S�o Paulo, 24 - O ex-presidente da construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht, afirmou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que "inventou" a campanha de reelei��o da presidente cassada Dilma Rousseff, em 2014. As declara��es constam do depoimento prestado pelo empreiteiro no dia 1.� deste m�s, na a��o que pede a cassa��o da chapa de Dilma e de seu vice � �poca, o presidente Michel Temer, por suposto abuso de poder pol�tico e econ�mico.
O conte�do do depoimento foi relevado ontem pelo site O Antagonista e confirmado pelo jornal
O Estado de S. Paulo
. O juiz auxiliar da Corregedoria-Geral da Justi�a Eleitoral Bruno C�sar Lorencini mandou instaurar procedimento interno para investigar o vazamento de depoimentos. O magistrado atendeu a pedido da presidente cassada, que chamou as acusa��es de "levianas".
"A campanha presidencial de 2014, ela foi inventada primeiro por mim, t�?", disse Marcelo ao ser questionado sobre sua rela��o com a reelei��o de Dilma. "Os valores (de doa��es) foram definidos por mim", afirmou o empres�rio, preso em Curitiba desde junho de 2015, em raz�o de investiga��es da Opera��o Lava Jato, que apura esquema de corrup��o na Petrobras.
No depoimento, Marcelo disse que "n�o tem a menor d�vida" de que Dilma tinha conhecimento do pagamento de despesas de campanha com recursos de caixa 2, conforme o Estado antecipou na edi��o do dia 2.
De acordo com o delator, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi o respons�vel por solicitar os repasses da construtora. Em maio de 2014, o empres�rio se encontrou com o "P�s-Italiano", como Mantega era identificado nas planilhas do Setor de Opera��es Estruturadas, o departamento da propina da empresa. Na ocasi�o, foi informado de que os repasses priorit�rios deveriam ser para a campanha presidencial.
"Marcelo, a orienta��o dela (Dilma) agora � que todos os recursos de voc�s v�o para a campanha dela. Voc� n�o vai mais doar para o PT, voc� s� vai doar para a campanha dela, basicamente as necessidades da campanha dela: Jo�o Santana, Edinho Silva ou esses partidos da coliga��o", relatou o delator.
O empreiteiro afirmou que a presidente cassada nunca lhe pediu nada diretamente, mas tinha conhecimento dos pagamentos via caixa 2. "Dilma sabia da dimens�o da nossa doa��o e sabia que n�s �ramos quem do�(vamos)... Quem fazia grande parte dos pagamentos via caixa 2 para Jo�o Santana", disse. Santana foi o marqueteiro das campanhas de 2010 e 2014. Edinho foi o tesoureiro no �ltimo pleito.
O empreiteiro afirmou que parte dos d�bitos feitos a Santana se referia ainda �s d�vidas de campanha de 2010. A Lava Jato identificou pagamentos a Santana e sua mulher, M�nica Moura, por meio de contas n�o declaradas no exterior. Ambos tentam acordo de colabora��o como Minist�rio P�blico Federal (MPF).
Refis
Marcelo afirmou tamb�m que a movimenta��o na conta Italiano atendia a pedidos do ex-ministro Antonio Palocci at� 2011. A partir de ent�o, passou a discutir os valores com Mantega. Ao todo, a Odebrecht repassou R$ 150 milh�es, segundo o delator, para a campanha de 2014. Parte desse valor - R$ 50 milh�es - era uma contrapartida pela aprova��o da Medida Provis�ria 470 (Refis), em 2009, que facilitou a renegocia��o das d�vidas de empresas do grupo. O valor deveria ter sido pago em 2010.
Defesas
A assessoria de imprensa da presidente cassada afirmou, em nota, que ela "n�o tem e nunca teve qualquer rela��o pr�xima com o empres�rio Marcelo Odebrecht, mesmo nos tempos em que ela ocupou a Casa Civil" no governo Luiz In�cio Lula da Silva. O texto afirmou ainda que Dilma "sempre manteve uma rela��o distante do empres�rio, de quem tinha desconfian�a desde o epis�dio da licita��o da Usina de Santo Ant�nio".
Na nota, Dilma afirmou que Marcelo precisa incluir provas e documentos das acusa��es. "N�o basta acusar de maneira leviana". Ela criticou que, "mais uma vez, dela��es sejam vazadas seletivamente, de maneira torpe, suspeita e inusual". Procurada, a assessoria de imprensa do PT informou que n�o comentaria vazamento.
A Odebrecht, em nota, informou que "n�o se manifesta sobre o teor de eventuais depoimentos de pessoas f�sicas". A empresa disse que "reafirma seu compromisso de colaborar com a Justi�a". A defesa de Mantega e Palocci n�o foi localizada.
Relat�rio
Na quarta-feira, 22, Benjamin, respons�vel pelo caso, entregou relat�rio parcial do processo aos integrantes do TSE. A a��o foi proposta pelo PSDB logo ap�s o segundo turno das elei��es. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.