
O presidente Michel Temer (PMDB) precisar� fazer algum gesto para Minas Gerais se quiser evitar problemas com a bancada do estado na C�mara dos Deputados. Quem afirma � o coordenador do grupo e vice-presidente da Casa, deputado F�bio Ramalho, que marcou para depois do carnaval, em 7 de mar�o, uma reuni�o com os 53 parlamentares mineiros para avaliar o que ser� feito caso se confirme o rompimento com o governo do peemedebista.
Depois da nomea��o do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para o Minist�rio da Justi�a, azedou a rela��o do presidente Michel Temer com o rec�m-eleito vice-presidente da C�mara, que prometeu dificultar a vida do peemedebista. O PMDB mineiro havia indicado para a pasta o deputado federal por Minas Rodrigo Pacheco, mas ele acabou tendo o nome queimado depois de ter posicionamentos antigos contra o poder de investiga��o do Minist�rio P�blico divulgados pela imprensa. Outro mineiro cotado para a pasta, o atual vice-procurador geral da Rep�blica, Jos� Bonif�cio Andrada, tamb�m foi preterido por Temer.
Ramalho comentou a poss�vel indica��o do senador Antonio Anastasia (PSDB) para o Minist�rio das Rela��es Exteriores. O nome do tucano, que tamb�m chegou a ser cotado para a Justi�a, � apontado como uma forma de manter a pasta com o PSDB e, ao mesmo tempo, acalmar os �nimos da bancada mineira. “Seria excelente, e resolveria a quest�o, porque o Anastasia � muito querido por toda a bancada. Se acontecer (a nomea��o) acredito que Minas estar� bem atendida”, afirma F�bio Ramalho.
Segundo o coordenador da bancada mineira, a inten��o n�o � prejudicar o governo Temer. “O que a gente est� lutando � para Minas ter espa�o no cen�rio nacional, queremos um tratamento do tamanho do nosso estado, pela popula��o, pela bancada que tem e por seu Produto Interno Bruto (PIB). Se o presidente tiver uma agenda para Minas a gente conversa com ele”, afirma.
Ramalho apontou diverg�ncias da bancada, por exemplo, em rela��o � reforma da Previd�ncia. “Tem alguns pontos que discordamos, principalmente a paridade entre homem e mulher tem uma parte que n�o concordo. Tem as mudan�as nos direitos dos portadores de defici�ncia e tamb�m somos contra aposentar as pessoas mais pobres com 70 anos. Elas n�o t�m expectativa de vida at� 70 anos. Queremos uma reforma mais justa e esses pontos precisam ser revistos”, afirmou.
Prioridades O deputado mineiro lembrou ainda a lista de prioridades do estado entregue no in�cio deste m�s a Michel Temer, pedindo verbas para o metr� de Belo Horizonte, o Rodoanel, o Ferroanel, a BR-381 e a renegocia��o da d�vida mineira com a Uni�o. H� ainda a quest�o dos royalties da minera��o. “O presidente precisa solucionar a agenda de Minas Gerais”, disse.
Ao apresentar as demandas, Ramalho disse que Temer ficou de encaminhar os pedidos para as inst�ncias adequadas e, a partir disso, ver o que seria atendido. O coordenador da bancada disse que a proposta do Ferroanel seria a mais vi�vel por se tratar de parceria p�blico-privada. “O governo n�o vai precisar fazer um investimento alto, al�m disso j� existe um projeto”, disse. A proposta � aproveitar linhas do trem de carga para o transporte de passageiros. A linha sairia de Betim, passando por Contagem e Ibirit�, e terminaria em �guas Claras, no Belvedere, em BH, e o valor or�ado � �poca para a obra foi de R$ 1,8 bilh�o.
O prazo de cerca de 30 dias para que Temer se posicione sobre os pedidos vence no meio de mar�o. Ao apresentar os pedidos, Ramalho afirmou que seria uma “oportunidade” para o presidente vir ao estado para anunciar os recursos e, com isso, melhorar seu capital pol�tico com os mineiros. “Estamos certos de que ele (Temer) vai querer conversar”, afirmou o parlamentar.
Sem espa�o no primeiro escal�o
O presidente Michel Temer � o �nico dos recentes ocupantes do Pal�cio do Planalto a n�o dar aos mineiros um minist�rio. Apesar de 41 dos 53 deputados – segunda maior bancada, atr�s apenas de S�o Paulo – terem votado pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o que al�ou Temer ao cargo de presidente, nenhum nome de Minas foi nomeado para o primeiro escal�o. O �nico que chegou a ser cotado foi o do deputado federal Newton Cardoso Jr., mas, por desagradar �s For�as Armadas, ele deixou de ganhar a pasta da Defesa.
Dilma chegou a ter seis ministros mineiros. Embora seja cota pessoal, o governador Fernando Pimentel foi ministro do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio, assim como Mauro Borges. Tamb�m foram contemplados Patrus Ananias (PT), no Desenvolvimento Agr�rio, o bispo George Hilton (PRB), no Esporte, Cl�lio Campolina na Ci�ncia e Tecnologia, e o peemedebista Mauro Lopes, pouco antes da queda da presidente, na Avia��o. Mesmo assim, ele acabou votando pelo impeachment da petista.
No governo Lula, o n�mero de mineiros foi maior. O petista chegou a trabalhar com oito ministros. Patrus foi ministro do Desenvolvimento Social e Combate � Fome, respons�vel pelo carro-chefe do primeiro governo Lula, o programa Fome Zero. Lula teve Jos� Alencar como vice-presidente e ministro da Defesa, Saraiva Felipe (PMDB) na Sa�de, H�lio Costa (PMDB) nas Comunica��es, e Luiz Dulci (PT) na Secretaria-geral da Presid�ncia. Outro forte aliado a ocupar a Esplanada foi Walfrido dos Mares Guia, no Turismo.
O governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tamb�m contou com a participa��o de v�rios nomes do estado, como Pimenta da Veiga (PSDB) e Roberto Brant comandando, respectivamente, as Comunica��es e a Previd�ncia. Foram seis mineiros no total.
