Camargo Corr�a ter� de fazer 'recall' de dela��o � Lava-Jato

O recall da dela��o de executivos da empreiteira Camargo Corr�a deve levar a Lava-Jato a fazer uma devassa em contratos de obras municipais e estaduais em S�o Paulo. A necessidade de a construtora refazer seu acordo � um efeito colateral da dela��o de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht, que mencionaram casos de corrup��o em contratos de outras empresas e n�o foram citados anteriormente.

No caso da Camargo, fontes ligadas � negocia��o do recall consideram que a Lava-Jato pretende resgatar suspeitas de corrup��o apuradas pela Opera��o Castelo de Areia, de 2009, que havia identificado ind�cios de irregularidades em pelos menos 12 obras paulistas. A opera��o foi invalidada pela Justi�a.

Relat�rios da Castelo de Areia j� apontavam ind�cios de pagamentos indevidos no Rodoanel, no t�nel da Avenida Jornalista Roberto Marinho e na expans�o do metr�. Havia suspeitas tamb�m em contratos com a Sociedade de Abastecimento de �gua e Saneamento (Sanasa), de Campinas, e com a prefeitura de Jundia�. Foram levantados ind�cios ainda em obras dos metr�s de Fortaleza, Salvador e Rio.

Visto com receio por advogados, o recall � de interesse tanto de investigadores como de empreiteiras. Para os procuradores, as informa��es v�o complementar a dela��o da Odebrecht de modo a alcan�ar todas as esferas de governo e pol�ticos ligados aos principais partidos. As empresas apostam no aditamento para evitar que os acordos j� assinados sejam invalidados pela Justi�a, uma vez que n�o contemplaram a totalidade dos atos il�citos praticados.

Para obter novas revela��es, o acordo deve incluir mais delatores, o que tem levado as empresas a temer a eleva��o das multas j� negociadas e das penas.

A d�vida entre investigadores e advogados � saber como a Justi�a vai tratar as informa��es complementares. A reportagem apurou tr�s possibilidades: os novos fatos podem ser inclu�dos em aditamentos dos acordos atrelados a condi��es mais "gravosas" de pena para delatores; executivo e empresa podem ser processados por fatos n�o apontados anteriormente; e h� o risco at� de rescis�o dos acordos, caso fique provado que as informa��es foram ocultadas intencionalmente.

Abrang�ncia

A expectativa de procuradores e policiais federais � de que o recall abranja obras delatadas pela Odebrecht e tamb�m obrigue a Camargo a revelar mais irregularidades n�o esclarecidas pela Castelo de Areia. Al�m da Camargo, Andrade Gutierrez e UTC tamb�m devem apresentar novos casos nos quais pagaram propina em troca de contratos.

A volta da apura��o dos casos revelados pela Castelo de Areia deve piorar ainda mais a situa��o de partidos j� denunciados, como PT e PMDB. Na investiga��o de 2009, os dois partidos, ao lado do PSDB, eram os que mais apareciam nas planilhas apreendidas pela Pol�cia Federal.