Frango. Em nome de Ulinski, Funaro apresentou a empresa para potenciais compradores e ela foi adquirida pela JBS, maior empresa do mundo no setor de carnes, que � controlada pela J&F. Funaro conhece os donos da JBS, a fam�lia Batista. Chegou a negociar um im�vel de luxo com Joesley Batista. Mensagens trocadas entre Geddel, Cunha e Funaro mostram que eles favoreceram a libera��o de recursos da Caixa para a J&F.

O mesmo teria ocorrido em rela��o ao grupo Bertin, que atua em v�rios setores. Cunha pede a Geddel: "Precisa ver no assunto da Bertin a carta de conforto1 com os termos que necessita". Funaro � amigo e foi consultor dos Bertin.

Outra empresa citada pelo Minist�rio P�blico foi a Marfrig, tamb�m do setor de carnes. Em conversa por SMS sobre a Marfrig, Geddel disse a Cunha: "voto sai hj’. No outro dia, o ex-ministro envia informa��es sobre a aprova��es do cr�dito. Os investigadores apuraram que, ap�s essa conversa, Marfrig depositou R$ 469,5 mil para uma empresa de Funaro, a Vizcaya.

Contexto

Ulinski concedeu duas entrevistas ao Estado sobre a oferta de empr�stimo na Caixa. Na primeira, em 2014, havia se indisposto com Funaro sobre a comiss�o da venda do Big Frango. Na segunda, em setembro de 2016, Funaro j� havia sido preso. Ulinski confirmou todos detalhes do esquema, mas fez acusa��es mais fortes ao ex-genro, Genta.

A reportagem tentou contato com Genta, que n�o respondeu �s liga��es. Tamb�m tentou falar com Margotto, por interm�dio de amigos e familiares, sem obter resposta. O advogado de Funaro, Fernando Guimar�es, disse que n�o tinha como responder �s quest�es, pois s� vai falar com seu cliente nesta semana. A defesa de Geddel afirmou na sexta-feira que as investiga��es fazem "ila��es e meras suposi��es n�o comprovadas". A defesa de Cunha recha�ou as suspeitas.

A J&F declarou que "nunca procurou os pol�ticos para pedir facilidade ou intermedia��o em quaisquer de suas opera��es financeiras". A JBS, por sua vez, declarou que "todas as suas atividades s�o realizadas dentro da legalidade." A Marfrig, em nota, afirmou que suas opera��es com a Caixa n�o tiveram "qualquer tipo de privil�gio". Bertin n�o respondeu at� a conclus�o desta edi��o. A Caixa informou que colabora com as investiga��es.


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