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Estado de Minas

Engenheiro diz que pediu ajuda a Lula para denunciar propinas na Petrobras

Geraldo Feitosa n�o d� detalhes de como teria sido a conversa, mas diz que o petista lhe prometeu ajuda


postado em 14/02/2017 07:55 / atualizado em 14/02/2017 08:31

O engenheiro chegou a Lula via Frei Beto(foto: Jose Cruz/Agencia Brasil )
O engenheiro chegou a Lula via Frei Beto (foto: Jose Cruz/Agencia Brasil )

O engenheiro Geraldo Aur�lio Feitosa, dono da empresa Cogefe Engenharia, relatou � Justi�a Federal que sua companhia teria sido v�tima do esquema de corrup��o na Petrobras e que chegou a buscar ajuda do ex-presidente Luiz In�cio Lula da SIlva, via Frei Betto, para tentar resolver o calote que tomou da estatal petrol�fera por n�o ter pago propina - segundo ele, a "mala preta" que foi exigida para as obras do Centro de Pesquisas da Petrobras, no Rio de Janeiro.

O depoimento foi tomado no dia 9 de dezembro de 2016 e encaminhado em v�deo pela Procuradoria da Rep�blica em Minas para o juiz S�rgio Moro no dia 1.º de fevereiro.

Em seu depoimento, Feitosa n�o d� detalhes de como teria sido o di�logo com o ex-presidente, diz apenas que o petista lhe prometeu ajuda e que o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, teria indicado um diretor jur�dico na estatal para ele conversar, tudo sem sucesso. "Pediam (ex-dirigentes da Petrobras) inclusive para ir no Lula, como eu fui, atrav�s de um amigo aqui de BH (Belo Horizonte), o Frei Betto, me levou l� estive pessoalmente e (disseram) 'n�o, vamos resolver, vamos resolver'. Aquele Paulo Okamotto disse que ia resolver, indicaram um diretor jur�dico l�, e ficou do mesmo tempo", disse.

Feitosa faz uma ressalva ao falar de Frei Betto, ou Carlos Alberto Lib�nio Christo, da Ordem Dominicana, amigo e assessor especial de Lula entre 2003 e 2004. "Mal sabia ele (Betto), porque o Frei Betto tamb�m era um inocente, era um frei", afirmou.

O engenheiro era r�u at� o fim do ano passado em uma a��o penal na Justi�a Federal em Minas acusado de sonegar R$ 2,2 milh�es por meio de empresas de fachada com as quais sua companhia teria mantido contrato, segundo a Procuradoria da Rep�blica em Minas. Segundo ele, por causa desse calote da Petrobras sua companhia teve um preju�zo cont�bil de R$ 65 milh�es.

O epis�dio que deu preju�zo para a Cogefe, segundo Feitosa, envolveu a obra do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes), no Rio. "Trabalhamos por 24 anos para a Petrobras, em todos os Estados do Brasil, S�o Paulo, Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, nunca tivemos o menor problema. Mas na obra do Centro de Pesquisas, na Ilha do Governador, o Cenpes, que era uma obra de porte, come�ou tudo", disse. "N�o pagaram as medi��es, n�o liberaram, n�o pagaram projeto", seguiu Feitosa em seu relato.

O engenheiro contou que neste per�odo era recebido mensalmente pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e o ex-diretor de Servi�os Renato Duque que lhe prometiam resolver o assunto "em breve". Mais de um ano depois das conversas, sua companhia ainda n�o tinha recebido os recursos e os ex-dirigentes da estatal, atualmente condenados na Lava Jato, lhe sugeriram que a Cogefe fizesse um contrato de cess�o da obra para a Andrade Gutierrez, empreiteira que participava do cartel que fraudava licita��es na estatal.

Feitosa relatou que aceitou fazer o contrato, que acabou sendo assinado, e passou a responsabilidade pelas obras para a Andrade Gutierrez. Na ocasi�o, segundo relatou, ele pediu que fosse feito um acordo para que sua empresa recebesse o pagamento que faltava, o que nunca ocorreu. "Trocaram de interlocutor (a Andrade Gutierrez) oito vezes e nos deram uma banana, todas as canetas ca�ram, inclusive da Petrobras", afirmou.

"Todo mundo dizendo que ia receber, demorou oito anos isso e n�o aconteceu nada, por isso a empresa paralisou, com preju�zo cont�bil de R$ 65 milh�es por n�o recebimento de medi��o. A condi��o da Andrade Gutierrez era uma, o vulgo termo ai, a mala preta", seguiu Feitosa em seu relato.

"Eu falei, eu n�o entendo isso e as vezes a gente nem entende como Deus age por linhas tortas, porque se tiv�ssemos entrado nesse esquema poder�amos estar l� em Curitiba, como in�meros, todos esses que est�o l� eu via, via tr�nsito na Petrobras porque eu ia todos os meses e por incr�vel que pare�a era recebido todos os meses e nada se resolvia", disse.

As obras do Cenpes envolvendo a Andrade j� foram alvo de den�ncia na Lava Jato em Curitiba. A Procuradoria da Rep�blica no Paran� denunciou em julho de 2015 treze pessoas, incluindo executivos da empreiteira, por 167 atos de corrup��o, no total de R$ 243 milh�es, e 62 atos de lavagem de dinheiro, envolvendo um montante de R$ 6,79 milh�es e US$ 1 milh�o.

A den�ncia aponta irregularidades envolvendo contratos da Andrade em oito unidades da Petrobras, incluindo o Cenpes.

Absolvido

Geraldo Feitosa e Paulo Rog�rio Feitosa foram denunciados pela Procuradoria da Rep�blica em Minas acusados de fraudar documentos para que sua empresa, a Cogefe Engenharia, pagasse menos impostos. Foi nesta a��o penal, que, durante seu interrogat�rio, Geraldo Feitosa disse que um fiscal teria tentado suborn�-lo e comparou o epis�dio ao que teria ocorrido com sua empresa na Petrobr�s.

Em 7 de novembro do ano passado o juiz Murilo Fernandes de Almeida entendeu n�o haver elementos suficientes para condenar os dois e acabou absolvendo os s�cios da Cogefe. O Minist�rio P�blico Federal, contudo, recorreu da decis�o e tamb�m pediu para encaminhar o depoimento de Feitosa que cita o esquema na Petrobras ao juiz da Lava Jato, em Curitiba.

A reportagem enviou e-mail para Frei Betto pedindo esclarecimentos sobre o caso na noite desta segunda-feira, 13, mas n�o obteve retorno at� o fechamento desta mat�ria. O espa�o est� aberto para a manifesta��o de Frei Betto.

Defesa

O criminalista Jos� Roberto Batochio, que coordena a defesa do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, afirmou que o depoimento se trata da fala de um r�u que lan�a acusa��es sobre outras pessoas para tentar se safar da Justi�a - e que por isso deve ser visto com cautela.


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