
Tr�s anos depois de ser preso pela Opera��o Lava Jato, Alberto Youssef conseguiu nesta sexta-feira (17) o direito de voltar para as ruas. O doleiro, acusado de ser o principal operador de propinas no bilion�rio esquema de corrup��o na Petrobras, conseguiu a progress�o de regime de cumprimento de pena e pode agora deixar seu apartamento, em S�o Paulo, onde cumpria pris�o domiciliar. O benef�cio decorre do acordo de colabora��o premiada que fechou com a for�a-tarefa do Minist�rio P�blico Federal.
O doleiro, no entanto, ter� que permanecer com tornozeleira eletr�nica e algumas restri��es: recolhimento domiciliar noturno, entre as 20:00 e as 06:00 do dia seguinte; recolhimento domiciliar integral nos feriados e finais de semana; vigil�ncia eletr�nica por tornozeleira nos per�odos de recolhimento domiciliar; proibi��o de mudar-se de endere�o ou de viagem ao exterior sem autoriza��o do Ju�zo; proibi��o de viagens para fora da cidade de seu domic�lio sem autoriza��o do Ju�zo; apresenta��o de relat�rios semestrais por escrito a fim de esclarecer suas atividades.
A ordem � do juiz federal S�rgio Moro, dos processos da Lava Jato, em Curitiba. O criminalista Antonio Figueiredo Basto, defensor de Youssef, vai recorrer da decis�o de manuten��o da tornozeleira eletr�nica. Ele deve apresentar uma reclama��o no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Alberto Youssef foi condenado por diversos crimes de corrup��o e lavagem de dinheiro. Deveria permanecer preso por v�rios anos considerando sua elevada culpabilidade. Entretanto, for�oso reconhecer que colaborou significativamente com a elucida��o de v�rios casos criminais no �mbito da assim chamada Opera��o Lavajato e igualmente para outras investiga��es criminais", escreveu Moro, em decis�o , desta sexta, 17.
"Al�m de confessar a sua culpa, renunciou seus direitos sobre patrim�nio consider�vel conforme descri��o contida nas cl�usulas 7ª e 8ª do acordo, o que permitiu a recupera��o de parte do produto do crime que lhe foi direcionado, espera-se que tudo, com a indeniza��o da v�tima. Assim, natural que, apesar de sua culpabilidade, receba benef�cios", escreveu Moro.
Soltura
Youssef deixou a cela de 12 metros quadrados, em que passou 2 anos e 8 meses de sua vida, em 17 de novembro de 2016. Dono da mais complexa e sofisticada lavanderia de dinheiro, a servi�o de empreiteiras, partidos, agentes p�blicos e pol�ticos envolvidos no esquema Petrobras, Youssef cumpriu mais 4 meses de pris�o domiciliar.
O direito � liberdade foi o pr�mio obtido pelo doleiro, em troca da confiss�o de culpa nos crimes contra a Petrobras e da entrega de provas de novos delitos, ainda desconhecidos da for�a-tarefa da Lava Jato. Pelo acordo, fechado em setembro de 2014, sua pena m�xima de pris�o ficou limitada a 3 anos.
Junto com o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, Youssef foi o primeiro delator da Lava Jato. Os dois confessaram � Justi�a serem bra�os do PP no esquema de arrecada��o de propinas na Petrobr�s.
A partir das confiss�es de Youssef e Paulo Roberto Costa - que tamb�m deixou a cadeia, no �ltimo m�s -, a Lava Jato tomou nova propor��o. S�o mais de 80 condenados, penas que somadas ultrapassam 1 mil anos de pris�o, mais de R$ 6,4 bilh�es em propinas e a descoberta que corrup��o era a "regra do jogo" em todos os contratos do governo.
Bra�o direito do deputado federal Jos� Janene (morto em 2010) - o ex-l�der do PP que deu origem � Opera��o Lava Jato -, Youssef foi alvo principal da primeira fase das investiga��es, deflagrada em 17 de mar�o de 2014, e preso na data.
Sa�de
Aos 49 anos, com problemas do cora��o - chegou a ser internado duas vezes durante o per�odo de c�rcere -, Youssef mora atualmente em S�o Paulo, em um novo apartamento, de pouco mais de 50 metros quadrados. O pr�dio, no entanto, fica num dos metros quadrados mais caros da cidade, o bairro Vila Nova Concei��o. Boa parte de sua fortuna levantada com a vida de crimes, como im�veis, carros e outros bens, foi perdida com a Lava-Jato.